Lá foram mais doze passas
antes de brotar o fogo, comprado aos chineses com o dinheiro pago à EDP, e uma
taça de champanhe mal caiu a primeira lágrima incandescente. E depois…?
As preces e promessas
misturadas nesse tal degustar raramente são cumpridas ou a sua concretização é
preterida para um ato desesperado de coragem. Uma fatalidade a sobrepor-se em
intensidade à prática dos políticos, agora a caminho de Belém, finda a sua campanha.
Muitas razões explicam a
nossa incongruência. Em primeiro lugar está um pedaço da cultura tradicional.
Busca-se com mais fé a pilula, o chá, a mistela, a publicidade enganosa, o
consuetudinário farmacológico, as empresas de curas milagrosas, que o conselho
e a experiência de quem é profissionalmente reconhecido para dizer como é.
Empresas como a
Nutribalance, a Leve, a PronoKal, a Herbalife, entre outras, atuam no nosso
país sem quaisquer baias por parte da Saúde, com uma máquina promocional muito
oleada. Promete-se o «emagrecer» miraculoso num mês ou em tantas semanas como
se tal fosse uma virtude. Tem os seus efeitos, é verdade, mas melhor será para
os usufrutuários não deitarem fora a roupa larga ontem abandonada.
Mas há o lado positivo dos
Solstícios e dos ritos de viragem do ano. A nossa mente é suficientemente
poderosa para minorar a força dos impulsos, do improviso, do desregulamento.
Nestes instantes do renascer cósmico, ou depois dos excessos, pode tornar-se
motivador mudar de hábitos. É uma aventura fruto da consciência, da vontade, e
tão perene quanto a força da nossa convicção, do caráter ou da própria
motivação.
Os farmacêuticos sabem bem
ser um desperdício, podendo mesmo dizer-se lixo, a generalidade dos produtos
expostos nos seus estabelecimentos, destinados a «emagrecer». Os nutricionistas
graduados – bem como outros profissionais licenciados - saberão, mau grado grassar
um enorme desemprego, estarem a enveredar por más práticas quando associados à
venda de tais produtos. Sabê-lo-ão também se ao serviço de ginásios
recomendarem as «bombas» ali vendidas, ou seja, litros de suplementos de toda a
ordem, de elevado teor proteico, admitidos quando muito no mundo da alta
competição, e ainda assim com reservas. A consciência dir-lhes-á pelo menos
duas coisas: o exercício físico regrado é essencial à qualidade de vida,
mormente para um regime de alimentação saudável, mas nunca usando tais
produtos; a mortalidade por problemas cardíacos associada a tais revigorantes,
é considerável.
Sendo assim, é de
aproveitar a motivação de estar a desabrochar um novo ano para darmos início a
uma vida alimentar mais consentânea com o viver mais e melhor.
Por outro lado o país tem
agora um ministro da saúde especialista de saúde pública. Dele se espera possa
vir a regulamentação para o setor da alimentação saudável bem como a
promulgação de exemplos de boas práticas.
Henrique Pinto,
Professor Doutor
Médico graduado em
Nutrição Clínica
In Diário de
Leiria 2016
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