A boa alimentação está na ordem do dia. Tanto numa perspetiva de
aumentar a esperança de vida – a inter-relação da obesidade com a hipertensão,
doenças cardiovasculares e outras, a chamada síndroma metabólica -, como pelo
bem estar estético e psíquico (às vezes o mesmo elemento de ligação). Num
destes dias num jantar festivo um colega meu
hospitalar, de medicina interna,
dizia-me, «mas isso não tem qualquer interesse para o diagnóstico». «Talvez
assim seja, num olhar para o indivíduo que esquece o mundo», respondi. «Mas
como médico especialista de saúde pública e de nutrição clínica, interessam-me
tanto os indivíduos em si como o seu conjunto, uma sociedade a viver melhor». E
tanto mais
sabendo que nada é tão estruturante na vida como o amor e a
alimentação.
Também a autoestima não é uma caraterística absolutamente
individual. As pessoas podem sentir-se felizes por terem um corpo térreo
agradável e em festa. Como quanto ao sucedido neste fim de semana em Cascais
com o Air Race Championship. A autoestima individual pela detenção dum corpo
bonito também é um fenómeno estimulador da esperança de vida. Mas tal não pode
estar dependente da charlatanice nacional que nos torna escravos duma miríade
de supostos medicamentos «naturais», vendidos à escala
multinacional - como se
tal fosse o BI de coisa saudável, o que não é. Nem as dietas rápidas, com
grande perda de peso – pelo menos na publicidade dalgumas empresas de saúde/comerciais,
onde até se mente quanto a «primeiras consultas grátis» -, são minimamente aconselháveis.
Mais do que o peso (perder massa gorda e ganhar massa muscular pode emagrecer
mantendo o peso em valores próximos dos do início do tratamento), importa ver
se a roupa nos fica mais larga. É o melhor indicador. E, pormenor a não
negligenciar, o que depressa se perde mais depressa se ganha.
Por isso mesmo me surpreendem as dietas da ridente apresentadora
Cristina Ferreira. Se atentarmos no seu programa matinal de televisão com o meu
amigo Luís Goucha (desculpe-me lá meu caro!), como quase todos os programas de
entretenimento de massas das nossas TVs generalistas, lá veremos a charlatanice
das pílulas e chás para todos os males alimentares. É uma charlatanice como
espetáculo.
Uma aldrabice como a de alguns colegas meus, os tais dos coktails
de diuréticos, ansiolíticos e tutti quanti, a fazerem fortuna quais Tallons do
passado, à custa deste desejo hodierno e legítimo de viver melhor com melhor
aspeto.
Henrique Pinto
Julho 2014
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