Eu adoro estes convívios, estava deliciado e bem disposto, rodeado de pessoas que estimo, a deitar farpas aqui e ali, e por isso ainda cutuquei os meus amigos deputados, «perdi-me, mas afinal onde estavam hoje direita e esquerda?».
Muita gente insuspeita diz
que não fora a «precipitação» da então oposição em fazer cair o governo e a
situação seria hoje outra mais favorável. À altura já estaria negociado e
sancionado pela chanceler alemã um empréstimo em condições menos duras. Bem, em
história não há «ses», ficará por saber-se, sobretudo no que respeita à justeza
da
aplicabilidade desses fundos eventualmente acordados. Caímos no fosso e há
que tentar sair-se dele. A forma de o fazer é que, tal como a queda, nos parece
mais dolorosa e danosa que o necessário. Estou em crer que o responsável pelas
finanças terá alguma noção do que está a fazer, sacrifícios aos bochechos por
conhecer a dose certa do medicamento, inaplicável numa só toma. Atribui-se ao
cientista Lavoisier, guilhotinado na Praça da Concórdia ao tempo do Terror de Robespierre,
que «a diferença entre medicamento e veneno é apenas uma questão de dose». Aquele
parece demonstrar ainda assim um desconhecimento grave da dinâmica social
portuguesa. E ninguém o mandatou para colocar as «soluções» numa rota
eminentemente neoliberal. A negociação das privatizações por ele ou pelas
entidades externas entendidas necessárias (a RTP e a TAP privatizadas são um
absurdo fora desta rota ideológica), foram entregues a António Borges. Antigo
responsável do FMI para a Europa, foi despedido ao fim dum ano, supostamente
por não ser politicamente correcto, no contexto actual, o facto de este
economista ter sido quadro com peso do Goldman Sachs, dito «O banco», esse
aparelho financeiro de influência tentacular. E foi responsável desta
instituição exactamente quando ela é
acusada de ter manipulado as contas da
Grécia para permitir a entrada deste país no Euro. Uma operação que terá
endividado inexoravelmente a Grécia a favor da entidade manipuladora.
Responsável, dizia, ainda no período em que o Goldman terá negociado as privatizações
mais significativas na Europa. Para qualquer cidadão avisado só isto bastaria
para estar menos confiante. Mas nenhum dos oradores passou por aqui. De
parabéns estão, sobretudo, o Região de Leiria e empresas de excelência e
personalidades que distinguiu na ocasião.
Henrique Pinto
23 de Novembro de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário