Tal como
mais de dois milhões de portugueses já entrei no patamar dos Anos Dourados. Se
atentarmos que em três décadas superámos o dobrar do total nesta população, e, num
país de dez milhões de almas existirem mais de 600 000 no andar acima dos
oitenta anos, devemos dar-nos por felizes. É um grande avanço societário e da
Humanidade. Ao contrário, obviamente, do propalado por quem usa o economês como o gaz Sarin do holocausto,
para nos espetar olhos dentro o já termos duas crianças por sénior.
Tal
envelhecimento, mor dos casos pobre ou à beira disso (as pensões subiram 3
Euros em 40 anos), é sobretudo uma vitória da qualidade de vida adquirida e em
boa parte do Serviço Nacional de Saúde e das políticas sociais, malgré tout.
As pessoas não
muito curtidas pelo sol e pela dor têm hoje aspeto de menos dez anos
relativamente a duas décadas atrás. O relacionamento intergeracional e alguns
«segredos» da medicina, para além do acesso à cultura e ao viajar, fizeram
diminuir francamente o espetro de problemas da saúde mental e sexual, fazendo
destas idades um oásis de felicidade antes não logrado.
Quem nos
últimos anos defendeu o empobrecimento da população em favor do agigantar das
grandes empresas e magnatas, como putativos líderes das sociedades, não pode
agora aparecer (é preciso ser contra qualquer coisa, é a lógica desta gente),
com programas maximalistas (como tal são todos duma estupidez cientifica
impressionante, sempre), para «enriquecer» os «pobres idosos».
E quem detém
o mando deve procurar mudar o quadro da pobreza deste escalão etário, condenado
a morrer em lares, sentadinho, inerte física e inteletualmente no sofá frente
ao televisor.
Todavia,
passado o ano enaltecedor do envelhecimento ativo, muita coisa melhorou. Razão
de sobra para mais ser feito.
A «matança de
idosos» dos meses frios, ocorre em todo o hemisfério norte. Mas em Portugal (por
aqui morreram uns milhares de pessoas com mais idade nos meses frios em cada
inverno, não é um fait divers, é um terrível
exagero), encontra explicação na má qualidade das habitações, que, de par com o
frio, na subnutrição (existe mesmo nas instituições tuteladas pela Segurança
Social, onde, a vigilância da suposta animação e a comida também justificam um
olhar organizado), alimentam-na. Creio piamente, se reforçada a atenção do
Estado neste setor (os melhores programas de controlo encontram-se legislados nos
EUA há décadas), talvez existissem menos lares oficiais por baixar o volume do
mau serviço. Sem nada ter contra a riqueza, julgo impossível chegar a rico quem
não fizer trafulhice neste campo. Até a aplicação no terreno da vacina contra a
gripe deveria ser exaustiva e monitorizada. Mas não o é. Apostemos pois nos
nossos velhos!
Hpinto, Dia
do Idoso, 2016
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