Há uma legislação eleitoral que a nenhum dos interesses estabelecidos, dos partidos mais «gauchistes» até aos posicionados no extremo oposto, parece interessar, e que rouba crédito e prestígio a quase tudo o que se faz. Com o «chicoespertismo» e uma improdutividade seculares, próprios duma sociedade civil subserviente e maledicente, roída pela inveja, a agricultura e as pescas enterradas pela negociação precipitada da Política Agrícola Comum pelo governo da altura, haverá que inverter o que é de inverter, acabe-se com este modelo de expressão do voto gerador em absoluto de prepotência.
Tão pouco podemos com isto dar razão a Nietzsche ao dizer «o que não nos mata torna-nos mais fortes».
Há um pouco a tendência a pensar que a mudança de partido na governação, ou do mais alto líder, independentemente do patamar e da hierarquia da administração, implica uma mudança de paradigma cultural, como se a sociedade dependesse dum ideário e depois passe a sujeitar-se a outro. Esquecemo-nos do valor das mensagens e da força do exemplo, mas, sobretudo, do impacto das forças mais influentes da sociedade civil e do factor tempo.
Todavia, se entre os que se perfilam para serem eleitos estiver alguém que possa, sem sebastianismos, constituir-se como exemplo para uma sociedade inquieta, desconfiada do continuado enviesamento do mérito e farta do primado da incompetência, desesperada por uma justiça injusta, de lobbies corporativos, e um enorme fosso entre os rendimentos, alguém que pode dialogar, até por ter esse hábito que lhe garantiu o sucesso no mundo, porque não ouvi-lo?
O meu amigo Fernando Nobre não está na liça em nome da esquerda ou da direita! Esse papel é desempenhado por outros actores. Ele está na estrada em nome de todos os Portugueses.
Sabemos que entre os militantes socialistas poucos fazem boa cara ao ouvirem o nome do candidato oficial. É seguro que para muitos sociais-democratas e democratas cristãos o nome de Fernando Nobre merece aceitação superior à dos putativos candidatos da direita.
Se se tiver em consideração a análise de sondagens que fiz há um ano no meu blogue (e sei do que falo, passei a vida a estudar e a lidar com os «surveys» na saúde), e com as variáveis hoje em jogo, quem nos garante que o voto presidencial está já comprometido com A ou B?
É verdade que o está para alguma imprensa ou comunicação social que, reiterando os erros do passado, vai apostando na radicalização dos candidatos partidários, porque isso lhe alarga o leque de vendas. E é só isso, nada de extremismos como sabotagem e cabalas similares, porquanto o romance ainda está no prólogo.
Henrique Pinto
Agosto 2010
FOTOS: a última namorada conhecida de
Cristiano Ronaldo, seguramente uma boa ilustração da «inveja nacional
»; a persistência do
corredor de fundo;
Henrique Pinto com
Fernando Nobre, em Coimbra; foto de uma das missões de
Fernando Nobre em África; o drama dos fogos na
Rússia é um importante tema actual com que devemos estar solidários.
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