terça-feira, 17 de junho de 2014

CRISTIANO E COSTA

Cristiano Ronaldo e António Costa encorpam todas as esperanças da maior parte dos portugueses. São ambos pessoas de superior inteligência e têm por demais capacidade para altíssimos voos nos seus ministérios. Todavia, fiquei farto de ver e ouvir na imprensa falada e escrita, durante uma eternidade, «vamos ganhar, temos o melhor do mundo». Dado o menor
impacto da política, Costa ainda não passou por uma tal idolatria tonta. Mas se qualquer destas personalidades é merecedora de grande apreço, o seu esforço é assaz notável como deve ser o reconhecimento público, torna-se bem perigosa a circunstância de as pessoas (e até mesmo a equipa de Cristiano) se demitirem da sua quota parte enquanto cidadãos participativos no coletivo. Tal como por longo tempo se eximiram a abrir a boca, embalados pelo latim dum rapazola versado em ler «contracapas de livros sobre o neoliberalismo». Henrique Monteiro na sua «exuberante» formação política dir-nos-ia já estarmos a usar uma terminologia inadequada. Mas não estamos.
Uma socialista de Leiria dizia há quatro anos, «ai eu votei naquele gordinho, tão giro!». Referia-se a Paulo Rangel. Pois este eurodeputado, um homem também inteligente, não se escusou a dar-nos «um bom exemplo pedagógico» num dos seus últimos debates televisivos. Avançava ele, «como as pessoas sabem eu fiz uma dieta, foi um período de austeridade a que ora se segue uma dieta de manutenção, necessariamente menos rígida». Em 
traços largos não há nada a apontar-lhe quanto ao substrato do emagrecimento. Só que Rangel antes estava demasiado gordo (um erro de comportamento alimentar) e agora está bastante magro, cheguei a pensar se não andava por ali a negra megera (logo, resultado e objetivo estão totalmente errados). Tanto como o próprio processo em si. O exemplo não nos serve. Falta-lhe equilíbrio e sabedoria.
O país precisa de responsáveis conhecedores e sensatos (não dos que não passam sem a professora ao pé), suscetíveis de mobilizarem a dispersão para o conjunto em torno de objetivos razoáveis, com equilíbrio, respeito e equidade, por muito difícil que seja o emergir do atoleiro em que foi sufocada boa parte dos cidadãos e a própria economia.
Junho 2014

Henrique Pinto

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