A França foi
dos primeiros países europeus onde, no último terço do século passado, se começaram
a notar os sinais bem estilizados do envelhecimento populacional, expressos na
pirâmide etária. Tais indícios, muito preocupantes, davam conta, mesmo assim,
duma caminhada no sentido do bem estar. Havia já menos nascimentos, é certo,
mas o país desfrutava de melhor qualidade de vida. Este quadro rapidamente tomou conta
dos países nórdicos.
Nos últimos
dias assistimos ao reverso desta situação. A França tem hoje uma das populações
mais jovens da Europa. Se as políticas de natalidade resultaram ou não é cedo e
complexo por ora para o dizer. Se a qualidade de vida piorou ou não também não
é nenhum segredo. Piorou sim senhor mas não a ponto de justificar a inversão. Não
houve maior mortalidade sénior proporcional. Se a vaga imigratória dos últimos
vinte anos, conservadora nos seus princípios quando não religiosamente fanática,
deixa antever um estilo de vida mais dado às famílias grandes, talvez também
não explique tudo.
Todavia, não
deixa de ser claro, o rejuvenescimento ou envelhecimento das populações, para
além de fenómeno social relevante, é também questão eminentemente de política.
A diretora
do FMI, Christine Lagarde não ignora, seguramente, esta área do conhecimento. A
sua responsabilidade política a este respeito é enormíssima. O meu colega que
tem este pelouro no FMI, companheiro do então Liceu Nacional de Oeiras, é por
demais sabedor em tal matéria. Mas daí à forma como ela se expressa, vai uma
grande distância. Imagine-se o que terá dito recentemente, segundo o meu
companheiro de Escola Salesiana do Estoril, Jaime Antunes, «os idosos vivem
demasiado e isso é um risco para a economia global! Há que tomar medidas
urgentes!». Se a não soubéssemos uma mulher moderna, mesmo se conservadora na
política, até poderíamos crer, pelas palavras que lhe são atribuídas, estar a
defender a solução final. Puxa…
Julho 2014
Henrique Pinto