Discurso na Sessão transmitida mundialmente, em directo, pela Internet
Exmas. Autoridades, Senhoras e senhores
Antes de mais, permiti-me que, em nome do Presidente de RI Ray Klingensmith, que aqui represento a seu rogo com vivo orgulho, no dia em que a nossa organização festeja os 106 anos e evocamos Paul Harris, o seu obreiro, mais de um século de milagres pela Paz e Cooperação Mundial, vos saúde com o maior afecto. E que ao mesmo tempo dê uma entusiástica saudação a esta manifestação tão importante das Bolsas Europeias e de Nova Iorque, mas muito em especial ao Grupo NYSE Euronext Lisbon, e particularmente à Bolsa de Lisboa, na pessoa do seu presidente Dr. Luís Laginha de Sousa. Bem haja.
Esta manifestação efusiva e de franco apreço faço-a também em nome do Governador Armindo Carolino, que, impossibilitado pela agenda prévia de aqui concelebrar connosco este simbolismo do fim próximo de Erradicação da Poliomielite, me pediu que o representasse junto de vós.
A causa da Polio é decisiva para o mundo contemporâneo.
No combate aos vírus Pólio como na iniciativa «
Paz no Mediterrâneo», lançada em Março passado no Conselho da Europa, RI e os seus parceiros têm estado um passo à frente dos tempos.
A maioria dos portugueses vivos não teve contacto directo com a Poliomielite ou Paralisia Infantil, como a doença é também conhecida. Quando os notáveis rotários recentemente falecidos, o presidente de RI Carlos Canseco e o ex vice-presidente Bill Sergent, lançaram ao mundo este enorme desafio, o de, pela segunda vez na história, se acabar com uma doença no mundo, doença francamente mortal ou mutilante, então com 300000 casos/ano, particularmente para as crianças de menos de cinco anos de idade, Portugal era dos poucos países já livres da doença.
Esse milagre deveu-se aqui à organização sanitária introduzida pelo professor Arnaldo Sampaio, particularmente com a criação dos Centros de Saúde e a generalização da vacina oral antipólio.
Honra se faça, hoje e sempre, às suas memórias, ao empenho esclarecido de homens determinados como
Carlos Canseco, Bill Seargent e Arnaldo Sampaio.
Esta campanha mundial agora à beira do fim,
a maior iniciativa planetária privada de saúde pública – os rotários deram um turbilhão de horas de trabalho voluntário e dinheiro para ajudar mais de 2 biliões de crianças em 122 países -, o maior objectivo filantrópico de Rotary International no âmbito da Iniciativa Global da Polio (em conjunto com as organizações mundiais nossas parceiras OMS, UNICEF e CDC, dos Estados Unidos), é particularmente onerosa. As vacinas (a que felizmente o Grupo SANOFI Pasteur, entidade produtora, doou já a esta Iniciativa mais de 120 milhões de doses), a formação de recursos humanos, a criação de 122 laboratórios, a divulgação junto das populações, as campanhas de vacinação que já superaram os 100 milhões de crianças imunizadas num único dia, a operacionalidade científica e técnica, a organização de serviços de saúde mínimos mundo fora, constituem uma epopeia dos tempos modernos. Atravessaram-se todas as barreiras possíveis, muitos foram os voluntários que tombaram perante as balas cruzadas e
nenhum conflito foi um impedimento decisivo.
Se os rotários juntaram até hoje mais de um bilião de dólares para combater a doença, fruto de iniciativas individuais e nos eventos que empreenderam, a verdade é que este esforço já consumiu dez vezes mais em recursos financeiros, dádivas de governos, nomeadamente os de Portugal desde 1988 até hoje, e de organizações, como a União Europeia, Fundação Bill e Melinda Gates, empresa Sanofi Pasteur, Banco Mundial e Fundação das Nações Unidas, entre muitas outras.
Evoquemos hoje aqui a figura do saudoso Past Director de RI
Marcelino Chaves, de Portugal, que na Convenção de RI em Filadélfia, 1984, foi apresentado como um dos 11 magníficos na angariação mundial de fundos Pólio, fruto do gesto solidário de muitos cidadãos e organizações, no que o presidente de RI Charles Keller chamou «a hora mais preciosa de Rotary».
Estima-se hoje que a Iniciativa Global da Polio salvou mais de 8 milhões de crianças, contribuindo para uma poupança de 40 a 50 biliões de dólares na economia mundial, 85% da qual nos países de menor rendimento.
Se não continuássemos como estamos firmemente dispostos a pôr fim a este flagelo pela prevenção, dizem os peritos que o mundo poderia ter nos próximos anos cerca de 10 milhões de novos casos de doença, obviamente incuráveis, e a custos de controlo proibitivos.
Portanto,
por fatigante que possa parecer, o fazermos reiterados apelos a este mesmo propósito, façamo-lo estoicamente, e juntemos-lhe mais e mais parcerias. Prossigamos a divulgá-lo com o brilho e o simbolismo desta tarde pelo mundo fora. Multipliquemos a influência pública do notável empenho das Bolsas Mundiais, qual filosofia do exemplo, para que muitos mais cidadãos se nos juntem nesta saga. Façamo-lo até que nem uma só criança, em qualquer curva do mundo, possa ser contaminada pelos vírus da Pólio.
No final, teremos seguramente
parcerias operacionais para a paz ampliadas e ao mais alto nível, teremos um Rotary decisivo no planeta, e, com toda a certeza, teremos também um mundo mais desperto para o bem do Outro.
Muito obrigado, Bem hajam.
PGD
Henrique Pinto
RI Advocacy Advisor for Polio Eradication
Em representação oficial do Presidente de Rotary International Ray Klingensmith
Bolsa de Lisboa, 23 de Fevereiro de 2011
FOTOS:
Teatro Experimental de Cascais na Figueira da Foz, celebrando o 106º aniversário de Rotary numa organização pró Pólio do
RC Figueira da Foz; Celebração deste Aniversário e Ode à Polio na
Bolsa de Bruxelas; idêntica celebração na
Bolsa de Lisboa (
Henrique Pinto a representar o Presidente de RI
Ray Klingensmith;
Miguel Nascimento Costa, presidente do RC Figueira da Foz, e esposa; Polio, todo o esforço derradeiro deve ser feito;
Örsçelik Balkan, obreiro do
Programa Paz no Mediterrâneo, com
Majiagbe e
Henrique Pinto (aqui na Convenção de Montreal, Canadá);
Ray Klingensmith em Montreal 2010