Hoje os conflitos de gerações estão descentrados relativamente ao passado. Do sexo à política e à comunicação interpessoal o relacionamento alargou nos limites. Os jovens viajam (donde também muitos sabem porque emigram, o que só torna mais chocante a conhecida «boutade» a este respeito) na exigência dos seus horizontes. Mas não há assim tanta compreensão para a experiência da idade. Ricos ou pobres os velhos são asilados e esquecidos como exemplos de vida. E se dantes se criticava e com razão a precipitação dos juízes com 23 anos (quem pensa a vida aos quarenta como o fazia aos vinte?), a verdade é que não deve ser tão criticável o voluntarismo de quantos jovens que se tomam por donos da única verdade, na política, nos modelos económicos e sociais, na cultura, numa altura chamada de pós-moderna em que a verdade e a diversidade são valores caros aos jovens e menos jovens.
Todavia, quem pensa a informação pública e, eventualmente, o possa fazer ainda com algum apego à ética, deve reflectir igualmente a amplitude desses valores. Evitar-se-á assim algum enviesamento opinativo de um extremo ao outro (também estamos fartos do medinacarreirismo, Salazar não foi «um bom gestor», talvez tenha sido um «razoável feitor»!) e talvez o país se saiba avaliar melhor
Henrique Pinto
Dezembro 2011
FOTOS: Medina Carreira; jovens na praia
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