Não costumo falar do que não entendo. Posso tolerar a alguém amigo
brincar com os meus escritos, trate-se da gordura ou das natas, mesmo
preferindo outra situação. «Brincadeira por brincadeira então acrescente-se
algo de útil ao contexto». Sob pena de ser brincadeira inútil e de mau gosto
mas, por vezes, muito bem escrita. Sou tolerante para os tiranetes da
democracia. Ou melhor, não lhes ligo cartucho. Só faço figas como se a implorar
de alguns, «não estraguem pela inércia o bem feito com o esforço dos outros».
Não me peçam que respeite quantos descontextualizam pela ignorância e ofendem
pela arrogância. Mas como interpretar a diretiva dum organismo mundial como a
FIFA (e portanto à partida com responsáveis supostamente credíveis) a proibir
aos atletas a ingestão de água no decurso dum jogo de futebol, realizado ao
princípio da tarde em ambiente de temperatura e humidade relativa altíssimas?
Sem qualquer hesitação considero tal um erro deplorável. A meu ver é mais
indesculpável ainda que as asneiras de atletas, árbitros e dirigentes.
O resultado óbvio duma tal ocorrência é a desidratação,
caraterizada pela perda de mais de 2% do peso corporal com aumento do stress
fisiológico nas respostas da temperatura central do organismo, na frequência
cardíaca e no esforço percebido durante o stress do exercício. Além do comprometimento
na capacidade aeróbica, tem influência negativa no desempenho cognitivo e
mental dos atletas. Até mesmo numa desidratação ligeira pode ficar limitada a
capacidade do organismo de transferir calor dos músculos em contração para a
superfície da pele onde pode ser dissipado para o ambiente. Nesta situação dir-se-á
também que a fadiga muscular resultante pode ser ocasionada pela redução do
combustível energético disponível. Não haverá quem centre a sua crítica ao invés de colocar nos outros a culpa pelo seu desencanto naturalíssimo!?
Junho 2014
Henrique Pinto
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