quinta-feira, 25 de agosto de 2016

CINCO ERROS DAS DIETAS DA MODA

Balança de Bioimpedância
1 – Perder peso muito rapidamente
Torna-se uma desvantagem clara. Os deficits de energia superiores a 1000 kcal por dia conduzem a perda excessiva da massa magra (músculos), tornando-se difícil para o indivíduo providenciar na dieta os nutrientes essenciais. É um regime alimentar desnecessariamente desagradável
Nestes casos terá de haver um ajustamento de longa duração na dieta, quando o peso programado for atingido, para ser possível sustentar agradavelmente a sua manutenção.
2 – Utilizar medicamentos e suplementos alimentares
Não existe qualquer medicação segura e útil que seja efetiva na perda de peso.
Há efeitos secundários graves (diuréticos, tiroxina e outros medicamentos nunca poderão ser usados neste propósito), envolvendo hipertensão pulmonar ou perturbações das válvulas do coração. Podem induzir efeitos colaterais graves e desagradáveis perante certas comidas.

Na quase generalidade dos casos a alimentação saudável contém todos os nutrientes essenciais. É redundante todo o acréscimo em vitaminas, cálcio e tantos outros suplementos. A sua comida caseira pode ser suficiente para a dieta. Por outro lado, não ficou provado o efeito terapêutico de certos suplementos alimentares para as situações em que muitas vezes são recomendados.
3 – Restrições alimentares severas
Dieta, palavra de origem grega, significava «modo de viver», nunca comer mal, o que desagrada e menos ainda comer abaixo das necessidades. São desaconselhadas quaisquer restrições alimentares severas. Praticamente todos os nutrientes devem ser utilizados na dieta, na dose certa. Regimes alimentares de carência apenas descontrolam o metabolismo, com todos os riscos inerentes.
4 – Passar fome
Dieta é vista em sentido popular como um regime desagradável e de privações. Nada mais errado. O indivíduo acompanhado na dieta racional deve sentir-se saciado com ela, o que não implica privações significativas.
5 – Exercícios físicos complexos
O exercício físico é essencial à Saúde. Determina a composição da perda de peso e é de grande importância na manutenção do peso no longo prazo.
Os exercícios físicos mais complexos, envolvendo maquinaria, podem gerar hábitos musculares dolorosos para a vida se não forem todos monitorizados por um especialista, dada a tendência natural para posturas impróprias. Ao invés, há exercícios simples que se podem fazer em casa ou ao ar livre, isentos de riscos musculares.
Dr. Henrique Pinto, Professor Doutor






NUTRIÇÃO CLÍNICA PRESSUPÕE CLÍNICA

Leonilde Marques em Sagres, 2003
Nutrição Clínica não é apenas o tratamento da obesidade, que é um processo inflamatório com alto grau de risco para situações clínicas graves. Esta é, aliás, uma atividade tanto mais importante quanto a publicidade enganosa, a auto prescrição e as más práticas lhe acentuam a severidade.
Nutrição Clínica é a área da nutrição pela qual são tratadas através da alimentação e vida saudável diversas doenças que acometem o ser humano. Em Nutrição Clínica atua-se também pela mesma forma, nutricional e terapêutica, ao prevenir o aparecimento doutras doenças e no controle de doenças crónicas.
O atendimento de Nutrição Clínica é realizado pelo profissional ao nível ambulatório ou hospitalar. Ao médico graduado em Nutrição Clínica, porque faz clínica, compete uma maior interação entre o processo nutricional e a avaliação e prescrição clínica.
São diversas as doenças que necessitam de acompanhamento nutricional rigoroso para evolução e melhoria do seu quadro clínico. Dentre elas podemos destacar: todos os graus de obesidade, intolerâncias ao glúten e à lactose, desnutrição, diabetes, hipercolesterolémia e hipertrigliceridémia, fenilcetonúria, cirrose hepática, várias doenças reumáticas, gota, insuficiência renal aguda e crónica, hipertensão arterial, cardiopatias e obstipação crónica, anorexia nervosa e bulimia, neoplasias, entre outras. Também os grandes traumas como queimaduras e cirurgias precisam de atenção nutricional, uma vez que, estes doentes correm o grande risco de apresentarem desnutrição.
No atendimento em Nutrição Clínica o cliente/paciente é examinado individualmente, sendo observada a sua situação fisiopatológica, história clínica pregressa, atual e familiar, estado nutricional, físico e bioquímico (análises quando necessário), podendo assim ser formulado o diagnóstico nutricional e instituídas conduta e terapêutica de raiz nutricional. O atendimento ambulatório em Nutrição Clínica visa ainda o controle de peso e o aconselhamento e educação nutricional e estilos de vida saudável, para indivíduos sadios ou doentes. A dietoterapia (tratamento através dos alimentos) é a ferramenta mor usada para a recuperação dos clientes/enfermos. Para cada doença existe uma prescrição de dietoterapia específica, cabendo ao profissional em Nutrição Clínica fazer a seleção dos alimentos que comporão a prescrição.
Dr. Henrique Pinto, Professor Doutor
Henrique Pinto com Leonardo Chavanne (Moçambique) no CDC em Atlanta, 2004



sexta-feira, 12 de agosto de 2016

OS BOMBEIROS DESPREZAM A CIÊNCIA!

Jaime Marta Soares
Mesmo em plena desgraça podem afluir instantes de grande elevação a todos os níveis, de ternura, afeto, solidariedade, beleza, descoberta, conhecimento. Neste campo de exceção incluo entrevistas com investigadores, nem todos académicos, alguns até dos corpos de polícia, com estudos brilhantes, doutoramentos, centrados em torno do fogo florestal e urbano que ora apareceram nas pantalhas televisivas.
Nenhuma prática pode excluir protagonistas, designadamente quem a estuda. Nem se devem ignorar, e menos ainda menosprezar, os aspetos científicos dum dado fenómeno, ou comportamentos, de forma tão redutora como a que ora afeta o domínio dos fogos em exclusivo a bombeiros e proteção civil (PC).
Ministra Constança Urbano de Sousa
A comunicação social e oficial continua a referir-se a área ardida como a floresta «não tratada», quando a fatia maior que vem ardendo, desde há muitos anos, é exatamente mato. Mato que se torna tanto mais perigoso quanto mais chove na primavera e inverno. Só depois vem o calor.
Conheço Jaime Marta Soares (JMS) desde que a minha geração de médicos colocou um profissional de saúde em cada canto do país. Não, não foram os políticos a tal fazer, isso deveu-se às Comissões de Médicos em termos regionais e nacionais pós Abril de 74. O resto veio por arrasto. Infelizmente nunca ouvi nenhum dos supostos pais do SNS a tratarem deste assunto com merecida justiça. Fui para Vila Nova de Poiares onde este autarca debutava como presidente. Interagia-se com a Câmara Municipal numa base diária a rogar ajuda para o melhor encaminhamento de problemas sociais. E o homem, praticamente da nossa idade, nunca se fez rogado.
Ora, interagindo com um professor universitário (orientador de estudos sobre o tema há cerca de 40 anos e detentor duma fabulosa base de dados sobre 45000 incêndios em Portugal), JMS não se coibiu de denegrir o papel da ciência na matéria contrapondo a isso, efetivamente, os bombeiros e a PC (de cujo valor não se pode duvidar muito).
Henrique Pinto
Está errado meu caro presidente. Isto não é a Assembleia Geral de nenhum clube onde o senhor pode pôr fora os sócios que entender, como o tem feito.
Os bombeiros no terreno são os heróis. As suas cúpulas nacionais, tal como as da PC, com exceções honrosas, não duvido, têm sido o que se sabe. Boa parte dos ministros da Administração Interna e alguns secretários de Estado caiu por sua causa. Quinhentas sombras escondem práticas de todo criticáveis.
Assisti a cenas por parte de responsáveis distritais da PC semelhantes à de JMS agora na TV e a piores ainda.
À ministra Constança Urbano de Sousa rogo que comece a mandar estudar estes assuntos, com prazos curtos, já a partir da próxima semana, e dê pouco crédito à filosofia vigente nesses aparelhos. Por amor a Deus não esqueça o papel da ciência na matéria, como é costume em Portugal, onde o grosso das decisões políticas continua a não ter suporte científico. Saiba V. Exa que sei do que falo!

Henrique Pinto
Agosto 2016
Henrique Pinto

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

MUITO EM BREVE UM NOVO LIVRO MEU

O meu último livro
- Vais lançar um novo livro em breve? Não me digas que queres ajustar contas com alguns sacanas? Deixa lá, detratores, mentirosos, aproveitadores e incompetentes encontram-se por todo o lado. Quanto mais capaz um indivíduo é ou é o que melhor serviu, com risco, competência, dedicação e sucesso, muito sucesso individual e nos feitos cometidos, mais inimigos ganha. E sobretudo tu, ou te amam ou te odeiam, mais pelo que fazes do que por quem és. E acontece sobretudo por parte de quem só consegue sobressair pondo-se nos teus ombros, minimizando-te. Mas há outros tantos iguais ou piores que esses, são os teus amigos que passaram a dar ouvidos ao veneno de tais baratas.
Antonieta Brito e Ana Quintães
- Meu caro professor, já sabe de que se trata, será o seu apresentador público, as nossas universidades promovem-no, sabe o que foi o meu sofrimento físico nos últimos seis anos. Não o vou revelar publicamente por enquanto. Mas sim, trata-se dum Ensaio, na sequência do livro anterior, e que, como tal tem protagonistas. Estou muito contente por tê-lo escrito e talvez não me fique por aqui. Mas como sabe, porque a tal se propôs, terá duas traduções, espanhol e inglês, e querem-no no Brasil. 
Rio de Janeiro
Terei muito trabalho pela frente… Apesar das dificuldades apenas por alguns conhecidas, sabe-o, trabalhei muito em condições adversas. Sinto-me agora muito enrijecido e tarimbado pelas vitórias pessoais logradas. Estou numa fase de mudança de vida acentuada, tenho novamente planos a entusiasmarem-me e talvez lhe venha a fazer uma grande surpresa em breve. O amor tem destas coisas, move montanhas. 
Andreia e pai, corrida da APAV
Claro que vou continuar por Leiria, terra que me adotou e onde fui muito respeitado desde que aqui cheguei há 40 anos. Mas andarei mais entre Leiria, Lisboa (tanta iniciativa cultural...), Cascais e Sesimbra (vilas dum cosmopolitismo novo) e Pico, as minhas terras. Talvez passe mais tempo na América do Sul e nos EUA. As minhas consultas médicas, interrompidas a contragosto, aí estão a ganhar mercado num contexto difícil. Tenho convites para cooperar noutras áreas que não o apoio na Doença de Alzheimer. Estou entre as 100 pessoas no mundo que mais fizeram pela erradicação da poliomielite, de acordo com uma obra ora lançada no Canadá (que é sequela doutra onde já se falava disto). 
Henrique Pinto com o amigo Presidente de Rotary International, Carl- Wilhelm Stenhammer em Lisboa, na véspera da Cimeira Europa/África
Vai ser um período muito interessante o que imediatamente se seguirá à declaração de Mundo Livre da Pólio, vamos relançar a Candidatura Nobel, e por aí adiante…. Abandonei de todo o Rotary Distrital, a vida não deu para tal, mas aí estou de novo. E espero que se vendam muitos livros e que os meus amigos me visitem nos lançamentos país fora, folgo ter muitos clientes a procurarem-me nesta profissão medicina paixão. Como diria Clint Eastwood, os sacanas que se danem provando do seu deletério elixir.
Henrique Pinto

Agosto 2016
Montreal World Convention

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O ATRASO

Adalberto Campos Fernandes
Roubada a casa ponham-se trancas à porta! Este será o sentido de muitas opiniões ouvidas nos media, umas demagógicas outras com seriedade. Ouvi o relato na primeira pessoa de dois doutorados sobre Fogo posto e fiquei muito impressionado. A sabedoria a bem de todos é um bem a preservar a todo o custo. Todavia, a manha e a mentira para manter ou voltar ao poder, não deixando de augurar catástrofes a todas as decisões do opositor, é um péssimo e mau exemplo em que o país jamais deveria voltar a incorrer.

Todavia, este quadro mental explica o atraso significativo com que continuamos a deparar no país.
Fogo, matas, incendiários, leis duras, falta de meios, desolação eis os termos que encorpam o discurso do presente.
Devíamos antes falar de discursos do discurso e de atrasos do atraso. Pois se mudarmos de matéria, talvez com exceção do Euro futebolístico (e mesmo assim…), arriscamos encontrar um espetro semelhante.
Já o meu professor de Química Fisiológica, meu conterrâneo Gomes da Costa, gostava de usar a expressão «açúcar, o carvão animal». E diziam que era maluco. O professor Gonçalves Ferreira, o pai da Nutrição Clínica em Portugal, usava a mesma expressão. O Ciclo de Krebs, paradigma da bioquímica, atesta à exuberância o papel dos Hidratos de Carbono (HC) como o motor do nosso corpo. Ora tal representação do metabolismo não sofreu qualquer modificação quanto a tal asserção por parte de qualquer investigador qualificado no planeta.
O mais frequente é ver quem recomende a abolição total dos HC como nutrientes. Isto é um frequentíssimo e redondo disparate.
Nos tempos mais próximos ganhou foros de grande negócio a venda de produtos nutrientes confecionados com base nesta treta. A última suposta novidade a tal respeito está a invadir o país. Chama-se Dieta dos Três Passos (D3). Esta, além de restritiva em absoluto (à Tallon!), faz até gala num suposto paradigma, falso, o das gorduras como fornecedor de energia de eleição para o organismo humano. Não existe coisa alguma no mundo de provável suporte científico duma tal asserção. Ah, claro, aquelas coisas que lemos na Internet! E as oportunidades de negócio.
Tomei conhecimento de haver por aí quem se intitule fazer Nutrição Clínica, a 7 Euros por consulta, imagine-se, e desviar a consulta para aquela D3 e a consequente venda dos produtos inerentes? É um pouco o sucedido com Herbalife, dos negócios mais chorudos do mundo, entre outros do género. Como é possível haver a desfaçatez de trabalhar com base em pressupostos tão diametralmente opostos? E em boa dose são pessoas licenciadas por Escolas superiores em Portugal.
Meus queridos amigos Diretor Geral da Saúde Francisco George, Subdiretora Geral Graça Freitas, e Ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes, estou cansado de falar sobre isto e até me tenho coibido de o fazer. Mas se queremos os portugueses saudáveis temos de meter a mão nesta massa. O universo de embustes sobre Nutrição em Portugal quase supera o da orbita solar. Os prejuízos financeiros em tratamentos e medicação inútil devem andar de par com os dos fogos.
Que ganha o país com a improfícua exigência de recibo com número das finanças aos vendedores de Bolas de Berlim nas praias do Algarve? Alguém imagina o efeito do lobby hoteleiro sobre as autoridades? Quem acredita na eficácia para a receita fiscal das exigências burocráticas e persecutórias, por banda do aparelho oficial do turismo, sobre as nazarenas que alugam «chambres»? É nisto que ocupam tempo e saber.
Confesso, a desproporcionalidade de todas estas situações (incluindo Fogos, D3 e quejandas, sem esquecer os taxistas, os produtores de suínos, os colégios privados e os seus barões, proprietários e dirigentes associativos, os Migueis de Vasconcelos, etc.) deixa-me amargurado de todo.

Henrique Pinto

Graça Freitas

FELIZ CIRCUNSTÂNCIA

Sempre que precisei os meus colegas de profissão, os médicos, foram absolutamente magníficos.
Certo dia em San Diego, USA (já contei isto por aqui), uma minha amiga investigadora da Universidade da Califórnia do Sul, disse-me o seguinte: recebemos lá hoje um telegrama dum médico português com 56 páginas, todos rimos. Na altura ainda não era comum o telex. Por esses dias Aldoux Huxley por lá palestrara com muito sucesso. Quando me referiu o nome do professor Cunha Vaz respondi-lhe de pronto: riram, mas certamente por ignorância. De fato, neste momento, esse meu querido professor de oftalmologia é o dono da cadeira na Universidade de Chicago, atentem no telegrama e talvez a universidade de San Diego possa vir a ter um dos grandes mestres mundiais desta disciplina médico-cirúrgica.
Efetivamente o professor Cunha Vaz criou na Universidade de Coimbra em Portugal um dos centros mundiais de referência da oftalmologia. O meu condiscípulo em Coimbra, António Travassos (não gosta de ser tratado por professor), autor dessa proeza da medicina, qual Jesus perante Lázaro de hoje, é um dos seus muitos alunos de eleição que continuam na cidade e no país a honrar o prestígio dessa escola e desse mestre no mundo.

Ao colega António Travassos e ao professor Rui Proença (e às suas equipas) devo a feliz circunstância de ainda andar neste mundo e vendo o que se passa. Obrigado, caríssimos.
Henrique Pinto