terça-feira, 4 de dezembro de 2012

OS PROTAGONISTAS DA VIDA (2)

Vemos assim que na Região de Leiria existem polos de excelência a níveis diversos através de múltiplos exemplos de qualidade, nomeadamente nos campos agrícola, industrial, educação geral e artística, saúde e serviços, pelo menos, associados a taxas de crescimento da riqueza muito favoráveis.
Inovação, orientação estratégica, empreendedorismo individual, de grupo e associativo, criatividade, resiliência, qualidade, educação específica e literacia, são atributos e forças já demonstradas pelos promotores do desenvolvimento ou crescimento regional, pelas pessoas que o corporizam, e que devem ser apreciados como forças no eixo Pessoas. E se o foram no passado recente, deverão sê-lo num futuro a construir.
De facto o reconhecido empreendedorismo regional a título individual, e a qualidade dispersa por sectores vários, estãocada vez mais a dar lugar a uma acção produtora e inovadora de grupo, de associações, de qualidade acrescida, uma força significativa para chegarmos mais longe. Força que inspira quantos encaram as situações menos boas, da chamada «crise», recessivas mesmo, como uma oportunidade para experimentar e aplicar métodos e caminhos diferentes e promissores, mesmo quando com risco superior.
É notável este novo empresariado que ao sebastianismo choramingas e ao fazer de aparência opõe com pragmatismoe resiliência «o impossível faz-se já ou demora só mais um bocadinho». Através dos seniores, num eficiente processo de envelhecimento activo (Conservatório Sénior, como nalgumas empresas também), é patenteável, de modo muito meritório, a capacidade para processos de mentoria. Por oposição ao modelo Porter (enquanto uns ganham os outros têm de perder), prevalece nalgumas áreas, sobretudo nas do saber qualificado, a ideia de concorrência saudável, de negação da lógica de oposição escassez/abundância ou da de ameaça dos produtos substitutos, no haver inovação com valor, sistemática, contrária às ideias do lowcost, insustentáveis. Este é um empresariado estruturalmente jovem na sua maioria.
A generalização da formação específica e da mentoria sénior tornou-se uma outra força. Quase desapareceu o empresário bem sucedido mas que ainda abria o correio, substituído pelos que tornam a qualidade competitiva inalienável, sustentada no saber, nos seus investimentos de arrojo.
Um modelo de Plano para a excelência regional foi produzido, ao tempo do notável empresário Rui FilintoStoffel como presidente do NERLEI, e seu promotor, , entre outras. A proposta «engasgou-se» exactamente quando lhe foi necessário o apoio das entidades públicas locais, de manifesta resistência conservadora ou ignorante.
O mesmo sucedeu quando se apresentou um modelo para o Turismo, assente em meia dúzia de pérolas como a cultura e o ambiente,que boa parte da região merecia ter e não tem. Pouco importa agora a queixa sobre a organização regional ter sido transferida para Aveiro! Em Leiria só funcionou ao tempo do espírito aberto de Joaquim Vieira. As pessoas contam. Basta um modelo de cooperação de pessoas clarividentes e empreendedoras, não egocêntricas, ligadas a múltiplos sectores, em sinergia, ungidas por uma estratégia coerente, fácil de montar, e o turismo, consigna essencial para a excelência, será uma realidade. Este género de ameaças, do conservadorismo ao  empobrecimentocorrente do país, num processo de resgate financeiro, a cuja cura alguma governança tenta aplicar lunáticas filosofias neoliberais, atéao endividamento das autarquias, pode ter como oposição a resiliência já manifesta por sectores do empresariado regional em geral, dos actores locais, incluindo os do saber. Num contexto como este é normal o apeloa quem, infelizmente, escolhe os candidatos a sufrágio, para que minorem o eminentemente político em favor do conhecedor experiente. É normal fazer-se igual apelo aos gestores públicos e aos autarcas para uma aposta forte na cultura. O semanário Expresso já escandalizou muita gente quando apontou Leiria como tendo o melhor ratio percapita na oferta cultural. A região tem a
monumentalidade mais diversa e imponente do país. E tem ainda o segundo melhor per capita músicos por habitante no espectro nacional. E num período de dificuldades como este que melhor desiderato para as autarquias, em sinergia com o sector privado e associativo, do que a aposta na cultura. Obviamente não no sentido etnográfico ouvido a responsáveis da JLM, mas como arsenal ideológico que induz a mudança pelo conhecimento. A estratégia do Orfeão de Leiria, tem resultados e impacto provados. A estratégia apontada nos estudos encomendados ao Observatório das Actividades Culturais pelas Câmaras de Cascais e do Porto, para o vector Cultura, é semelhante à do Orfeão de Leiria, e igualmente eficaz. Aos actores da cultura como aos dos negócios é indispensável uma orientação estratégica pertinente e fundamentada, assente em pessoas conhecedoras, sensíveis e resilientes.
Henrique Pinto
Novembro de 2012
 

 

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