segunda-feira, 27 de setembro de 2010

1.CIDADANIA E ESPERANÇA: JOÃO ERMIDA, «A DÍVIDA PÚBLICA NA MÃO DE ESTRANGEIROS»

A candidatura de Fernando Nobre «personifica na íntegra as características mais importantes do povo português. Ele desde sempre agarrou o seu desafio, como os nossos antepassados, demonstrando-o no dia-a-dia». Foi assim que João Ermida, Mandatário Nacional de Fernando Nobre à Presidência, iniciou a sua intervenção na Abertura da Convenção da Cidadania e da Esperança.
«A realidade do país é complexa. 80% da nossa dívida pública está na mão de interesses estrangeiros», o diálogo entre presidente e governo tem por isso e ainda mais «de ser baseado na confiança». «Temos de mostrar a adaptabilidade a um futuro como o que temos à nossa frente». Esta adaptabilidade, um dos princípios de Fernando Nobre, «é uma das melhores mais-valias nos tempos que correm», continuou João Ermida.
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Fernando Nobre na Convenção da Cidadania e da Esperança; Torre de Belém em Lisboa, «se não fosse médico teria sido historiador», disse Fernando Nobre, numa profunda identificação com a História de Portugal e do Mundo

2. CIDADANIA E ESPERANÇA: NILTON, «ALEGRE À ESPERA QUE O PS LHE PAGUE A CAMPANHA?»


Nilton, mandatário para a juventude, com a graça incontornável que os portugueses conhecem do programa televisivo «5 para a meia noite», não deixou de ser particularmente incisivo quando disse «compete-nos perceber como é que as coisas estão, 36 anos depois do 25 de Abril estamos na mesma ou pior, as pessoas não governam, governam-se». E mais, «o presidente falou na agricultura e no mar, mas quando veio o dinheiro acabou com uma e outro», e o candidato do Bloco de Esquerda, Manuel Alegre, é quem comparou Sócrates ao pior tempo do salazarismo e agora espera que o PS lhe pague a campanha».
Artur Pereira, Director Nacional da Campanha, zurziu Cavaco Silva, putativo candidato, como «o pai do monstro que ora assola o país», o candidato «que nunca comenta mesmo quando o país é achincalhado», aquele que gastou 740 mil contos (3,7 milhões de Euros) para se fazer eleger e ora usa o aparelho de Estado» na propaganda para continuar presidente.
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Artur Pereira, Director Nacional de Campanha; Fernando Nobre no início da sua intervenção principal na Convenção

3. CIDADANIA E ESPERANÇA: FERNANDO NOBRE, SE PARA SER PRESIDENTE É PRECISO TER 34 ANOS DE DEPUTADO…

O discurso de Fernando Nobre no Parque das Nações foi vibrante, incisivo. Não deixa de ser curioso que o homem das tácticas, mestre em jogos de bastidores na política, Marcelo Rebelo de Sousa, que muitos portugueses respeitam sem entendê-lo muito bem, à noite, usasse o seu palanque televisivo para dizer que «são ideias que nada dizem a este Portugal». Terá ensandecido de ciúmes, professor Marcelo?
«Estamos a caminho de recomeçar Portugal», começou Fernando Nobre, «Não sou o produto dum partido, sou quem quer dar ao país tudo o que ele me deu».
«Sou como sou, sem décadas no partido, sem ter sido primeiro-ministro, durante esse tempo estive em hospitais de campanha, mundo fora, em vez de discursos fiz intervenções cirúrgicas» onde mais recursos não havia. Em vez de congressos liderava missões humanitárias, atento às necessidades dos outros», continuou.

«Se para ser Presidente da República é preciso ter 34 anos de deputado, então não sou bom candidato. Se for preciso ter sido primeiro-ministro e Presidente da República como Cavaco Silva foi em 29 anos, então não sou bom candidato». Mas a democracia é ter mais que partidos políticos, ou pessoas que depois neles se protegem dos seus telhados de vidro».
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Fernando Ká, Mandatário de Fernando Nobre pela Emigração, João Ermida, Mandatário Nacional, Fernando Nobre e Nilton, Mandatário Nacional da Juventude, na Abertura da Convenção da Cidadania e da Esperança; Marcelo Rebelo de Sousa e o tacticismo supostamente científico; Edmundo Pedro, decano da candidatura de Fernando Nobre e decano da Comissão Política Nacional do PS de que é fundador; o Parque das Nações em Lisboa, sede da Convenção da Cidadania e da Esperança

4. CIDADANIA E ESPERANÇA: FERNANDO NOBRE, «CAVACO PÕE A "RESPONSABILIDADE" À FRENTE DAS CONVICÇÕES…»

Venho pela «insubstituível esperança, eu sou o candidato de todos os portugueses», com a minha «organização de vida, convicções e até talvez com os meus defeitos, mas à vossa frente está um homem de convicções».
«Tenho um pacto com todos os portugueses incomodados com o futuro e o dos seus filhos, com o estado a que chegou esta nação».
«Nunca fui contra os partidos políticos, mas estes precisam de se repensar»!
«Cavaco Silva diz que põe a responsabilidade à frente das convicções. Mas eu acredito nas convicções e não me custa morrer por elas». «Não há paixão, coerência e democracia sem convicções e sem princípios, a responsabilidade só vem depois», e não necessariamente «moldada às conveniências de cada momento». «Não sou capaz de fazer o que for preciso para ter mais votos».
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: o Professor Carlos Carranca, de Coimbra, intervindo de modo vibrante, na Convenção da Cidadania e da Esperança; a intervenção forte de Fernando Nobre

5. CIDADANIA E ESPERANÇA: FERNANDO NOBRE, INCOMODIDADE NO PSD COM CAVACO SILVA

«O PS está dividido com Manuel Alegre». Edmundo Pedro, padrinho de casamento de Manuel Alegre e membro da Comissão Política Nacional do PS, apoiante distinto de Fernando Nobre, disse mesmo que não fora a inédita votação de braço no ar a divisão neste órgão do PS teria sido absoluta. Num plenário nacional da juventude socialista metade da sala calou-se aquando dum “viva” ao candidato Manuel Alegre e na Convenção Autárquica Socialista contam-se pelos dedos duma só mão os defensores do “poeta” candidato.
«Muitas pessoas no PSD não estão confortáveis com Cavaco Silva. E como poderiam não estar?».
«É com a liberdade, independência e amor pelos outros que vos digo, apelem às vossas convicções para escolherem o vosso candidato, a vossa liberdade é soberana»!
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: António Varela, director distrital de Leiria da candidatura de Fernando Nobre; João Ermida, Fernando Nobre e Nilton

6. CIDADANIA E ESPERANÇA: FERNANDO NOBRE E OS «POLÍTICOS DE PLÁSTICO»

«Os políticos profissionais parecem feitos de plástico». Não tenho «partidos atrás de mim, tenho um país à minha frente que merece melhor». Tenho milhares de pessoas, cidadãos livres como eu, que darão luz a este projecto para um Portugal melhor». Mergulham-nos diariamente na frieza cruenta das estatísticas para ofuscar ou enaltecer fenómenos económicos eventualmente significativos. «Estatísticas significam pessoas», responde com emoção. «Estabilidade política e credibilidade do Estado» são imperativos» incontornáveis. «Mas nada é mais prioritário que ajudar um trabalhador a voltar à vida activa»! Porque não humanizamos os nossos Centros de Emprego»?
«Um Estado que não é capaz de se governar não é capaz de governar os seus cidadãos». O presidente da república não governa. «Mas é quem deve aconselhar, concertar, ser o galvanizador»! «Um ano depois das eleições legislativas estamos em campanha eleitoral permanente. Trabalha-se mais para as televisões que para os portugueses».
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Edmundo Pedro, decano da Comissão Política do PS, apoiante indefectível de Fernando Nobre; Gare do Oriente no Parque das Nações em Lisboa, obra do arquitecto Calatrava

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A HUMILHAÇÃO DE BRUXELAS


«O visto prévio em Bruxelas é uma humilhação», disse-o Fernando Nobre em Santarém em mais uma etapa dum combate assaz difícil. Enfrentar o estabelecido, a retórica tonta de quem nunca fez grande coisa pelos outros ou os tabus de quem se escora na iliteracia vasta, como se fosse guru da economia, um e outro à porta da casa dos oitenta – e tanto afrontaram Mário Soares com a idade -, não é fácil.
Sabemos que os gregos fizeram batota com as estatísticas orçamentais ludibriando Bruxelas. Haverá a suspeita de os portugueses fazerem o mesmo? O Dr. Cavaco Silva chamava a Belém Sócrates e Passos Coelho e tudo faria para que o orçamento se concluísse sem mais incómodos para o país que os já esperados! Quem lhe diria não?
Avolumam-se os desafios para Portugal.
«O que é que os candidatos» opositores à campanha de Fernando Nobre «trazem de novo» para enfrentar tais desafios?
«Queremos que este movimento da minha candidatura a Belém se constitua como catalisador de boas vontades, estejam elas onde estiverem». No topo da nação terá de haver «responsabilidade e exemplaridade». Para o conseguir «contamos com os portugueses com coluna vertebral e espírito de acção».
Vamos assistindo ao cortejo dum presidente que não soube fazer frente aos partidos, tanto com a marcação de eleições a metro no ano passado (permitindo assim a delapidação do orçamento a favor daqueles, que recebem do Estado por cada eleição), como no Estatuto autonómico dos Açores (não requereu a constitucionalidade em tempo útil), nisso prejudicando extraordinariamente a população do arquipélago. Um presidente que «dialoga» com as forças políticas com remoques e recados através da comunicação social. Será este o exemplo a prevalecer numa Europa em perda de valores?
Fernando Nobre propugna assim uma «cultura dos deveres», o «novo e diferente» com efeito inspirador, a «cidadania prática» e culta. Idílico, dirão alguns. A cultura no poder, sentirão muitos.
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Sede da União Europeia em Bruxelas; Apresentação do Mandatário Distrital de Fernando Nobre por Santarém - Fernando Nobre; Nelson de Carvalho e Francisco Madeira; Mendes; Nelson de Carvalho; Abertura da Sede de Candidatura de Fernando Nobre na Nazaré - Telmo Inácio, Henrique Pinto e Leonel; Cavaco Silva e esposa na Turquia; Açores - ilha do Pico com São Jorge em fundo

CAVACO SILVA ESTARÁ DOENTE?


Estará o Dr. Cavaco Silva efectivamente doente, com Alzheimer?
Estará o presidente a preparar-se para resignar logo que aprovado o orçamento de Estado?
Quando uma experiência é muito repetida não é curial esperarem-se resultados diferentes dos já conhecidos.
Pois bem, há meses que circula neste país de boatos e cabalas (a minarem as expectativas tão caras à economia e ao bom nome de muita gente), que o Professor Cavaco Silva está doente e não vai recandidatar-se a Belém.
A avaliar pela encenação discursiva do seu périplo actual pelo país – recuperando para si parte dos argumentos de outros candidatos -, isto não passaria de mais uma dessas experiências, a última das atoardas com que o país tem vivido nos noticiários, anos a fio.
A quem interessa um tal boato? Se bem analisado veremos que só à personalidade nele envolvida ou à sua «entourage» político-partidária poderia interessar, se só boato, chegado momento indicado para o desmontar.
Agora são fontes mais que próximas do presidente a reiterarem a cantilena da sua doença. Estará o tabu a servir-se ou a iludir os próprios amigos?
Não acredito nesta «doença». Mas, quer haja veracidade quer reste apenas a cabala, o visado deveria fazer sobre esta situação um esclarecimento imediato. Porque qualquer das possibilidades é passível de gerar um embuste monumental, tanto maior quanto mais tarde chegar a hora da verdade.
A Dra. Leonor Beleza enquanto governante dizia, e muito bem, «o que é anónimo vai para o lixo». Mas o lixo aqui atenta contra a honra e a dignidade do cargo envolvido e de quem pode iludir-se com a eventual mexeriqueira.
Admitindo a veracidade da doença governo e principal partido opositor estariam na ignorância «oficial» deste «samizdat» a correr o país, velozmente?
Admitindo a suposta veracidade ou mentira dessa notícia que se espalha como o «crude» no Golfo do México, pessoas ilustres do país, próximas do presidente, fazedoras de opinião ou acumulando isso com a disponibilidade para «príncipes regentes», deveriam tê-lo já alertado para «o monstro» que se estará a criar.
Andará a imprensa estrangeira distraída!? Será mesmo mais uma das cabalas à portuguesa?
Agora se o desmentido chegar próximo das eleições presidenciais ninguém pode dizer em nada ter contribuído para o logro.
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Cavaco Silva; José Sócrates; Leonor Beleza; Marcelo Rebelo de Sousa; jardins do Palácio de Belém






TRAÇOS COMUNS A VICHY


Aqueles que por aí fora bradam contra o Estado Social, fruto de leituras de filosofia política apressadas, muitos deles com conhecimentos rudimentares de história e sociologia, esquecem que esse é um dos cromossomas duma sociedade de valores que não exclusivamente os materiais.
A resposta rápida, definitiva, não relativizada, intemporal e descontextualizada está na berra.
Os que não se sentem incomodados com a preferência tanto de Bush como de Obama pelas economias emergentes da Ásia, em desfavor da Europa, entendem que esse «crescimento» é o paradigma para o velho mundo ou mesmo para mais de dois terços da população desses países do oriente?

À China só lhe interessa a economia Alemã, facto que Vasco Pulido Valente esqueceu em reforço da sua tese da nova emergência da Grande Alemanha. A nova Alemanha a erguer-se sobre os escombros da Europa político-económica seguirá o exemplo xenófobo de Sarcozy, expulsando acampamentos inteiros de ciganos, para começo, com a falsa desculpa do «crime»?
O gesto do presidente francês tem alguns traços em comum com muitos do governo de Vichy. Mesmo se escorado na opinião supostamente favorável de boa parte dos franceses.
A Europa da cultura, do iluminismo, dos valores, esboroa-se. Ministros franceses e alemães, num jantar recente e super restrito em Bruxelas, lançaram acusações mútuas a este respeito brandindo os guardanapos como se gládios fossem.
















As minorias, na Europa, as imensas maiorias, pobres ou escravas, na Ásia, vão sofrer na pele e no espírito, como sempre, tanto os reveses da regressão, herdada da especulação tóxica de Wall Street, como os do crescimento selvagem?
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Sarcozy e Merkel; Wall Street (EUA); ciganos franceses expulsos do país, no aeroporto; Obama; Times Square (EUA)

domingo, 19 de setembro de 2010

FESTA DAS FAMÍLIAS EM CASCAIS


No Parque Marechal Carmona implantado na Gandarinha, em Cascais, vizinho de minha casa, fiz um percurso importante de criança e adolescente. Desapareceu o lago com barquinhos, e, felizmente, o «campus» dos animais em cativeiro. Ganhou-se uma área imensa, um tapete de relva ladeado por árvores seculares, que não deve ter inveja de Hyde Park ou do imenso St. James, em Londres.
Fui ali encontrar num destes domingos a Festa das Famílias. A organização admitiu terem ali estado pelo menos oito mil núcleos familiares num só dia. Tive a grata surpresa de encontrar milhares de pessoas deitadas na relva, sem inibições, tranquilas. E o gosto de ver inúmeras organizações, tanto da
solidariedade como da prestação directa de cuidados de apoio à família, demonstrando a sua capacidade de intervir na qualidade de vida. Digo muitas vezes, independentemente das posses, a solidão dos mais afortunados em nada é inferior à dos pobres. Nem mesmo assim esqueço a ignorância do grande empresariado que julga o serviço social como uma área assistencial, dos pobres, e inunda as instituições que criou com psicólogos quanto baste. Como se ambos os sectores profissionais não tivessem uma aplicação específica num universo generalista.
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Pavilhões das empresas de prestação de serviços às famíliasna Festa das Famílias; Largo da Câmara em Cascais; Hyde Park em Londres



quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A CASA DE SABÓIA NO ALVOR DA REPÚBLICA


Quando olho a estátua memória do rei D. Carlos I - um eminente artista e pioneiro estudioso do mar, tal como Rainier I do Mónaco a quem acompanhou em expedições científicas pelos Açores -, sobranceira à baía de Cascais, ali no Passeio que tem o nome de sua mãe, Rainha Maria Pia, recordo-me sempre de minha avó Margarida, que eu tanto amava. Dizia ela ter visto por várias vezes, quando moça, o anafado
rei, visitava ele a herdade dos Ramada Curto, à Lagoa de Albufeira, em Sesimbra, para ir caçar.
Ocorre-me também muitas vezes a lembrança do rei Humberto II de Itália, por muitos anos refugiado em Portugal a exemplo do seu bisavô. As suas duas casas de Santa Marta, em Cascais, constituem hoje, unidas, um luxuoso hotel. Andava muito a pé e cumprimentava-me sempre e a meus pais com grande simpatia quando passava por nós.
Ora, Humberto II reinou em Itália apenas 33 dias. Seu pai, Victor Manuel III, apesar dum início de reinado com pouco a questionar-se – assinou até com o papa Pio XI a criação da Cidade Estado do Vaticano, um problema quente desde a anexação de Roma por seu avô, Victor Manuel II, o unificador de Itália (que desde logo nos evoca as óperas nacionalistas de Verdi, tão populares nesse tempo) –, encostou-se e deu rédea solta à governação fascista (a palavra vem exactamente deste período, do «fascio» italiano) de Benito Mussolini. Isto não caiu bem a boa parte dos italianos. Em 1946, feito o referendo, estes optaram pela república em desfavor da monarquia. Mesmo se o Vaticano tivesse deixado clara uma suposta «manipulação» do voto.
Numa tentativa desesperada de sobrevivência da reinante Casa de Sabóia, Victor Manuel III antecipou-se ao acto referendário. Abdicou em 9 de Maio de 1946 a favor do filho Humberto II, o qual já vinha exercendo as funções de Chefe de Estado desde a libertação de Roma pelos aliados em 1944. Mas o rei Humberto II viria a aceitar em de 2 de Junho seguinte os resultados do plebiscito.
Victor Manuel III, filho de Humberto I de Itália, assassinado, irmão da Rainha D. Maria Pia de Portugal, esposa do rei D. Luís e mãe do rei D. Carlos, era primo direito deste. D. Carlos foi assassinado com seu filho Luís Filipe em 1908, exactamente quando o governo, chefiado por João Franco, seguia uma política autoritária. Um desfecho trágico que «encurtou» o caminho até à república, instaurada faz agora cem anos.
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: estátua memória do Rei D. Carlos no Passeio D. Maria Pia, em Cascais; Rei D. Carlos à caça; Rei Humberto II de Itália; o hotel em Cascais que uniu as duas vivendas do Rei Humberto II em Santa Marta, Cascais; Rei Humberto II de Itália; Praia do Guincho e Cabo da Roca (o Rei D. Luíz iniciou as permanências sazonais da côrte em Cascais, no apreço pelo lugar e redondezas); Baía de Cascais vista do Clube Naval

ACREDITAR NAS CRIANÇAS















A pedofilia é hoje unanimemente condenada.
Ela tem o seu cenário de eleição dentro da própria família. São pai e mãe, madrasta e padrasto, irmãos mais velhos, tios e avós, os seus perpetradores mais comuns. Só depois vêm os estranhos às vítimas, como no processo em apreço. É um dado há muito incontornável na literatura médica. Um tabu que ninguém quer discutir e encarar.
Com ou sem erros jurídicos de percurso (a perfeição a Deus pertence), o processo Casa Pia chegou a conclusões. Houve supostos actos provados, com certeza os mais óbvios, e condenações. Pode-se ter ficado chocado por ver personalidades como Carlos Cruz, querida de muitos portugueses, entre os condenados. Mas fica-se com duas convicções muito fortes: a Justiça funcionou; às vítimas, envolvidas desde crianças neste puzzle doloroso, foi-lhes dada a confiança de lhes dar razão, de acreditar nelas. É a todos os títulos relevante, exemplar em termos sociológicos e saudável.
Não pactuo com as «conspirações» em voga. Os juízes do inicio e «fim» do processo são dignos dos maiores encómios.
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Juíz Rui Teixeira (iniciou o processo); Carlos Cruz