quarta-feira, 4 de junho de 2014

ESTRELINHA BRILHANTE, PLANETA FULGENTE QUANTO VÉNUS…

Não sei se haverá alguém a gostar de lhe dizerem estar errado. Eu próprio nunca apreciei tal e em algumas das situações tenho a iniludível certeza de não me ter enganado. Ninguém assuma funções seja onde for sem saber onde se vai meter. E em nenhum contexto deixe de fazer uma transição de pastas onde tanto quem entra como quem sai subscreva um documento com as anuências e reservas da transferência de poderes passível de chegar ao conhecimento público. 
Conheço os meandros de procedimentos assim, eu próprio os usei com êxito. A história desta ou daquela medida, quantas vezes assumida sem dolo e com o coração nas mãos, e vezes sem conta na ausência de alternativa, é fundamental para uma boa gestão futura. Muitas vezes tal validação é feita em privado e negada em público. Claro, a ganância e o desejo de poder são mor das ocasiões superiores a qualquer racionalidade, ou ao mínimo sinal de compreensão ou tolerância. E se este ou aquele protagonista optar por um ou outro dos caminhos ao seu dispor – quantas vezes aconselhado por bem a optar pelo preterido -, não venha depois, batidos os burrinhos na água, apelar a consensos envolventes de quantos deveriam ter sido ouvidos, atempadamente, ou dizer dos mesmos cobras e lagartos.
Mas é este o comportamento da maioria das pessoas na vida coletiva, sem distinções quanto ao lugar, público, privado ou associativo, onde exerça o seu ministério.
Imagine-se o quadro. Interpelados por um agente policial, os cidadãos Romeu ou Julieta põem-se a vociferar com aquele. Todos sabem o resultado. Imagine-se ainda o Chiquinho a achar dever recalcitrar ou falar aos berros quanto ao dito pelo juiz. Ofendia o visado na honra e no respeito merecidos. O desfecho está à vista.
Conta-se de certo jovem turco ter dito ao putativo candidato em 2011, «ou fazes cair o governo ou cairás tu no partido». Hesitante, o visado nem olhou para trás. Pois bem, ouvi agora esse responsável por semelhante invetiva a encorpar o núcleo de vozes oficiais de contestação aos juízes do Palácio Raton. Fê-lo em termos muito impróprios e menos ainda cordatos. Mas estes pecados de quem pecou são inevitavelmente tolerados sem confissão nesta república sem bananas.
Boa parte do povão, no mais cruel masoquismo, continuará a dar a bênção a soluções suscetíveis de privilegiarem os abusadores da sua economia e do seu trabalho nas próximas eleições, se nada existir a contrariar o status quo. É a mais lógica das conclusões a retirar do seu último pronunciamento. 
Eis agora a aparecer no céu uma estrelinha brilhante como a polar ou um planeta fulgente tal qual vénus, as primárias. Eu sempre apreciei este sistema e por isso, quando propostas num dado contexto, mesmo não me tocando diretamente por estar fora de qualquer família não sanguínea, se tal não for processo dilatório pode ser o caminho para uma discussão franca posta à consideração de todos os votantes deste rincão. Porquanto é necessário a muitos processos e caminhos para o bem comum o deixarem de estar bloqueados ou nevoentos.
Junho 2014
Henrique Pinto

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