domingo, 6 de julho de 2014

VIVER MELHOR COM MELHOR ASPETO

A boa alimentação está na ordem do dia. Tanto numa perspetiva de aumentar a esperança de vida – a inter-relação da obesidade com a hipertensão, doenças cardiovasculares e outras, a chamada síndroma metabólica -, como pelo bem estar estético e psíquico (às vezes o mesmo elemento de ligação). Num destes dias num jantar festivo um colega meu
hospitalar, de medicina interna, dizia-me, «mas isso não tem qualquer interesse para o diagnóstico». «Talvez assim seja, num olhar para o indivíduo que esquece o mundo», respondi. «Mas como médico especialista de saúde pública e de nutrição clínica, interessam-me tanto os indivíduos em si como o seu conjunto, uma sociedade a viver melhor». E tanto mais 
sabendo que nada é tão estruturante na vida como o amor e a alimentação.
Também a autoestima não é uma caraterística absolutamente individual. As pessoas podem sentir-se felizes por terem um corpo térreo agradável e em festa. Como quanto ao sucedido neste fim de semana em Cascais com o Air Race Championship. A autoestima individual pela detenção dum corpo bonito também é um fenómeno estimulador da esperança de vida. Mas tal não pode estar dependente da charlatanice nacional que nos torna escravos duma miríade de supostos medicamentos «naturais», vendidos à escala
multinacional - como se tal fosse o BI de coisa saudável, o que não é. Nem as dietas rápidas, com grande perda de peso – pelo menos na publicidade dalgumas empresas de saúde/comerciais, onde até se mente quanto a «primeiras consultas grátis» -, são minimamente aconselháveis. Mais do que o peso (perder massa gorda e ganhar massa muscular pode emagrecer mantendo o peso em valores próximos dos do início do tratamento), importa ver se a roupa nos fica mais larga. É o melhor indicador. E, pormenor a não negligenciar, o que depressa se perde mais depressa se ganha.
Por isso mesmo me surpreendem as dietas da ridente apresentadora Cristina Ferreira. Se atentarmos no seu programa matinal de televisão com o meu amigo Luís Goucha (desculpe-me lá meu caro!), como quase todos os programas de entretenimento de massas das nossas TVs generalistas, lá veremos a charlatanice das pílulas e chás para todos os males alimentares. É uma charlatanice como espetáculo.
Uma aldrabice como a de alguns colegas meus, os tais dos coktails de diuréticos, ansiolíticos e tutti quanti, a fazerem fortuna quais Tallons do passado, à custa deste desejo hodierno e legítimo de viver melhor com melhor aspeto.
Henrique Pinto
Julho 2014

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