Mas que bom! Quão
grato me sinto! Tenho recebido algumas centenas de cartas e e mails como expressões
da maior simpatia. Continuo a recebê-las dia a dia quase dois meses depois de
ter interrompido as funções de presidente do OLCA. São testemunhos maravilhosos
prestados de livre vontade. Manifestações de amizade e apreço pessoal, sim. Às vezes
donde menos as esperaria. Mas acima de tudo hossanas à Obra realizada.
Lancei-me há
anos num desafio muito interessante. Que, nalguns aspetos, terá um fim na
próxima semana, exatamente no dia em que faço 64 anos. Um aniversário a
festejar sempre qualquer que seja o veredicto. É importante estar vivo e
faminto de vida. Só depois prosseguirei o meu agradecimento a tanta simpatia.
Não tenho
dúvidas sobre o valor da Obra nem sobre o meu empenho sempre em crescendo, tão
difícil é mantermos a prática num patamar de elevada qualidade e prestígio.
Mas mais
orgulhoso me sinto ainda por ter posto em marcha um processo longo de aplanamento
do terreno, minoração dos obstáculos para o futuro, escolha, formação e transição
de chefia – indispensável numa organização deste vulto e tipo -, porventura
singular no panorama nacional. Provavelmente só a Fundação Gulbenkian o tem
logrado fazer. E mesmo assim só depois do falecimento do honorável patriarca.
Mas orgulhoso
também por ter saído num momento alto, pessoal e da instituição, e por cima, de
livre vontade. Satisfeito porque, nunca agindo onde quer que seja em função de
qualquer concorrência, tento sempre dar tudo, fazer o meu melhor, fazer melhor
que o já experimentado.
A tal ponto que
tem havido gente a estranhar e a perguntar «que outras razões haverá para tal
saída?». Como se fosse aberrante ser normal. Como se já não houvesse lugar a
decisões acertadas e no momento adequado. Como se o desprendimento voluntário,
por razoável, e sem quezílias porque deslocadas, já fosse algo de outro mundo.
Todavia, sendo
assim até parece que não custa! O que pode parecer também, mas não é verdade. Custa
muito, claro. Não acredito que haja divórcios fáceis, indolores, mesmo se só
para uma das partes. E sei que, normalmente, existe a tendência para interferir
findo o prazo de validade. Lembro-me sempre do Professor Gonçalves Ferreira,
fundador do Instituto Nacional de Saúde. No último dia como dirigente saiu e
não mais voltou. Não farei isso, ajudarei no que puder, sempre. Mas como já fiz
no passado em várias ocasiões, chegado aquele dia, não mais interferirei com o
trabalho de quem fica.
Henrique Pinto
18 de Setembro de 2013
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