1 Jéssica Athayde e a anorexia
A modelo Jéssica Athaíde
confessa a sua anorexia nervosa numa publicação cor-de-rosa. Fá-lo com aparente
tato. É algo tão difícil de tratar. Exige uma política doméstica muito atinada
e consistente. Não deve ser assunto banalizado no discurso. Haverá algum médico
a recomendar suplementos de cálcio perante a osteoporose já instalada? Talvez. Mas
não deve. Uma estação de televisão que, como as outras, não coloca pessoas
muito responsáveis a falarem daquele distúrbio alimentar, passa o mesmo
cavalheiro, de paleio tipo vendedor de banha da cobra, a promover um produto
com tal fim (ao estilo entrevista, quem sabe para não parecer publicidade), em reality shows diferentes ao longo dum
mesmo dia. Muitas pessoas fazem a sua «aprendizagem» alimentar em fontes desta
natureza, impróprias e enviesadas.
Ocorre exatamente o mesmo
com a generalidade dos suplementos alimentares, vitamínicos e minerais,
expostos nos pórticos das farmácias e para farmácias em Portugal. Quanto ao
grosso da coluna não se lhes conhece qualquer evidência científica credível no
concernente aos seus efeitos.
É um género de informação
errónea florescente também ao nível da doença cardíaca coronária, patologia de
letalidade substantiva, contudo evitável mediante o seguimento duma alimentação
saudável.
2 A alimentação na doença cardíaca coronária
Os micronutrientes estão
implicados no contrariar a predisposição para a aterosclerose e na manutenção
da função contrátil do coração.
Uma variedade imensa deles
está envolvida na regulação da função do miocárdio e a suplementação pode eventualmente
fazer melhorar os sintomas nalguns indivíduos. Todavia, por norma é suficiente
a dieta adequadamente elaborada em desprimor da toma de suplementos (quase
sempre de efeitos benéficos não demonstrados pela investigação). É o caso das
vitaminas A, B1, B12, C, D e E, e do mineral potássio, presentes em quantidade
suficiente na alimentação equilibrada ou nas pessoas expostas ao sol (caso da
vitamina D).
Não obstante, é cada vez
mais reconhecido como sendo vulgar na população em geral a deficiência
subclínica dalguns destes e outros micronutrientes. Os seus níveis benéficos adequados
devem ser olhados como componentes essenciais duma dieta equilibrada. Conseguir
a sua ingestão em altos níveis através duma dieta rica em frutos e vegetais,
como no estilo Dieta Mediterrânica, pode contribuir para a redução da
incidência de doença cardíaca coronária (DCC).
3 Comer hidratos de carbono?
Agora, a pergunta mais
comum que os utentes me dirigem é quanto a deverem ou não comer hidratos de
carbono. Pois bem, não vejo mal algum se a consciência sobre a dieta se faz
pelos livros, revistas, internet, etc. Porém, é relevante as pessoas poderem
dirigir-se aos profissionais qualificados para mais certeiramente se
habilitarem a exercer o seu sentido crítico. Para o fazerem em segurança.
Qualquer ser humano consciente sabe que não deverá auto mutilar-se. Assim não
deverá por igual proceder no que respeita à ração alimentar. Nas doses
apropriadamente calculadas para a ação terapêutica, idade, peso e sexo, todos
os indivíduos têm de ingerir hidratos de carbono, proteínas, gorduras,
vitaminas, minerais, fibra e água numa base diária. Tudo o resto está por
provar.
Henrique Pinto,
Professor Doutor
Consulta de Nutrição
Clínica
Página facebook: Nutrição
Clínica ao Alcance de Todos
In Diário de Leiria
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