segunda-feira, 15 de março de 2010

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, NOTAS PARA UMA ENTREVISTA

PLANO DE ESTUDOS DO ENSINO ARTISTICO: é um tecto despojado de paredes, as corporações a conseguirem um percurso por demais especializado num país sem ensino básico da música

RECURSOS no Orfeão de Leiria Conservatório de Artes:
-Toda uma gama de ensembles, orquestras, nomeadamente sinfónica, de sopros, de flautas, de guitarras, grupos de bailado profissionais e amadores, Festivais e Estágios Internacionais, alguns dos melhores mestres mundiais, como Jean-Sebastien Béreau, professores e alunos com prémios mundiais de primeira grandeza, instalações próprias, etc.
- Ao fim de 27 anos como presidente, e ao contrário do que é normal em Associações e Governos, temos corpos sociais amplamente representativos da comunidade e um leque de personalidades qualificadas brilhante, com idades jovens.
- Temos Direcções pedagógicas e técnicas de alta diferenciação num total de 150 colaboradores remunerados.
- Os orgãois sociais são eminentemente voluntários, não remunerados
- É seguramente o maior expoente do associativismo cultural e artístico em Portugal

OS ABSURDOS EM CADEIA:
- A nova modalidade de ensino gratuito da música e dança e em articulação com os Agrupamentos de Escolas da rede pública passa a ser reduzida no país, de forma draconiana, a partir do próximo ano lectivo, por via das acessibilidades, designadamente territoriais. O acesso democrático ao ensino artístico diminui drasticamente. Com o aumento da carga horária e uma oferta docente tão curta, que passa assim a ser mais curta, as famílias sentem-se enganadas. Se acrescentarmos que passará a ser exigida aos professores o pleno das condições académicas, a oferta diminui ainda mais. O senhor Mário Nogueira não deve ter muita sensibilidade para este segmento do ensino e do professorado.
- Ao imporem-se as Escolas de Referência para o Ensino Artístico (ideia seguramente inspirada nas Escolas para deficientes), reduz-se a possibilidade de os alunos de zonas mais distantes terem junto de si uma Escola que se possa articular com a Escola Artística.
- Graças a um grande esforço negocial com a Direcção Regional da Educação do Centro, que envolveu a autarquia, conseguimos que em Leiria passem a funcionar como Escolas de Referência a Dr. Correia Mateus, Dr. José Saraiva, D. Diniz, Marrazes e Colmeias. Articular-nos-emos ainda com as Escolas de Batalha e Guilherme Stephens, na Marinha Grande. Os alunos do 5º ano de escolaridade que não entrem no Ensino Articulado (como é o caso de todo o sector privado da educação), terão de comparticipar financeiramente no seu aprendizado musical, no chamado Ensino Supletivo.
- No Gabinete do senhor Secretário de Estado João Trocado da Mata diz-se que tudo isto – o emanado das Direcções Regionais – é absolutamente inverdade. Mais, afirma-se que são as Escolas do Ensino Artístico a definirem quais as Escolas de Referência. Absurdo não é?!
- Claro que é um absurdo, tenho mesmo a certeza que – conforme me alertou um ilustre membro do governo – a senhora Ministra da Educação, Isabel Alçada, nem deve estar ainda a par deste absurdo.
- E é tanto mais absurdo quanto, esteja a verdade onde estiver, o Ensino Privado em regime de Associação (idêntico a Ensino Público), não quererá aderir, por ver aí um factor eventualmente incentivador da concorrência.
Depois de tantos anos a deixar-se crescer esta modalidade de ensino, mesmo quando o país disso não carecia, com que despudor se quer agora que estes estabelecimentos aceitem substituir uma turma lucrativa por uma do ensino artístico? Resposta oficial: quem nos dera que as Escolas privadas queiram constituir-se como turmas dedicadas ou Escolas de referência. Claro que querem! Sei muito bem que querem. Mas não desta forma impúdica.

PROJECTOS:
- Contribuir para que Leiria tenha a curto prazo o Ensino Superior da Música. Como segunda zona do país com o maior per capita de estudantes de música, músicos, filarmónicos, etc., porquê Leiria, de alta acessibilidade, não ter ainda esta área de ensino superior, de empregabilidade garantida, ao contrário de outras regiões de menor peso destas condições.
- Manter o Estatuto de maior Escola do Ensino Artístico da Europa (Ensino Vocacional da Música e da Dança, Ensino profissional, a singularidade mundial do Conservatório Sénior, AEC, etc.), com mais de 4000 alunos. Para um Conservatório de Música e Dança este score é quase um Guiness.
- Tinhamos agendado com o anterior executivo autárquico um projecto de adaptação do topo sul do Estádio Municipal de Leiria para instalação da EDOL, que é um nicho de excelência pela qualidade, ganhador de prémios mundiais na dança.
- Todavia, a actual autarquia, com a qual temos igualmente excelentes relações, tem um projecto diferente para o Estádio. Fala-se em transformá-lo num Pavilhão Multiusos. Esperemos que seja uma boa solução para aquele disparate monumental e até agora inútil.
- Precisamos ampliar as nossas instalações, dado que estamos já à beira de ultrapassar o limite das condições legais de capacidade de utilização
- Estamos pois a projectar a Nova Academia de Dança, uma necessidade que vai ganhando contornos
- A Gala de Leiria passará a ser uma organização nossa
- O Concerto Coros e Orquestra para o 64ª Aniversário será um marco para os nossos Corais
- A 28ª edição consecutiva do Festival Música em Leiria será mais um sucesso internacional

IDEIAS PARA O PRESENTE CONTEXTO:
- Nenhum momento de crise na história da Humanidade justificou ou desembocou na menorização da criação artística.
- Algumas grandes instituições nacionais com grandes investimentos e gestores milionários estão a inverter por completo, na prática, os conceitos de responsabilidade social. E não se vê grande preocupação com isto no país.
- A música é hoje um bom começo para empregabilidade segura
- Mas a música é sobretudo um processo francamente activador e regenerador da actividade cerebral – os melhores neurocientistas têm-no dito aqui nos nossos seminários – e é um meio facilitador de melhor actividade cognitiva entre as crianças.
- As AEC são uma prática pedagógica importante quando bem feita, como a que asseguramos, mas não podem ser o substituto para o acesso democrático ao Ensino da Música. Não sei em que país do mundo é que o senhor Dr. Walter Lemos, anterior secretário de Estado, se inspirou para construir uma legislação tão absurda para o Ensino Artístico, mesmo que possa dizer que a corporação de professores lho exigia. Espero que não tenha sido no Conservatório de Música de Lisboa.
Henrique Pinto
Março 2010
FOTOS: Dra. Isabel Alçada, ministra da educação (será que está a par dos absurdos?); Trio de Guitarras do Orfeão, com André Ferreira, vencedor de prémios mundiais, ao centro, sob o olhar sabedor de Ricardo Araújo; colecção de instrumentos de cordas do Museu da Música, La Vilette, Paris; A Dra. Isabel Alçada, ministra da educação, e o marido, Dr. Rui Vilar, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian (Foto Caras, Larcher); uma classe de dança do Conservatório sénior do OLCA; Dr. João Trocado da Mata, secretário de Estado da educação, aquando do acto de posse do cargo; o seu antecessor Valter Lemos, cujo gabinete editou o presente «estado da arte» no ensino artístico; Mário Nogueira, sindicalista que se tornou famoso liderando os professores contra a reforma da Dra. Maria de Lurdes Rodrigues; Bernardo Sasseti e a esposa, a actriz Beatriz Batarda, com Henrique Pinto, numa das realizações do Orfeão de Leiria; maestro Jean-Sebastien Béreau dirigindo uma das orquestras do V Estágio Internacional de Orquestra de Leiria.

A NATUREZA-MORTA DOS SÉCULOS XVII e XVIII

A propósito da exposição «A perspectiva das Coisas, A Natureza-morta na Europa», actualmente em exibição na Fundação Calouste Gulbenkian, a Casa-Museu, Centro Cultural João Soares organizou a palestra «A Natureza-morta na Europa dos séculos XVII e XVIII» no dia 12 de Março de 2010 no Auditório da Casa-Museu, em Cortes (Leiria).
Decriptar uma pintura que apareceu como novidade transgressora na época iniciando um ciclo de modernidade na História Europeia foi o objectivo dessa análise, da responsabilidade do director da Casa-Museu João Soares, Dr. Jorge Estrela.
Em Abril, dar-se-á continuidade à temática através da conferência «Preâmbulo a uma visita à exposição da Gulbenkian», uma das mais importantes a nível mundial feitas até hoje.
Entretanto, está patente na Casa-Museu em Cortes, porventura o mais importante dos museus portugueses de história contemporânea, a exposição «Leiria no Tempo das Invasões Francesas», de Jorge Estrela. O riquíssimo catálogo, editado pela Gradiva.
Henrique Pinto
Março 2010
FOTOS: Natureza-morta em Trompe l'oeil de Samuel van Hoogstraten (1627-1678) e Natureza-morta com copos num cesto, de Sébastien StosKopff (1597-1657), ambas no Catálogo Gulbenkian; sede da Casa-Museu João Soares, em Leiria, com vista para o vale de Cortes; a bela e bucólica aldeia de Cortes, em Leiria, com mais casas solarengas (como as de Afonso Lopes Vieira) que muitas capitais, polvilhada de restaurantes de qualidade, mutilada pelo silo disforme, incúria autárquica dos anos 80; busto de João Soares no páteo do Centro Cultural; Castelo de Leiria, Vista sobre o Rossio de Leiria, versão colorida do desenho de Luís Augusto Souto gravado por J. Dantas e Leote, publicado em 1873 na revista Artes e Letras; Castelo de Leiria, Vista do Rossio e do Castelo, mostrando a construção do futuro Paço do Bispo (hoje os estabelecimentos Zara), Aguarela existente no Museu de Poznan, na Polónia, da autoria do conde Athanasius Raczynski, que está datada de 1843.
PS: ambas as imagens do Castelo de Leiria são
 retiradas do catálogo da exposição «Leiria no
Tempo das Invasões Francesas», de Jorge Estrela,
patente na Casa -Museu João Soares, em Cortes.

domingo, 14 de março de 2010

FERNANDO NOBRE, DIPLOMATA DA SOLIDARIEDADE

O meu amigo e colega Fernando Nobre apresentou a sua candidatura à Presidência da República. Fiquei satisfeito por ver um «outsider» dos partidos com a coragem para dirimir os seus argumentos a favor duma política diferente num areópago tão singular.
Quem faz o que o Dr. Fernando Nobre prossegue mundo fora, não apenas como médico em missão humanitária ou dirigente da AMI, Associação Médica Internacional, mas sobretudo como diplomata da solidariedade, faz necessariamente política séria ao mais alto nível.
Sempre que a AMI dá apoio em alimentos e outros géneros a comunidades em litígio, ele espera pessoalmente à porta do avião, segue no primeiro jipe e não no último, passa entre inimigos e superintende sem problemas à distribuição do que tem por todos os contendores, que o recebem com o maior respeito.
Eu e o Professor Dr. Carlos André, um amigo e colaborador precioso do Orfeão de Leiria, tínhamo-lo convidado há muito tempo para a tertúlia Café das Quintas, na qualidade de presidente da AMI e foi como tal que todos o ouvimos, deliciados, na conversa que também incluiu o Dr. João Paulo Marques, vice-presidente do Instituto Politécnico de Leiria.
O fantástico do horror que ultrapassa com elegância e cultura, com conhecimento da natureza humana e das relações sociais, com a responsabilidade de argumentar o «possível a fazer» com ministros e presidentes em muitas latitudes, creditam-no para que possa confrontar os seus pontos de vista igualmente com segurança, saber e honra, ao nível a que ora se propõe.
Como que a sublinhar esta convicção o facto de ainda praticamente sem falar a sondagem do último Expresso já lhe atribui cerca de 10% de potenciais intenções de voto. Mário Soares em 1986 estava nos 6% numa altura muito mais próxima do despique.
Henrique Pinto
Março 09
FOTOS: Fernando Nobre, Carlos André e João Paulo Marques no Café das Quintas, em Leiria; S. João do Estoril, onde Fernando Nobre vive, visto do mar;Fernando Nobre e Henrique Pinto

LIVROS PARA A ÁFRICA DE LÍNGUA PORTUGUESA






















As secções portuguesas das CIP, Comissões Inter-Países, de Rotary International, entre Portugal e Angola, Cabo Verde, Guiné- Bissau e São Tomé e Príncipe, têm potenciado as acções dos Clubes de Serviço no Porto e na Maia, para a recolha de livros a endossar às escolas destes países.
É uma acção muito meritória que se dirige à actuação no âmbito da literacia básica, do carácter e ocupacional. Um Bem haja a todos quantos se empenham em tão lindo projecto.
Trata-se também de quatro CIP formadas por Carlos Lança, um companheiro que me suscita uma saudade imensa.
Henrique Pinto
Março 2010
FOTOS: Cartaz do Projecto de Literacia; Carlos Lança em Catete, Angola, com um Coronel das tropas da UNITA, aquando duma campanha de vacinação contra a poliomielite naquele país.

sábado, 13 de março de 2010

PEDRO SANTANA LOPES PÔS DEDO NAS FERIDAS DO REGIME

Nada tenho a ver com partidos políticos. Na minha posição de social-democrata (no sentido eminentemente histórico e sociológico), os meus amigos estão em qualquer partido.
O Dr. Pedro Santana Lopes é um deles.
Pode haver inconsequência prática em várias circunstâncias. Mas ninguém lhe pode coarctar o mérito de muito bom pensador. A minha simpatia para Lisboa recaiu noutro amigo, António Costa, pelas razões adiantadas neste blogue. Mas pertenceram então a Santana Lopes algumas das ideias mais pertinentes.
Logo a abrir o 32º Congresso do PSD ele apresenta as soluções para o país de que todos os partidos, incluindo o seu, em grotesca auto-defesa, têm fugido a sete pés. A um tempo, a alteração da legislação eleitoral, com a criação dos círculos uninominais, e a institucionalização de duas câmaras no parlamento, hoje regra em quase toda a Europa. E por outro lado, o reforço moderado do presidencialismo do regime, admitindo a factualidade do Presidente da República presidir a alguns conselhos de ministros, a exemplo de França. Diria que apenas faltou acrescentar os executivos maioritários das autarquias, como emanação das assembleias municipais, para ser a alteração maior que o país necessita para bem orientar a casa.
Bem gostava de ver os maiores obreiros da nossa Constituição com um posicionamento semelhante.
Obviamente, não se acabariam assim todos os problemas. A justiça – de que todos resmungam quando fora do poder – é porventura dos grandes óbices à equidade. Mas minorar-se-ia, seguramente, a maioria dos obstáculos orgânicos e a manipulação das ideias – mesmo que vivamos na mais ampla democracia –, reforçando-se o respeito pela vontade dos eleitores e a responsabilização dos seus eleitos, com a dignificação da política e da sua linguagem. Este contínuo «nós e eles» – que baixou de tom, no social, com a menor intervenção pública de Pinto da Costa (que ora desligo, artificialmente, do F. C. Porto), - não é um bom exemplo de cidadania onde quer que seja.
Henrique Pinto
Março 09
FOTOS: Pedro Santana Lopes; Palácio de São Bento, sede do Parlamento nacional;  Jorge Miranda, aqui com Alexandre Paglianini, um dos seus orientados em pós doutoramento, foi o grande inspirador da nossa Constituição; Vital Moreira foi um dos melhores tribunos na elaboração da Constituição Portuguesa

O SÉCULO DO BEM ESTAR

Talvez por ingenuidade e por bem querer, em 2002 titulei um dos meus livros como O Século do Bem Estar, em conformidade com o meu Mestrado em Saúde, de 1998.
Confirma-se hoje a institucionalização no mundo ocidental dos velhos princípios orientais, alguns dos quais invoquei então. O bem-estar físico, fruto de muitos cuidados, do exercício físico, do minorar do stress e da alimentação saudável, pode desembocar numa vida mais longa. É uma afirmação sem embustes.
À volta desta realidade plausível tem vindo a crescer um negócio de sucesso, seguramente distante para a maioria das bolsas portuguesas, onde quem pode usufrui dessas «conquistas a oriente», os SPA, com meritória qualidade.
Dois desses lugares de eleição em Portugal, entre muitos, seguramente, são o novo Hotel de Monte Real, na exuberância campestre e bucólica lateral ao pinhal de Leiria e o Hotel Cascais Miragem, a sorver a grandeza e o mar duma das mais belas baías do mundo.
Henrique Pinto
Março 09
FOTOS: Hotel Monte Real recuperado´e aumentado, o ícone duma bela estância termal na várzea do Rio Lis; cofres para a pesca de crustáceos e lulas, dos pescadores de Cascais; Hotel Miragem, em Cascais.

O PICO NEVOU

Quando andávamos na escola primária o Portugal do Minho até Timor tinha grande ênfase nos nossos quotidianos. Todavia, quando havia referências à montanha mais alta do país era sempre a Serra da Estrela a ter essa primazia. Tudo estaria bem se a alusão fosse ao continente de Portugal. Mas não era. Num facciosismo aviltante, os livros escolares deixavam de parte as outras montanhas - o vulcão da ilha do Pico, nos Açores, o da ilha do Fogo, em Cabo Verde e o Tatamailau em Timor, - todas muito mais altas que a Serra da Estrela, a que foi necessário acrescentar um observatório para completar os 2000 metros.
Hoje, sim, a montanha mágica do Pico é de facto a mais alta de Portugal. Neste inverno nevou. É esse fenómeno não muito frequente, a dar à ilha uma beleza tão próxima da vivida na Suíça, um certo encanto ou endeusamento pagão, que se regista aqui.
A Ilha do Pico tem um excelente aeroporto e voos directos da TAP a partir de Lisboa. Não sei se todos os portugueses o sabem. As agências de viagens continuam a branquear a questão, ao darem prioridade a outras rotas.
Henrique Pinto
Março 09
FOTOS: montanha do Pico coberta de neve, Fevereiro, ao pôr-do-soil; montanhas de Timor

quarta-feira, 3 de março de 2010

BONECOS DO MUNDO

José Aurélio é um dos grandes escultores deste país. E está vivíssimo como sempre.
Num edifício antigo legado de seus pais, ali bem perto do Rossio, em Alcobaça, ele investiu boa parte dos seus ganhos amealhados e construiu uma das mais belas galerias de arte portuguesas, o Armazém das Artes.
Mais do que um armazém a galeria é um espaço cultural em contínua ebulição artística, prenhe de ideias e símbolos da maior relevância para a motivação e fruição de todos os espíritos.
Esta exposição assinala o 3º aniversário da Galeria. É uma organização conjunta do Armazém das Artes – Fundação Cultural e da SA Marionetes, alimentada pelo riquíssimo espólio de ambas as instituições.
Parabéns, meu bom amigo José Aurélio, desejo-lhe o mais grato dos sucessos.
Henrique Pinto
Março 2010
FOTOS: peça da exposição Bonecos do mundo; José Aurélio e Henrique Pinto, 2008; José Aurélio.

À ATENÇÃO DA COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA

Prezado Companheiro Henrique Pinto, desde já o felicito pelo excelente texto sobre «Literacia para a Compreensão Mundial e para a Ética». Finalmente, temos um TEMA para nos justificar intromissões discretas na área da politica, onde tantos princípios sérios são distorcidos e mal tratados. A Comissão Nacional sobre Ética desconhece-nos, quando se impunha que Rotary lá tivesse assento. Há anos que defendo esta ideia mas não tenho tido quem me acompanhe.
O abraço do Companheiro Alcino Cardoso.
Alcino Cardoso
Fevereiro 2010

A PROPÓSITO DA LITERACIA…,SENTIR CULPA E VERGONHA

Eu quero felicitar e agradecer a todos que estiveram activamente envolvidos nas seguintes três tarefas dos coordenadores de zona nas quatro semanas anteriores:
1 Encorajar os Distritos e seus clubes a celebrarem o Mês da Literacia;
2. Encorajar os Clubes a ganharem o Prémio distrital de Literacia;
3. Encorajarem os distritos a integrarem o conhecimento dos Projectos de Literacia nos PETS, Assembleias e Conferências Distritais;
Seja qual for o nível de resposta dos vossos distritos, têm razões para se sentirem bem porquanto cumpriram com a vossa parte. Uma vez que façam chegar a informação aos contactos nos distritos, a responsabilidade para tornar os clubes conhecedores passa a ser responsabilidade dos governadores de distrito e dos seus coordenadores de Literacia. Essa circunstância sugere-me que cada um de vós deva fazer o seguinte:
1. Sintam-se bem sobre o facto de que fizeram o vosso dever. (Se estão entre a mão-cheia de coordenadores que não estão a comunicar com os vossos distritos, seria apropriado sentirem um pouco de culpa e talvez até de vergonha, por não terem vivido para as expectativas do Presidente John quando vos indicou para o lugar. Mas ainda estais a tempo de vos redimirdes comunicando com os vossos distritos sobre os items 2 e 3 da lista acima).
2. Felicitações e o meu agradecimento a todos os governadores que estão partilhando as vossas comunicações com os seus clubes e encorajando-os a entrarem em acção no que respeita ao Mês da Literacia e Prémio Distrital de Literacia, enviando-lhes Relatórios de Projectos de Literacia. Os governadores de distrito que fizerem isso mostram que têm três traços de grandes líderes…um sentido de dever, de cuidado e de efectiva gestão do tempo.
Richard Hattwick
(Coordenador Mundial de RI para a Literacia)
Fevereiro 2010
FOTOS: Intercambistas de Rotary, dos EUA, e seus hóspedes, participam no Carnaval de São Paulo, Brasil; Henrique Pinto discursando na Assembleia do Distrito 1970 em 2009; Marco Rotário de Leiria à noite, uma obra promovida por Henrique Pinto; Javi Garcia, jogador internacional Espanhol ao serviço do Bemfica, dando autógrafos a jovens simpatizantes. Todavia, mercê das características do seu trabalho, muitos destes ídolos abandonam o estudo e tornam-se grandes iliteratos (deferência de A Bola).

LULA DISPARA NA FRENTE NO RIO GRANDE DO SUL

PS. publicação que se fica a dever à gentileza do Leonel Nascimento. Obrigado amigo. HP

CARAS NA LUZ

O meu amigo António Varatojo, artista plástico há muito reconhecido, faz agora a sua primeira Exposição Individual, titulada Caras na Luz. Esta mostra está acessível ao público no Jardim interior do Hospital da Luz. O pintor participa assim no contributo para a ADVITA, Associação para o Desenvolvimento de Novas Iniciativas para a Saúde, apoiada pelo Grupo Espírito Santo Saúde.
Varatojo é um daqueles grandes artistas que não se deslumbra com o efémero nem é vítima da precipitação narcísica dos que procuram o sucesso derradeiro a todo o custo.
Henrique Pinto
Fevereiro 2010
FOTO: cartaz da Exposição Caras na Luz

ABOUT LITERACY..., TO FEEL GUILTY AND ASHAMED

I want to congratulate and thank all of you who have been actively engaged in the following three zone coordinator tasks during the past four weeks:
1. Encourage districts and their clubs to celebrate Literacy Month
2. Encourage clubs to earn the District Literacy Award (DLA)
3. Encourage districts to make literacy project awareness part of PETS, District Assembly and the District Conference.
Whatever the level of response from your districts may be, you have reason to feel good about the fact that you did your part. Once you get the information down to your district contacts, the responsibility for making clubs aware becomes the responsibility of the district governors and their district literacy coordinators. That fact suggests to me that each of you should do the following:
1. Feel good about the fact that you did your duty. (If you are among the handful of zone coordinators who are not communicating with your
districts, it would be appropriate for you to feel a little bit guilty and maybe even a little bit ashamed that you haven’t lived up to the expectations of President John when he appointed you to the post. But you still have
time to redeem yourself by communicating with your districts on itemsnumber 2 and number 3 on the above list).
2. Congratulate and thank those district governors who are sharing your communications with their clubs and encouraging them to take action with respect to Literacy Month, the District Literacy Award and sending
in reports of literacy projects. District Governors who do that show that they have three traits of great leaders… a sense of duty, caring and effective time management.
Richard Hattwick
(RI World Literacy Coordinator)
February2010
PHOTOS: Rotary Interchange boys and girls and their hosts in São Paulo Carnival (Brazil); attendants to the Birmingham Convention; International Reading Associattion symbokl; Allan Jagger, always facing life with pleasure, in San Diego International Assembly 2010.

terça-feira, 2 de março de 2010

EU VIVI

Tenho de vos confessar, foi acanhado e com franca emoção que recebi o convite do Senhor Basílio para estar hoje aqui. Fazer a apresentação da segunda edição do seu livro As Minhas Lembranças é uma distinção muito carinhosa, só admissível à luz da sua amizade, da sua estatura de humanista ímpar e de insigne cidadão.
Em 1994 no prefácio da primeira edição desta obra cujo relançamento revisto a Editora Magno entendeu por bem fazer e a Câmara Municipal teve a presciência de patrocinar – pelo que felicito ambas as instituições –, o professor Arnaldo Cunha enfatizava a grande riqueza de alma do autor referindo-se ao «Basílio, tal como sempre desejou ser tratado», como «uma cadeia que une a memória das últimas gerações leirienses».
Eu nunca consegui habituar-me a tratar com tanta familiaridade e de modo tão informal as pessoas com mais idade e que muito estimo. Tenho pelo Senhor Basílio uma admiração, uma amizade e um respeito enormes – um sentir que é com certeza comum à generalidade dos nossos concidadãos – e é como tal, com o Senhor de permeio, que se ele me não levar a mal continuarei a tratá-lo.
Ousaria dizer que, ao contrário do que se passa entre nós e em grande parte do mundo, em muitas universidades famosas da Europa e da América o Senhor Basílio seria convidado habitual para palestrar e animar seminários, pela sua capacidade imensa de informar e de estimular as gerações seguintes, desde as mais novas.
Tive esse exemplo em casa. Minha filha e as amigas do seu grupo de escola, então jovens adolescentes, ficaram fascinadas e embevecidas quando o entrevistaram para um trabalho académico. Tocou-as sobretudo a sua personalidade, o agrado na convivência, a capacidade imensa de se doar, dando de si tudo quanto pode para sentir os outros felizes, o incomensurável, singular mesmo, capital de referência da cidade e das suas pedras vivas, um repositório sem paralelo de valores humanistas.
É ele próprio que diz «Já ouvi muita gente, já escrevi acerca de modos cordiais, de desesperos, pressupondo coisas que formam um bom sentido, dando-lhe o melhor possível de luz e harmonia».
Os médicos da antiguidade oriental atribuíam à ingestão regular de cálcio com origem nos corais submersos um contributo enorme para a longevidade, facto a que a ciência moderna dá importância crescente.
O Senhor Basílio já viveu muito e muito queremos que viva, porque em grande medida ele é essencial às nossas vidas. Mas, talvez sem ter valorizado o facto, é ele mesmo quem aponta uma presumível causa da sua longevidade, um outro cálcio coralino. Ainda adolescente pediu ao pai que lhe comprasse um livro, após a rendida admiração que lhe tinham merecido as leituras romanescas de Emílio Salgari de mistura com as aventuras de Texas Jack.
Na verdade a qualidade de vida física e intelectual é tanto maior em todas as idades – e sê-lo-á progressivamente em exuberância e visibilidade –, quanto mais valor for atribuído em sentido pleno à vida física e intelectual de cada um, ao ensejo pela descoberta do conhecimento e ao empenho na convivialidade.
Ora o livro As Minhas Lembranças, mais do que a evocação histórica e simbólica do Castelo de Leiria em oito séculos – e não apenas na vigência das oportunidades que fruiu em vivê-lo, praticamente desde menino –, é um manual de relações humanas, um poema à harmonia social e familiar, um guia para a felicidade. E é também de certa maneira um tratado de filosofia política.
Basílio Pereira não precisa arredondar as frases ou ser irónico nem usar palavras doces ou amargas, para enaltecer ou criticar. Para demonstrar o envolvimento apaixonado ou o distanciar pela marcada injustiça, basta-lhe o exemplo desta ou daquela personagem, que não comenta, ou contar uma pequena história sempre com optimismo e sensatez, que ganha foros de metáfora. O mesmo lhe sucede face ao cepticismo ou ao deslumbramento, estados de espírito com os quais é confrontado, quantas vezes simultaneamente.
Há em As Minhas Lembranças, como no agir habitual nos dias que se perseguem de Basílio Pereira, um marcado respeito pelas pessoas que lhe vem do íntimo e jamais do servilismo, que sabemos ser-lhe abjecto. Pode à vontade referir a presença de António Ferro no Castelo de Leiria – um intelectual brilhante mas artífice do salazarismo –, aquando da entrega dos prémios dos Jogos Florais do país em 1948, sem qualquer azedume ou crítica. Basta-lhe o evocar despretensioso duns versos do poema vencedor, « (...) Cada qual é tão feliz/Quanto queira imaginar (...)», duma comovente ingenuidade. E com subtileza lá vai também chamando à atenção dos leitores para o evoluir do papel cultural que o Castelo de Leiria de que foi zelador durante décadas mereceu a espaços na segunda metade do século XX.
Um aceno que passa pelas citações polvilhadas em todo o texto da plêiade de ilustres, reis e chefes de estado, vedetas de Hollywood ou do espectro artístico nacional, investigadores e professores, que admiraram de modo fugaz ou permanente, a vetusta edificação do século XII que identifica o perfil estético e histórico da cidade. E tanto basta para lhe augurar um futuro com aquele desígnio, que acolhe com exaltação mas que ainda está, infelizmente, bem longe da plena assunção.
O Senhor Basílio está entre os eleitos que entendem ser «melhor acender uma vela que maldizer a escuridão». Procurou dizê-lo em muitas circunstâncias, mor das vezes quase mudo ainda que não menos eloquente que as personagens fabulosas de Charlie Chaplin, de que desde moço se tornou um admirador devoto. Foi assim sempre que por irrequieto procurou um emprego mais aprazível e mais condizente com a sua personalidade e quando a mecânica precária duma viatura dos bombeiros – o sangue que lhe alimentou a vida até para além da dor –, fazia jus ao tempo em serviço. Ou quando os êxitos ou as desventuras de desportista de mil facetas tolhiam a voz dos seus companheiros. O motivo que a outros minaria as suas convicções vira pedagogia. Dela nos dá conta, sem esforço ou forma rebuscada. E sentimo-nos intimamente gratos pela lição.
A memória colectiva é como a qualidade de vida. Subjaz ao que é de maior importância para o bem-estar duma comunidade. Entre os muitos protagonistas já desaparecidos que podemos ver no seu desempenho em pinceladas esparsas de óleo sobre tela, que acentuam o desejo veemente de melhor conhecê-las, tive o gosto de privar com alguns e com particular agrado, nestas quase três décadas que levo de afectuosamente adoptado pela cidade de Leiria. Comovo-me ao seguir a pena de Basílio Pereira com as preocupações de Carlos Eugénio, o rigor de Miguel Franco e de Rocha e Silva, a vocação de Armando Capinha, o gosto cosmopolita de Álvaro da Fonseca, ou o encanto pessoal e a arte de Afonso de Sousa. E sinto a mesma emoção na procura delirante de Ernesto Korrodi, que não conheci, como na inteligência e na capacidade de se transfigurar do actor e encenador, o meu amigo Quiné, ao ler esta prosa terna, transbordante de perspicácia e sabedoria.
Para o Senhor Basílio o «seu» Castelo de Leiria, que, com a esposa, tratou como porcelana de Limoges – e por mais tempo o não pôde fazer directamente por via de inimagináveis empecilhos burocráticos –, é a um tempo mais do que tudo e apenas a parte, tão vasta é a diversidade das vivências e daquilo que lhe prendeu a atenção e o gosto.
O associativismo cultural, recreativo e desportivo de Leiria em quase um século, ou desde o Orfeão ao Ateneu, mais recentemente, entre muitas instituições que tracejam o percurso da cidade, incluindo o de meras tertúlias como Os Marqueses, no qual se moveu como peixe na água, tal o somatório de aptidões que é o seu próprio trajecto, sai sobremaneira dignificado nesta obra. O que é tanto mais importante quanto os sociólogos assinalam um perfil individualista dominante no empreendimento típico regional, sendo que, uma evidente supremacia cultural nos países europeus mais desenvolvidos é atribuída ao peso mais ou menos forte do vector associativo.
O que se pode dizer em jeito de remate é que os felizardos que usufruírem o prazer de ler As Minhas Lembranças chamarão ainda mais seus ao Senhor Basílio e o agregado familiar, identificando-se e emocionando-se com eles. O espólio cultural da cidade cresce em substância com este documento ímpar, singelo e vivo, sem academismos nem estilos literários sedimentados. E o Senhor Basílio, como os seus familiares, tem todas as razões para se sentir orgulhoso e feliz. Muito obrigado Senhor Basílio.
Apresentação de As Minhas Lembranças.
Henrique Pinto
Leiria, Dezembro 2003
PS: O Senhor Basílio foi hoje a enterrar aos 96 anos de idade. Todas as pessoas são únicas. O Basílio era absolutamente singular. Sentir-nos-emos sempre animados pelo seu exemplo e pela sua saudade
Henrique Pinto
2 Março 2010
FOTOS: o novo Estádio Municipal Magalhães Pessoa (eu e outros amigos levávamo-lo a ver «a nossa União» e traziamo-lo a casa; Basílio Pereira há poucos anos no Orfeão de Leiria, onde cantou em 1936 e na estrutura actual em 1946; o Castelo de Leiria, onde sucedeu a seu pai como Alcaide; Leiria, praça de automóveis e sede do Turismo; recanto da Praça Rodrigues Lobo e o Quiosque, há muito extinto; Leiria, Casa do Bispo à direita, primweiros anos do século XX;  Leiria, castelo e coreto do Jardim em 1904, dez anos antes de o Senhor Basílio nascer; Mercado, Jardim e coreto, na mesma altura; Leiria, Alto da Senhora da Encarnação; Leiria, Ponte do Bairro dos Anjos, o Bairro do Senhor Basílio; Leiria, o Rio Lis serpenteando pela cidade; o Teatro D. Maria, incompreensivelmente demolido em 1958; Basílio Pereira aos 92 anos, no Café das Quintas do Orfeão de Leiria, para ouvir Mário Soares;Leiria, Mercado de Santana em 1937