Inovação, orientação
estratégica, empreendedorismo individual, de grupo e associativo, criatividade,
resiliência, qualidade, educação específica e literacia, são atributos e forças
já demonstradas pelos promotores do desenvolvimento ou crescimento regional,
pelas pessoas que o corporizam, e que devem ser apreciados como forças no eixo
Pessoas. E se o foram no passado recente, deverão sê-lo num futuro a construir.
De facto o reconhecido
empreendedorismo regional a título individual, e a qualidade dispersa por
sectores vários, estãocada vez mais a dar lugar a uma acção produtora e
inovadora de grupo, de associações, de qualidade acrescida, uma força
significativa para chegarmos mais longe. Força que inspira quantos encaram as
situações menos boas, da chamada «crise», recessivas mesmo, como uma
oportunidade para experimentar e aplicar métodos e caminhos diferentes e
promissores, mesmo quando com risco superior.
É notável este novo
empresariado que ao sebastianismo choramingas e ao fazer de aparência opõe com
pragmatismoe resiliência «o impossível faz-se já ou demora só mais um bocadinho».
Através dos seniores, num eficiente processo de envelhecimento activo
(Conservatório Sénior, como nalgumas empresas também), é patenteável, de modo
muito meritório, a capacidade para processos de mentoria. Por oposição ao
modelo Porter (enquanto uns ganham os outros têm de perder), prevalece nalgumas
áreas, sobretudo nas do saber qualificado, a ideia de concorrência saudável, de
negação da lógica de oposição escassez/abundância ou da de ameaça dos produtos
substitutos, no haver inovação com valor, sistemática, contrária às ideias do lowcost, insustentáveis. Este é um
empresariado estruturalmente jovem na sua maioria.
A generalização da formação
específica e da mentoria sénior tornou-se uma outra força. Quase desapareceu o
empresário bem sucedido mas que ainda abria o correio, substituído pelos que
tornam a qualidade competitiva inalienável, sustentada no saber, nos seus investimentos
de arrojo.
Um modelo de Plano para a
excelência regional foi produzido, ao tempo do notável empresário Rui FilintoStoffel
como presidente do NERLEI, e seu promotor, , entre outras. A proposta «engasgou-se»
exactamente quando lhe foi necessário o apoio das entidades públicas locais, de
manifesta resistência conservadora ou ignorante.
O mesmo sucedeu quando se
apresentou um modelo para o Turismo, assente em meia dúzia de pérolas como a
cultura e o ambiente,que boa parte da região merecia ter e não tem. Pouco
importa agora a queixa sobre a organização regional ter sido transferida para
Aveiro! Em Leiria só funcionou ao tempo do espírito aberto de Joaquim Vieira. As
pessoas contam. Basta um modelo de cooperação de pessoas clarividentes e
empreendedoras, não egocêntricas, ligadas a múltiplos sectores, em sinergia, ungidas
por uma estratégia coerente, fácil de montar, e o turismo, consigna essencial
para a excelência, será uma realidade. Este género de ameaças, do
conservadorismo ao empobrecimentocorrente
do país, num processo de resgate financeiro, a cuja cura alguma governança tenta
aplicar lunáticas filosofias neoliberais, atéao endividamento das autarquias,
pode ter como oposição a resiliência já manifesta por sectores do empresariado
regional em geral, dos actores locais, incluindo os do saber. Num contexto como
este é normal o apeloa quem, infelizmente, escolhe os candidatos a sufrágio,
para que minorem o eminentemente político em favor do conhecedor experiente. É
normal fazer-se igual apelo aos gestores públicos e aos autarcas para uma
aposta forte na cultura. O semanário Expresso já escandalizou muita gente
quando apontou Leiria como tendo o melhor ratio percapita na oferta cultural. A região tem a
monumentalidade mais
diversa e imponente do país. E tem ainda o segundo melhor per capita músicos por habitante no espectro nacional. E num
período de dificuldades como este que melhor desiderato para as autarquias, em
sinergia com o sector privado e associativo, do que a aposta na cultura. Obviamente
não no sentido etnográfico ouvido a responsáveis da JLM, mas como arsenal
ideológico que induz a mudança pelo conhecimento. A estratégia do Orfeão de
Leiria, tem resultados e impacto provados. A estratégia apontada nos estudos
encomendados ao Observatório das Actividades Culturais pelas Câmaras de Cascais
e do Porto, para o vector Cultura, é semelhante à do Orfeão de Leiria, e
igualmente eficaz. Aos actores da cultura como aos dos negócios é indispensável
uma orientação estratégica pertinente e fundamentada, assente em pessoas
conhecedoras, sensíveis e resilientes.
Henrique Pinto
Novembro de 2012
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