A tolerância no sentido mais vulgar é prática que não me seduz.
Posso cumprimentar toda a gente com a maior franqueza. Mas conviver com
ladrões, de carteiras ou de ideias, velhacos, parasitas, más-línguas, chulos ou
chicos-espertos, deixo isso para quem gosta.
Conheci autarcas, professores que não os meus, diretores e ex-diretores
disto e daquilo, que jogavam a sua afirmação no social impondo-se no
contrariar
quem trabalhava honradamente e com sucesso. Comigo em ação não sei se alguém se
poderá gabar de o ter conseguido. Deixei esse universo de empenhos e nada me
custa a crer que outros prossigam nesse desejo mínimo de tudo fazer com pouco
esforço. Basta-lhes denegrir o construído. Desmontar o relógio é fácil, no remontá-lo
é que está o busílis.
Não é necessariamente bom líder quem muito perora sobre liderança.
Quando a maquinaria e a eletrónica não imperavam era possível a um bom
sapateiro fazer maus sapatos. Pois há sempre momentos menos bons em todos os
percursos. Mas se o tal artífice repetisse a cena duas, três vezes, o
logro
estaria entre quem o considerou como «bom». Só a pressa em querer fazer melhor,
por inveja normalmente, leva tais artesãos pelos caminhos da facilidade e do
banal, conservador. Não se pode ser clone de Cláudio Abbado e de Quim Barreiros ao mesmo tempo.
Henrique Pinto
Junho 2014
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