quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O VALOR DE MERCADO DO PCP

Marcelo Rebelo de Sousa
O presidente da República agora eleito conseguiu este desiderato com o voto maioritário dos portugueses e a fortíssima convicção pessoal. E os portugueses envolvidos nesse propósito vão desde os independentes de todos os ângulos aos comunistas, bloquistas, socialistas e tutti quanti.
É, esperemos que sem sobressaltos, o presidente de todos.
Cantam vitória apenas os tolos. Havendo uma maioria sociológica de esquerda o voto circunstancial teria de vir de qualquer lado.
António Costa ficou bloqueado na recomendação de voto porquanto se intrometeu na sua estratégia e a meio do jogo a candidatura dum ilustre membro do seu partido. Por muito que estimemos as pessoas tal funcionou objetivamente como um fator de divisão num contexto já difícil, o do popularíssimo vencedor.
Caricatura de Manuel Alegre
De há dez anos até hoje os socialistas apareceram divididos em presidenciais. E há uma personagem comum aos três cenários, Manuel Alegre. Eram belos os seus poemas da resistência, é banal a sua prosa, e esse ar errático vem-lhe desde Argel. Os comunistas nunca lhe perdoarão. Talvez agora haja mais gente a não ilibá-lo.
Jerónimo de Sousa
A tirada de Jerónimo de Sousa sobre a jovem engraçadinha faz algum sentido. Na verdade o BE com uma nova direção, um elenco feminino de grande valia e performance, ultrapassou o score comunista tradicional.
Até Outubro 2014 o PCP era tido como dos últimos partidos comunistas de gema na Europa o maior de todos. Também os católicos portugueses se contavam até ao ano 2000 como 99% dos nacionais e os últimos Sínodos da Igreja dizem-nos agora não ultrapassar os 9% o total de praticantes.
O ascenso do neoliberalismo na Europa e o forte impacto nas classes média e trabalhadora das medidas económicas restritivas em Portugal, um caminho a que o próprio PCP garantiu acesso, seguramente por erro de cálculo, fez ruir os alicerces partidários. A social-democratização da esquerda tradicional contribuiu para a minimização comunista.
Daí a adesão à inteligentíssima estratégia de Costa, aos acordos quadripartidos. O não desarmar da CGTP, a tropa de choque do PCP, é apenas manobra desesperada para poder dizer «estou aqui». Doravante os reais valores do seu eleitorado quantificado estarão, seguramente, entre os de Outubro e os de Janeiro últimos.
Henrique Pinto

Janeiro 2016
Marisa Matias

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

DIÁLOGOS CIBERNÉTICOS AO PÔR DO SOL

Marisa Matias em O Observador, com a devida vénia
PEPETELA E MARISA
Alfredo Barroso: Na sua magnífica intervenção no comício do cinema São Jorge, a abarrotar, a candidata presidencial Marisa Matias lembrou o escritor angolano Pepetela, «que nos fala de um mundo dividido em homens e mulheres e depois há os calcinhas», que são os que «tremem sempre perante os poderes, que andam sempre aprumadinhos na sua farda, que obedecem a tudo, que gostam de tudo (…).
Henrique Pinto Para Marisa, «o topo do nosso país está cheio de 'calcinhas'», os mesmos que «têm a coluna treinada para vénias» ao FMI, à Comissão Europeia ou a Berlim. Nas palavras da candidata, «são os reis da política realista e os resultados dessa política são, realisticamente falando, a desgraça de Portugal». Marisa deu, a propósito, os exemplos do BANIF e do NOVO BANCO, «da enxurrada de dinheiro que por ali vai», e lembrou que essa «única solução» nunca foi uma solução, mas um «assalto». Para Marisa, «o topo do nosso país está cheio de 'calcinhas'», os mesmos que «têm a coluna treinada para vénias» ao FMI, à Comissão Europeia ou a Berlim. Nas palavras da candidata, «são os reis da política realista e os resultados dessa política são, realisticamente falando, a desgraça de Portugal». Marisa deu, a propósito, os exemplos do BANIF e do NOVO BANCO, «da enxurrada de dinheiro que por ali vai», e lembrou que essa «única solução» nunca foi uma solução, mas um «assalto». Para Marisa, «o topo do nosso país está cheio de 'calcinhas'», os mesmos que «têm a coluna treinada para vénias» ao FMI, à Comissão Europeia ou a Berlim. Nas palavras da candidata, «são os reis da política realista e os resultados dessa política são, realisticamente falando, a desgraça de Portugal». Marisa deu, a propósito, os exemplos do BANIF e do NOVO BANCO, «da enxurrada de dinheiro que por ali vai», e lembrou que essa «única solução» nunca foi uma solução, mas um «assalto».que aceitam tudo». Para Marisa, «o topo do nosso país está cheio de 'calcinhas'», os mesmos que «têm a coluna treinada para vénias» ao FMI, à Comissão Europeia ou a Berlim. Nas palavras da candidata, «são os reis da política realista e os resultados dessa política são, realisticamente falando, a desgraça de Portugal». Marisa deu, a propósito, os exemplos do BANIF e do NOVO BANCO, «da enxurrada de dinheiro que por ali vai», e lembrou que essa «única solução» nunca foi uma solução, mas um «assalto».: Para mim Pepetela era o máximo até à acusação nunca desmentida de ter sido um dos interrogadores de presos aquando da Revolta de Nito Alves. Marisa é um sopro de futuro radioso, não precisa de tais constructos literários. Gosto dela.
Procissão dos Mortos na Cidade do México, em Spectre (último filme de James Bond)
Alfredo Barroso : Henrique Pinto explique-me lá o que são «constructos literários»?!
Henrique Pinto : Com todo o gosto o faço em nome da minha elevada consideração pelo senhor e pela sua família. Estou certo que não está a brincar comigo. Sei que um verdugo pode escrever bela poesia. O carrasco da Bósnia era psiquiatra e poeta publicado. Também se pode passar o contrário, membros da Juventude Hitleriana subiram na Curia romana, e por ai adiante. A tolerância e a assunção da redenção não me chegam para pôr de lado a ideia que quem alegadamente fez o mal, foi agente de tortura, não pode escrever sentidamente o bem. Os escritos desta gente serão sempre construções sem sentimento, artefactos sem alma, representações sociais distorcidas, constructos (termo da sociologia tão do agrado de Boaventura Sousa Santos) ocos. Será sempre difícil ver neles a verdade. Não gosto de ver nomes de supostos verdugos ao peito de gente boa. Obrigado.
Alfredo Barroso : Obrigado pela explicação Henrique Pinto. Mas olhe que foi a minha amiga Marisa Matias, discípula de Boaventura Sousa Santos, que citou (e bem) o texto de Pepetela.
Henrique Pinto armado em Bing Crosby (Salgados, Leiria)
Henrique Pinto : Mais estranhei... caríssimo Alfredo Barroso. Mas ninguém pode saber tudo. E há coisas que até dói saber. Muito obrigado pela gentileza. Um abraço.
Confissão sobre desditas de paixão
Lady Mary: Olá…Espero que estejas bem… Com o devido respeito não me venham falar em amor porque salvo raras exceções é conversa. Tenho uma amiga que tinha uma relação assumida com um rapaz. Ficou grávida. Ele não lhe dá nem um cêntimo para as consultas…, ameaçou que lhe vai retirar o bebé quando nascer. Outra, que é 
A Roda, Natal de Cascais
Juíza perdeu o bebé porque o marido também juiz lhe deu uma sova. Um amigo foi abandonado pela mulher que lhe deixou os filhos. Outra amiga anda em litígio porque o ex- marido quer a filha por vingança. Outra o marido bate-lhe. Outra amiga o ex-namorado queria que ela tivesse um filho para herdar o património dele mas não queria casar com ela para ela não ter direito. Amor? (…)
Jess: Não será tão grave assim. Eu não ligo muito aos papéis. Mas se alguém insistir neles porque não?
Henrique Pinto
Janeiro 2016
In Facebook
Henrique Pinto, Paredão, Estoril, com Andreia Pinto



terça-feira, 12 de janeiro de 2016

ALÔ, ALÔ MP, CALCITRIN NA TV!

Num destes dias, perante um anúncio da Associação de Farmácias de Providências Cautelares quanto à publicidade enganosa a um Suplemento de Cálcio na TV (o que usa imagens de Simone de Oliveira), eu fiz um pequeno reparo. Aqui no Facebook felicitei a iniciativa. Lembrei também o fato de a referida entidade patronal não deixar de permitir que aqueles estabelecimentos vendam todos os congéneres possíveis desses produtos, e doutros de igual efeito, que apenas servem para aliviar a carteira de quem compra. Bom, alguém pouco respeitador conseguiu subtrair-me o post. E a tal publicidade lá continua em grande nas pantalhas.
Henrique Pinto
Janeiro 2016

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

NÓVOA, O GENUÍNO!

António Sampaio da Nóvoa
António Sampaio da Nóvoa merece ir à segunda volta das eleições com Marcelo Rebelo de Sousa (que tem o caminho mais facilitado até lá). Depois, se tal suceder, e de fora, faremos tudo para termos o senhor reitor como o mais alto dos magistrados deste país naufragado.
Marcelo Rebelo de Sousa
Estas presidenciais perderam algum interesse. Em primeiro lugar pelas trapalhadas de quem quase fez sobrepor datas, enfiando-as em prazos ridículos e infelizes. Depois porque há muitos candidatos, e – preso por ter cão, preso por o não ter -, a comunicação social acumular debates sobre debates, banalizando-os, retirando-lhes o sabor.
Paulo Morais com Henrique Pinto
Não conheço o Tino nem o psicólogo nem Sampaio da Nóvoa nem a Marisa Matias (que pena, é lindíssima, faz-nos sonhar e tem a voz de Greta Garbo!). Sou amigo de quase todos os restantes.
Vários candidatos corporizam candidaturas anedóticas mesmo se legítimas. São vaidades de quem pode. Lembro-me dum, estudante universitário na crise de 1969, de quem se diz ter tido a sua prática mais revolucionária quando zurrava aos ouvidos dos cavalos da GNR. Pelo menos o resultado era óbvio.
Outros dão a cara tão só para fidelizar o eleitorado dos seus partidos ou para dar luz a uma causa, como a anticorrupção.
Pontes Leça, José Ribeiro Vieira, Álvaro Órfão, Henrique Neto e Henrique Pinto
Recordo amiúde a frase lapidar de Abel Salazar «os médicos que só sabem medicina nem medicina sabem!». Pode aplicar-se a tudo e nela encaixa na perfeição o atual presidente. Ouvir anos a fio alguém que só fala de finanças, de economia, de direito, de empresas, sei lá, é algo deprimente, enfastiante e inócuo.
Henrique Pinto e Maria de Belém
Do cimento das civilizações, da alma, do querer coletivo, do consenso, da cultura em sentido lato, de gerações críticas, da importância do saber, dos pobres que não têm forçosamente de o ser e daqueles incapazes de se libertarem dessa condenação, do diálogo, do constructo Europeu e do como dirimir os seus méritos e deméritos (ou seja, das pessoas e os seus mundos), e por aí adiante, só Sampaio da Nóvoa se interessa por evocar.
Carlos Carranca, José Lérias, Edmundo Pedro e Henrique Pinto
A meu ver este é mesmo o perfil ideal dum presidente da República, na senda de Eanes, Soares e Sampaio. Tão pouco é pessoa dada a cosméticas.
Durante 20 anos a partir de 85 tive cargos em campanhas presidenciais. Por três vezes convidado apenas numa aceitei ser mandatário. Foi exatamente com o meu colega e amigo Fernando Nobre a candidato. A comunicação social era francamente hostil, não havia quaisquer apoios partidários e com Manuel Alegre à ilharga, sem que o sistema de recolha de fundos de Obama funcionasse em Portugal, com uma direção de campanha tendo o pé maior que a perna, Fernando Nobre conseguiu mais de 600000 mil votos no país e cem mil na minha área. Por isso não é tão difícil assim. Vamos lá Professor Nóvoa!
Henrique Pinto

Leiria, Janeiro 2016
Henrique Pinto

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A CAMINHO DE BELÉM

Lá foram mais doze passas antes de brotar o fogo, comprado aos chineses com o dinheiro pago à EDP, e uma taça de champanhe mal caiu a primeira lágrima incandescente. E depois…?
As preces e promessas misturadas nesse tal degustar raramente são cumpridas ou a sua concretização é preterida para um ato desesperado de coragem. Uma fatalidade a sobrepor-se em intensidade à prática dos políticos, agora a caminho de Belém, finda a sua campanha.
Muitas razões explicam a nossa incongruência. Em primeiro lugar está um pedaço da cultura tradicional. Busca-se com mais fé a pilula, o chá, a mistela, a publicidade enganosa, o consuetudinário farmacológico, as empresas de curas milagrosas, que o conselho e a experiência de quem é profissionalmente reconhecido para dizer como é.
Empresas como a Nutribalance, a Leve, a PronoKal, a Herbalife, entre outras, atuam no nosso país sem quaisquer baias por parte da Saúde, com uma máquina promocional muito oleada. Promete-se o «emagrecer» miraculoso num mês ou em tantas semanas como se tal fosse uma virtude. Tem os seus efeitos, é verdade, mas melhor será para os usufrutuários não deitarem fora a roupa larga ontem abandonada.
Mas há o lado positivo dos Solstícios e dos ritos de viragem do ano. A nossa mente é suficientemente poderosa para minorar a força dos impulsos, do improviso, do desregulamento. Nestes instantes do renascer cósmico, ou depois dos excessos, pode tornar-se motivador mudar de hábitos. É uma aventura fruto da consciência, da vontade, e tão perene quanto a força da nossa convicção, do caráter ou da própria motivação.
Os farmacêuticos sabem bem ser um desperdício, podendo mesmo dizer-se lixo, a generalidade dos produtos expostos nos seus estabelecimentos, destinados a «emagrecer». Os nutricionistas graduados – bem como outros profissionais licenciados - saberão, mau grado grassar um enorme desemprego, estarem a enveredar por más práticas quando associados à venda de tais produtos. Sabê-lo-ão também se ao serviço de ginásios recomendarem as «bombas» ali vendidas, ou seja, litros de suplementos de toda a ordem, de elevado teor proteico, admitidos quando muito no mundo da alta competição, e ainda assim com reservas. A consciência dir-lhes-á pelo menos duas coisas: o exercício físico regrado é essencial à qualidade de vida, mormente para um regime de alimentação saudável, mas nunca usando tais produtos; a mortalidade por problemas cardíacos associada a tais revigorantes, é considerável.
Sendo assim, é de aproveitar a motivação de estar a desabrochar um novo ano para darmos início a uma vida alimentar mais consentânea com o viver mais e melhor.
Por outro lado o país tem agora um ministro da saúde especialista de saúde pública. Dele se espera possa vir a regulamentação para o setor da alimentação saudável bem como a promulgação de exemplos de boas práticas.  
Henrique Pinto, Professor Doutor
Médico graduado em Nutrição Clínica

In Diário de Leiria 2016