quinta-feira, 20 de outubro de 2016

SATISFAÇÃO PLENÍSSIMA

Leiria
Tenho a certeza de ter salvo muita gente da morte anunciada ou da pobreza prepotente. O que me dá confiança e persistência. As obras que construí por aí durarão seguramente pelo seu valor intrínseco.
Na próxima semana palestrarei no Rotary Club em Aveiro. Transmitir o que se sabe para melhor ajudar a prática da solidariedade e do bem servir é algo que me empolga. Por isso faço anualmente 50-60 destes encontros, a convite dos companheiros Rotários responsáveis.
A reunião semanal do meu clube, o Rotary Club de Leiria, teve um motivo de atração especial.
Quando fui presidente do clube, antes de me ter habilitado a Governador de Rotary International, criei a instituição de solidariedade (depois IPSS), para a qual encontrei o nome feliz de Vida Plena. Consegui o apoio do Estado em 250 000 € e a cooperação de várias instituições regionais, de par com a autarquia). Depois os companheiros ajudaram a levantar a Obra.
Realizou-se assim a Assembleia Geral da IPSS, com os sócios (maioritariamente rotários), e as representações da Câmara Municipal e do Agrupamento de Freguesias de Leiria.  E, como foi reconhecido pelo presidente Victor Cordeiro, tal imbuiu-me dum silencioso orgulho
Esta IPSS foi criada na firme atenção de servir as crianças em maior risco e menor proteção. Na Carta de Intenções que escrevi em 1998 o objetivo era mais amplo, incluindo, por exemplo, desde a melhoria ambiental da família ao pleno emprego de ao menos um dos pais. Todavia, alguns dos parceiros queriam ver resultados mais rápidos. Perdeu-se assim parte do propósito do começo em favor da eficácia. Mas estamos felizes pelos resultados.
É um infantário fantástico que fecha apenas 8 dias por ano (à volta, entidades com preços superiores e iguais condições do Estado, chegam a encerrar 6 semanas por ano), recebe as crianças menos favorecidas (e também de estratos sociais mais possidentes, que procuram qualidade ao melhor preço, mas onde só o staff sabe quem são as crianças, desfavorecidas ou não), e pratica os preços mais baixos do mercado. Tem uma equipa notável e parca e instalações de imensa beleza e bem estar.
Enfim, Rotary, sobretudo pelo mundo onde cheguei e me proporcionaram intervir, a Saúde, exatamente com semelhante extensão física, terrena, o Orfeão de Leiria, os seus conservatórios, as geminações da cidade pelo mundo, os Festivais de Música, Vida Plena, em tudo o que me esforcei por fazer bem, e muitas das pessoas boas de Leiria, constituem assim boa parte da minha Satisfação Plena.
H Pinto
Outubro 16
Inauguração do Edifício Escola do Orfeão de Leiria pelo senhor Presidente da República Jorge Sampaio


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

DR. ADALBERTO, ACUDA-NOS!

Napoleão Bonaparte
Tem havido sempre um inacreditável temor das autoridades portuguesas quando se trata de bulir com o interesse egoísta de atores empresariais estrangeiros. Mesmo se estes forem meros franchisados, tipo Uber  (dos táxis) ou Holon (farmácias e dietas). 
O autor Henrique Pinto
O escândalo a emergir da assistência social inglesa, envolvendo a retirada de filhos aos pais, com supostas ligações a redes internacionais perversas de crianças para adoção – tanto ou mais abjeto que a sonegação oficial de cinco crianças a uma mãe, recentemente ocorrida em Cascais -, arrastou até declarações poucos dignas dum boçal governante para a emigração.
A Saúde elegante das meninas, Lu e Cylene
No último mês os escaparates e montras de centenas de farmácias, alguns murais, rádios e televisões, revestiram-se de publicidade das multinacionais das dietas, acientífica e danosa para a saúde dos portugueses. Seja o perca x quilos em y semanas, ou o carater grátis ou sem comprimidos das dietas, a tornear o princípio correto dos Cinco Erros das Dietas da Moda – o ganhe Saúde, atinja o seu peso ideal ao seu ritmo, sem sentir fome, sem fazer sacrifícios, só com a sua comida. Contraria-se a aprendizagem da gestão do peso para a vida por parte do consumidor! É mais importante vender pilulas ou refeições pré-embaladas para uma vida ou até o utilizador desistir, mais gordo e sem confiança em ninguém.
Pico, vista da Igreja de São Roque
Desconheço qualquer regulação destas empresas na nossa organização jurídica, por parte da Saúde ou da Agricultura. E tinha francas esperanças de o nosso ministro Adalberto Adalberto Campos Fernandes, por ser bom na sua Obra, pudesse pôr alguma ordem neste setor. Mesmo se começando por fazer uma boa dose de pedagogia da informação académica suscetível de contrariar estas novas invasões (tão napoleónicas quanto as de Bonaparte) da nossa Saúde.

Hpinto, Outubro 2016
Imagens Health, com a devida vénia

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

MENINA ESTÁS À JANELA...

Henrique Pinto com Raúl Castro
Vejo com muito agrado – de par com o anúncio de cedência da Vila Portela à autarquia, para as Artes, ao dito por aí-, de alguém na Câmara de Leiria falar de Leiria Capital Europeia da Cultura. Ótimo, trabalhem isso!
Henrique Pinto com Vitor Lourenço e Professor Pina
Sempre tive apoio dentro da Câmara de Leiria, sendo eu presidente de instituição para a cultura (mesmo quando o senhor Eng. Proença me dizia para fazer coisas mais corriqueiras na cultura ou nas alturas onde me «torpedeava» por eu não rubricar, nas minhas funções, documentos ratificadores de ações inimigas da sanidade pública. As presidências de Isabel Damasceno e Raúl de Castro foram, no entanto, dum apoio mais volumoso e muito importante.
...com Miguel Sobral Cid
Claro que tal iniciativa cresce quando Leiria está culturalmente um tanto na penumbra. Tem hoje mais relevo como promotor o responsável por Entremuralhas, uma excelente iniciativa, mais generalista e com limitação sazonal. Porquanto o grosso das iniciativas da autarquia «tidas como culturais» se situam num patamar mais populista. Sem que isso seja em si um fator negativo.
Teria tido um gosto muito grande se esse propósito tivesse aflorado quando eu presidia ao Orfeão de Leiria, então entidade quase máxima da cultura em Portugal, e a viver de boa saúde.
Edifício novo do Orfeão de Leiria, levei dez anos para lograr o seu financiamento
Mas talvez as pessoas não estivessem preparadas para tal. Recordo-me de uma pessoa não muito tarimbada – achava a prática do OL «uma loucura», um excesso - , hoje escriba de artigos sabotadores do que outros fizeram de bom, ter votado em sede de Comissão de Turismo contra uma proposta do presidente desta instituição, que eu subscrevia (não me alongo agora sobre as razões), para se classificar a cidade  de Leiria como Capital da Música, que o era de fato. Há quem seja incapaz de compreender a importância de se criarem dinâmicas impulsionadoras onde o Movimento é boa parte da Obra.
...com Carlos de Pontes Leça
De certa forma outros fizeram o mesmo às imensas propostas resultantes de estudos sérios, formuladas por Rui Filinto Stoffel, enquanto este presidia ao NERLEI. E que pena sinto hoje pelos entraves que lhe criaram a propósito. Provavelmente Leiria já teria esse galardão, dado que é importante fazer um sem número de promessas e depois cumpri-las.
Por isso subscrevo os desejos dos que pensam em Capital Europeia. Tal poderá corresponder a um impulso oficial e das estruturas da comunidade para se fazer mais e melhor. Porque isso também exige mais pessoas ágeis, competentes de fato.

Hpinto, Outubro 2016
 
Henrique Pinto em Milão, La Scala

terça-feira, 4 de outubro de 2016

FUGIR AO RADICALISMO

Como encarar esta efeméride do Dia do Animal?
Pensando em duas ou três ideias básicas e juntando-as com honestidade e desprendimento.
O Homem é um animal carnívoro. Come carne e peixe. Mas também come plantas e frutos para equilíbrio do seu metabolismo ou como única opção. É o seu determinismo como espécie. E cada espécie tem o seu.
Existem, e muito bem, movimentos de defesa dos animais. O PAN português nem tem sido muito ortodoxo. Aparecem agora os grupos institucionalizados de defesa das plantas.
Se não houver algum bom senso para fugir ao radicalismo de qualquer destas forças de opinião estaremos a conjeturar para pôr em causa a vida na terra e a vilipendiar as amibas, nossas antepassadas distantes.
Há um campo enorme para a defesa do direito animal, o de ter uma vida condigna no seu habitat, com alimentos e sem maus tratos, e o respeito do Homem. A caça moderada e organizada com base na Lei tem um efeito substantivo na preservação das espécies e na proteção das culturas. Do mesmo modo, e ao invés, as quotas de pesca levam ao equilíbrio da fauna e à preservação dos habitats.
Quem exaurir os solos com colheitas repetidas ou fizer cortes de árvores e plantas de menor porte, com caráter avulso – e, no entanto, tem sido esse o procedimento mais frequente, tolerado oficialmente, com sobreiros, azinheiras, etc. para fins de dúbio interesse -, está, obviamente, a agir danosamente sobre o planeta Terra e a sua atmosfera. O direito de todos nós à qualidade de vida e ao da paisagem e da estética também cabe nesta rubrica.
As associações para proteção de ambas as extensões da vida têm feito um bom trabalho, em geral.
E há bons exemplos por aí. O Cirque du Soleil, porventura o maior do mundo, não tem animais. Todavia, compete à educação das nossas crianças e adultos fazerem deste item sua área de trabalho. É algo a fazer parte do ADN dos nossos concidadãos e das diversas políticas públicas, da agricultura às forças da Lei, bem como dos Anais da cidadania.
Hpinto no Dia do Animal

Outubro 2016
Fotos: imagens da digressão em curso do Cirque du Soleil

DIA DA NÃO VIOLÊNCIA, O ZÉ E A LEI

O dia consagrado à não violência hoje celebrado, por justaposição a uma efeméride de Gandhi, corre o risco de banalização. E não é apenas pela questão da Síria e dos refugiados de guerra, as mortes no Mediterrâneo, os eritreus nos campos da Etiópia ou os palestinianos no Líbano, pelas declarações de Trump ou de Erdogan e o resultado do referendo húngaro. Tampouco o é pelo oportunismo de Juncker e de Georgieva, ou o putativo corte dos Fundos Comunitários a Portugal e Espanha. A tudo isto já nos habituámos a reagir com alguma indiferença, infelizmente.
Estou a pensar, isso sim, na violência das relações interpessoais, mesmo da dos cidadãos anónimos entre si, no abandono dos velhos ou no desrespeito para com eles, na falta de decoro para com professores, médicos, doentes e juízes, sobretudo. Mas também nos modos de superioridade arrogante de classes profissionais sobre os contribuintes ou os depositantes nos bancos, dos condutores entre si e para quem anda nas ruas e de muitos destes para com os condutores. Atravessa-se a rua sem olhar, telemóvel nas orelhas, conversando ou namorando, ás vezes invetivando. Há também o caráter ferino no discurso partidário que espalha a desconfiança, que ataca quem manda ou apenas discorda. Nem a polícia nem as autarquias têm grande legitimidade, em geral, para multarem avulsa e discriminatoriamente em cidades onde rareia o estacionamento perto de lojas, bancos e serviços públicos, hospitais ou clínicas até. E, no entanto, exerce-se esse poder autoritário sobre os pagantes de impostos, mesmo se com notórias fragilidades. A lei que determina quem é deficiente é discriminatória, contempla tão só a dificuldade motora, com toda a justiça, e não a sensorial (população muito superior à anterior), mesmo se para situações problemáticas.

Felizmente não é assim em boa parte do mundo.
Hpinto, Outubro 2016



A FELICIDADE DE HAVER TANTOS IDOSOS

Tal como mais de dois milhões de portugueses já entrei no patamar dos Anos Dourados. Se atentarmos que em três décadas superámos o dobrar do total nesta população, e, num país de dez milhões de almas existirem mais de 600 000 no andar acima dos oitenta anos, devemos dar-nos por felizes. É um grande avanço societário e da Humanidade. Ao contrário, obviamente, do propalado por quem usa o economês como o gaz Sarin do holocausto, para nos espetar olhos dentro o já termos duas crianças por sénior.
Tal envelhecimento, mor dos casos pobre ou à beira disso (as pensões subiram 3 Euros em 40 anos), é sobretudo uma vitória da qualidade de vida adquirida e em boa parte do Serviço Nacional de Saúde e das políticas sociais, malgré tout.
As pessoas não muito curtidas pelo sol e pela dor têm hoje aspeto de menos dez anos relativamente a duas décadas atrás. O relacionamento intergeracional e alguns «segredos» da medicina, para além do acesso à cultura e ao viajar, fizeram diminuir francamente o espetro de problemas da saúde mental e sexual, fazendo destas idades um oásis de felicidade antes não logrado.
Quem nos últimos anos defendeu o empobrecimento da população em favor do agigantar das grandes empresas e magnatas, como putativos líderes das sociedades, não pode agora aparecer (é preciso ser contra qualquer coisa, é a lógica desta gente), com programas maximalistas (como tal são todos duma estupidez cientifica impressionante, sempre), para «enriquecer» os «pobres idosos».
E quem detém o mando deve procurar mudar o quadro da pobreza deste escalão etário, condenado a morrer em lares, sentadinho, inerte física e inteletualmente no sofá frente ao televisor.
Todavia, passado o ano enaltecedor do envelhecimento ativo, muita coisa melhorou. Razão de sobra para mais ser feito.
A «matança de idosos» dos meses frios, ocorre em todo o hemisfério norte. Mas em Portugal (por aqui morreram uns milhares de pessoas com mais idade nos meses frios em cada inverno, não é um fait divers, é um terrível exagero), encontra explicação na má qualidade das habitações, que, de par com o frio, na subnutrição (existe mesmo nas instituições tuteladas pela Segurança Social, onde, a vigilância da suposta animação e a comida também justificam um olhar organizado), alimentam-na. Creio piamente, se reforçada a atenção do Estado neste setor (os melhores programas de controlo encontram-se legislados nos EUA há décadas), talvez existissem menos lares oficiais por baixar o volume do mau serviço. Sem nada ter contra a riqueza, julgo impossível chegar a rico quem não fizer trafulhice neste campo. Até a aplicação no terreno da vacina contra a gripe deveria ser exaustiva e monitorizada. Mas não o é. Apostemos pois nos nossos velhos!

Hpinto, Dia do Idoso, 2016