Há uns meses o Dr. Leal da Costa, secretário de Estado adjunto e da saúde, homem de inegável excelente currículo médico e académico, disse publicamente que Portugal tinha reservas de sangue para alguns anos. Tendo ele saído directamente de líder do Instituto do sangue saberia do que falava.
De repente Portugal não tem sangue. E vá de se fazerem apelos à generosidade dos portugueses. Tudo bem, sabe-se que o país não tem condições de armazenamento de todas as fracções do sangue, nem mesmo para o seu transporte, e que, apesar dessa imensa generosidade dos portugueses, tem ainda de importar a bom preço a quantidade correspondente àquela que, por via dessas falhas estruturais, é deitada para o lixo.
Pois bem, na saga das taxas moderadoras (que agora são receita!) deixou-se cair a isenção das mesmas nos hospitais aos dadores benévolos de sangue. E mais, estes passaram também a ter de pagar as análises para serem dadores.
Como é sabido as reservas de sangue caíram por aí abaixo nas últimas semanas até níveis comprometedores. Os dadores retraíram-se, pois claro. Ninguém, a não ser por masoquismo, gosta de ser enxovalhado!
Não bastava já a insensatez do senhor secretário de Estado, meu distinto colega de profissão, eis que o Professor MRS vem dizer que o problema é uma falsa questão, o sangue não é um bem vendável (Hum, mas é comprável!), assim «acusando» os dadores benévolos em geral de «chantagem» se estivessem a vender o seu próprio sangue. Duplamente deplorável, eis como entendo a situação.
Henrique Pinto
Março 2012
FOTOS: Leal da Costa; Marcelo Rebelo de Sousa
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