Há francas semelhanças da obesidade com comportamentos aditivos
como a dependência de drogas e álcool ou o tabaquismo. De fato, conseguidos
ganhos na terapêutica do excesso de peso a inobservância duma dieta adequada
continuada (como as recidivas nos exemplos aparentados), leva inexoravelmente à
recuperação do peso inicial. O indivíduo pode fazer ciclos de perda de
peso/recuperação. Mas com o avanço da idade deitar uns quilos de gordura para o
lixo leva cada vez mais tempo a conseguir. E o voltar à estaca zero é um
processo progressivamente mais rápido.
A obesidade é hoje considerada como um processo inflamatório de
forte raiz genética e ambiental. Tem uma densa causalidade comportamental, nos
estilos de vida. Antes de se considerar a hipótese de aconselhar alguém no
perder peso é necessário terem-se em conta duas «ratoeiras» clássicas, a taxa
de peso a perder e a relação entre o doente e o profissional de saúde.
A quantidade e qualidade de alimentos a tomar deve ter em conta os
nutrientes essenciais. É fonte de grande frustração para o nutricionista ou
médico cientificamente preparado que as dietas para redução de peso
nutricionalmente bem desenhadas sejam frequentemente de todo ineficazes em
doentes em ambulatório, enquanto se reclamam e anunciam taxas de sucesso
espantosamente elevadas para dietas bizarras
que não têm qualquer fundamento científico.
Desde as pilulas da «felicidade» aos processos tipo Tallon ou o recurso à
suplementação disto ou daquilo, infelizmente aconselhados em programas de entretenimento
quase diários, em Você na TV, Praça da Alegria e tantos outros. Há que,
definitivamente, ter em atenção o fato de as dietas parcialmente restritivas
(cortar nos glúcidos, nas proteínas, ou mesmo nas gorduras), tão amiúde recomendadas, normalmente por profissionais a
quererem fazer fortuna na escrita de livros, é eticamente indecoroso e um erro
crasso e antinatural do ponto de vista dietético.
Qualquer dieta hoje deve ser equilibrada e adequada àquele
indivíduo concreto. Deve ser sempre acompanhada de exercício físico apropriado –
a marcha é a modalidade de eleição -, podendo porventura haver algum acompanhamento
psicológico para se lograr aumentar a adesão do indivíduo ao processo de
emagrecimento administrado.
Junho 2014
Henrique Pinto
Sem comentários:
Enviar um comentário