domingo, 24 de agosto de 2014

A ARTE DE BEM COMER E O AMOR NO FILME «A VIAGEM DOS CEM PASSOS»

Jorge Leitão Ramos, cuja opinião costumo prezar bastante, diz de A Viagem dos Cem Passos, de Lasse Hallström, «(…) até para conciliar o que nem vale a pena querer fundir, as especiarias e o Béchamel, para mais temperado como se fosse uma comédia romântica. Valha-o Deus!».
Valha-o Deus digo eu, não concordo em absoluto!
Que mal, que incongruência, que blasfémia poderá haver em misturar o amor com qualquer atividade da vida? Na verdade, um sujeito pode ter a maior capacidade de trabalho, de imaginação ou de sedução, mas se lhe falta o amor fará o mesmo sauce français daqueles a quem o romance bafeja?
E que inconsistência, que contradição, subsistirão na mistura da alta cozinha francesa - elaboração, apresentação, requinte, arte, produtos da maior qualidade, os molhos com que tanto se compraz – com a noz-moscada, a canela, o afrodisíaco gengibre ou a pimenta do reino, manuseadas com idêntico rigor?
A meu ver, meu caro Jorge, as duas perguntas têm uma única resposta: nenhuma.
Também não acho que o filme valha tantos encómios só pela excelente cena da prova da omeleta quando Helen Mirren, de costas, se empertiga numa pose quase orgástica, de absoluto deleite. Vale, entre outros argumentos, porquanto, bem feito, ser além do mais uma excelente mistura entre o prazer dos sentidos suscitado pelos alimentos de todas as origens e o amor que dá a cor da vida a quem os manipula com inata sensibilidade. Só que uma crónica negativa de alguém com nome feito leva a que nenhum outro ilustre dê um cêntimo em público pelo filme, temendo o ápodo de inculto. O contrário acontece por igual. Trata-se por das vezes de vexar o primeiro crítico a escrever sobre o que quer que seja.
Que pena tenho faltar-me o ar e um belo filme como ferramenta, tal e qual A Viagem dos Cem Passos, para desmoronar conceitos mais banais sobre os alimentos, quando nomes conhecidos incensam em nome não sei de quê o comércio do veneno, tanto nas dietas de efeito rápido como do que é exposto em profusão em prateleiras de farmácias e celeiros, fora do controlo de qualquer autoridade que não, quando assim não é, do ministério da agricultura! Dietas bizarras e sem qualquer fundamento, proclamadas pela indústria, pela publicidade enganosa, e por muitos nutricionistas, ganham espantosas taxas de sucesso como o trabalho dietético bem feito não consegue por baixa adesão.

A novela inenarrável e triste que a publicidade construiu sobre a comida saudável e o bom cinema

Um, filme com os dotes de A Viagem dos Cem Passos não me diz, por exemplo, para quê medicamentos com fibra se as pessoas a podem colher das nozes ou da couve-flor e de muitos outros condimentos naturais. Fico envergonhado quando ouço na TV ou vejo nas farmácias a ode aos produtos que «queimam gordura». Será que a sardinha (com os seus ácidos gordos Ómega 3), a maçã, a canela, a toranja, o óleo de coco (e a função contra os triglicéridos) ou os ovos (reduzindo o colesterol HDL), não produzem melhor 
esse tal efeito? E o mesmo se pode questionar sobre as prateleiras infindas de «drenantes» e anticelulíticos. É moda agora dizer-se por aí «tem retenção de água». Que estupidez! Mas, sendo necessário, porquê por de lado a couve-flor, os espargos, os brócolos, as endívias ou o ruibarbo, ou mesmo o gengibre, em favor das «drogas»? Quando ouço prescrições de «eliminar toxinas» ou necessidade avulsa de suplementos, fico com os cabelos em pé.
Tenho pois muitos motivos para incensar o filme A Viagem dos Cem Passos, uma boa comédia romântica produzida por Spielberg e Oprah. Mas relevo a capacidade da obra em dar sentido à arte e ao amor na arte, através do trabalhar até à excelência, sem os limites do preconceito, os produtos naturais mais qualificados (note-se que nem todo o natural é necessariamente bom), em detrimento do inútil e do sintético, e duma paixão que se lhe sobrepõe nascida nos encontros e desencontros entre dois chefes de cozinha, ela francesa e ele indiano.
A quem puder aconselho a não perder esta maravilha de bem viver.
Leiria, 24 de Agosto de 2014
Henrique Pinto




sábado, 16 de agosto de 2014

A NOITE EM QUE A CHUVA MATOU

Estava agora a olhar para a TV e ouvi a atriz Maria João Luís (aprecio-a muito pelo seu talento), a falar das trinta pessoas da família que lhe morreram nas cheias de 67. E fez-se-me luz na memória. Na manhã de 26 de Novembro de 1967 os estudantes de medicina de Lisboa voluntariaram-se para, junto com os bombeiros e enfermeiros e alguns populares, acorrerem a ajudar no que era possível fazer no rescaldo das cheias resultantes da chuva diluviana que caíra durante a noite. Eu também fui. Remover cadáveres e ajudar a vacinar foram algumas das nossas tarefas. Conto-o muitas vezes a amigos e à família mais recente. Já estive em quase todo o lugar do mundo onde a miséria campeia. Mas não mais vi uma tragédia assim.
Noutro dia ao ouvir o Professor Marcelo Rebelo de Sousa soube que ele também se tinha igualmente voluntariado nesse dia. Não sabia até então que os estudantes de direito também o tinham feito.
Revendo os jornais desses dias, sobretudo A Flama, O Século Ilustrado ou o Diário de Lisboa, fala-se em números quanto a mortos já então impressionantes. Depois, a censura de Salazar não mais permitiu referir tal estatística. Dados recentes apontam para mais de 800 mortos.
Lembro-me de olhar a várzea de Loures, ali de Frielas, e só ver água e lama. As residências daquelas encostas, quais tugúrios, foram arrastadas pela lama. Nunca se devia construir em lugares tais, mas enfim. A pobreza e o clandestinamente de então deram lugar à usura. Anos depois vi um vale semelhante, o que antecede as aterragens no Simão Bolívar em Caracas. Anos volvidos sobre o voo dessa tarde as cheias provocaram lá cenário igual ao de Lisboa mas com um número de vítimas apocalíptico. Com a devida vénia, transcrevo abaixo parte das crónicas, tanto da revista Flama como de O Século Ilustrado, sobre a catástrofe de 1967 no Vale de Loures e na capital. E é possível lobrigar nas entrelinhas e nas fotos (que muitas vezes não se mandavam ao censor) a miséria impressionante da Lisboa de então (sobretudo arredores).
Henrique Pinto
Agosto de 2014

Fim-de-semana trágico: Dilúvio, lama e morte”
“Chovia. Insistentemente. As ruas começavam a transformar-se aos poucos em rios de lama. Nas casas mais modestas, os tectos improvisados já não eram abrigo suficiente. Mas a população de início não se deixou impressionar, dir-se-ia indiferente. “É mais uma cheia”— pensou-se. Mas não tardou que o “passa-palavra” reproduzisse a verdade — havia mortos em Odivelas, na Póvoa de Santo Adrião, Alenquer, Arruda dos Vinhos; uma aldeia perto do Carregado (Quintas) fora riscada do mapa por uma tromba da água. As sirenes dos abnegados bombeiros começaram a entoar o requiem da desgraça tristemente confirmada.
Contrapondo as primeiras informações, sempre contraditórias, às primeiras horas da noite de domingo o ministro do Interior reunia os jornalistas e dava-lhes a versão oficial da tragédia duzentos e cinquenta mortos, alguns feridos, geralmente sem gravidade, muitos desaparecidos em número difícil de estimar. Os concelhos de Loures e Vila Franca de Xira haviam sido os mais atingidos. O governo estava a conjugar todos os seus recursos para assistir aos aflitos e enterrar os mortos. Os serviços meteorológicos entretanto, forneciam uma explicação técnica: fora uma «depressão» que percorrera o território de Portugal numa faixa de cerca de 150 quilómetros sobre o vale do Tejo, do mar para o interior. A nação começava a despertar do pesadelo. Esfregava os olhos ainda sem acreditar.”
“Lisboa mais abastada seguia para o cinema ou refastelava-se na poltrona caseira, assistindo ao famigerado folhetim «Gente Nova» da RTP, à espera de mais uma aventura do «Santo». A Lisboa menos favorecida estava no café para a «bica», ou ficara no bairro suburbano, julgando que o seu fim-de-semana iria ser igual aos outros. Quando o Roger Moore chegou aos receptores, já os tectos humildes começavam a meter água, as ruas pareciam rios, as praças, lagos; e os cinéfilos, bloqueados nos engarrafamentos de trânsito haviam esquecido o Éden ou o S. Jorge e pensavam na melhor maneira de voltar a casa.
Há doze horas que chovia. Os colectores não davam vazão à enxurrada e, logo que a maré do estuário onde eles despejam as águas que vão correndo pela cidade atingiu a sua altura máxima, já não se sabia onde acabava o Tejo e começava Lisboa.
Foi às portas da cidade, em Odivelas, na Póvoa de Santo Adrião, Frielas, em todo o concelho de Loures. Na região de Vila Franca, também, Carregado, Alverca, Alenquer, Arruda dos Vinhos. Homens, mulheres, crianças, muitas crianças, todos mortos. Pontinha, Carcavelos, Paço de Arcos. Muitos casos, um aqui, outro acolá. Lares destruídos pelas águas, pela lama, pelas derrocadas. Luto, dor. Carros voltados. As comunicações por estradas e caminhos-de-ferro interrompidas. Lojas arrasadas, negócios falidos.”

“Ainda há lágrimas em muitos olhares e a dor continua no coração de todos, mas já é tempo de fazer o ponto desses terríveis dias da grande enxurrada que espalhou pelo Pais a desolação e a morte. As estatísticas, no fundo, pouca importância têm, se pensarmos na obrigação que de momento nos assiste – dar-mo-nos as mãos e, após ter enterrado os mortos, reconstruir com a segurança que nos permita encarar o Futuro sem o receio de uma reedição e ajudar os que sobreviveram a carregar melhor o seu fardo.
Foi só ao cabo de longas horas prolongadas pelos dias adiante que se alcançou o quadro geral da tragédia da noite mais longa de Lisboa. Foi preciso lutar muito para arrancar à lama e aos destroços os corpos sem vida. Houve que trabalhar muito para reanimar os feridos e os que tinham ficado sem o conforto de quatro paredes (por muito frias e humildes que fossem). Nos locais atingidos pela tragédia, vimos gente do povo, militares e bombeiros irmanados num esforço doloroso mas necessário. Por fim, cumprido o dever de enterrar os mortos e tratar dos sobreviventes, deitou-se mãos à obra da reconstrução. Mesmo de lágrimas no rosto, os homens deram-se as mãos para continuar a faina da vida.

Como aconteceu? Como aconteceu? Repete-se a questão. Foi na madrugada de 25 para 26 de Novembro, de sábado para domingo. Chovia. É normal, no Inverno. Poderia ter sido uma chuva benéfica, capaz de abrir em frutos novos muitos campos. Mas não foi. Para muita gente (demasiada gente) ela foi a desgraça ou a morte. Ninguém sabe exactamente a que horas aconteceu a tragédia. Os ponteiros de muitos relógios agora parados indicam vários instantes precisos para diversas localidades.
Duas e cinco aqui, uma e cinquenta e três acolá, três e treze noutro lugar. Poderá ter sido bastante mais cedo: pouco antes de terminar a festa que para milhões de espectadores ainda é a TV.
Hora imprecisa, mas tão fatídica! Aliás nos laboratórios em que se «mede», «pesa» e prevê o tempo já o volume das chuvas se afigurava como prenúncio de grave perigo. Os milímetros de chuva deixavam de ser um pormenor estatístico. Juntamente com circunstâncias várias, eram a denúncia viva (mas que ninguém fez conhecer) da desgraça que momentos depois se abateria sobre a vasta região de Lisboa. Coincidência? Algo mais do que isso? O certo é que desencadeado o processo da calamidade, só muitas horas depois se pode avaliar o seu alcance.
Fora de portas, a tragédia começou por se abater sobre Odivelas. Logo a seguir, ao fundo da Calçada de Carriche, uma paisagem desoladora substituiu os horizontes lavados da várzea. À entrada de Odivelas, a estrada abateu, destruída pelas águas que iam devastando ao mesmo tempo os pobres lares construídos à beira da ribeira ou nas encostas suaves das elevações vizinhas. A ribeira transformou-se em rio, mas não se quedou satisfeita. Queria ser mar, e conseguiu-o.

Flama de 1 de Dezembro de 1967.

“A Noite em que a chuva matou”

“Noite de pesadelo numa cidade em pânico”

“Sepultados os mortos e socorridos os vivos, subsistem a consternação e uma dorida perplexidade: a imaginação vê-se impotente para reconstruir, em toda a sua medida, o pesadelo que foi aquela noite de 25 para 26 de Novembro. Mais de três centenas de mortos deram dimensões de catástrofe nacional aos efeitos da tempestade que martirizou a região de Lisboa nesse fim-de-semana. Milhares de pessoas sem abrigo, milhares de pessoas a quem as enxurradas e os desabamentos, quando não roubaram familiares e amigos, levaram pelo menos casa e haveres (e de gente pobre se tratava na esmagadora maioria dos casos), acrescentam o seu drama a prejuízos materiais ainda impossíveis de calcular.
De facto, Lisboa, irmanada no infortúnio com toda a vasta região que se estende dos concelhos de Sintra, Cascais, Loures aos de Vila Franca de Xira, Alenquer e Arruda dos Vinhos, passando pelos de Almada e Barreiro, acaba de sofrer um dos seus maiores desastres de sempre.
E subitamente abriram-se de par em par as comportas do céu. A chuva, que naquela noite fustigara Lisboa sem maior violência do que a normal, redundou em dilúvio ao fim da noite. Com uma violência avassaladora, passou a castigar, durante horas, madrugada fora, a capital e os arrabaldes. Derrubou carros, muros, fez aluir enormes massas de terra. Removeu o calcetamento das ruas, o asfalto das grandes praças, e as primeiras foram rios, as segundas lagos. Habitações submersas. Automóveis abandonados como brinquedos inúteis. Estabelecimentos desventrados, destroços levados pelas águas. Destroços e cadáveres: a catástrofe cobrou à cidade um pesado tributo em vidas humanas.
Pouco passava das 17 horas de sábado, quando os acontecimentos começaram a precipitar-se: a chuva fustigava a cidade com uma inclemência cada vez pior: os quartéis de bombeiros municipais e voluntários viam-se praticamente desertos com os seus homens dispersos pela cidade.

Os sítios do costume

Às 19:35 um clarão rasgou o céu no centro da cidade acompanhado de um trovão prolongado e ensurdecedor: para as bandas do Governo Civil, em pleno Chiado, uma faísca marcava como que o começo do último e mais dramático acto da catástrofe.
De facto, àquela hora, já as águas se acumulavam nos locais do costume: ainda e sempre a Avenida 24 de Julho, o Poço do Bispo, Santa Apolónia. E também todo o percurso desde a Junqueira a Algés. E também o Campo Grande e a Avenida da República. E também Benfica. Nenhuma zona da cidade foi poupada.
Cerca das 22 horas, elevava-se já a algumas centenas o número de carros eléctricos e outros veículos imobilizados pelas águas. Em Alcântara o espectáculo do Éden Cinema foi interrompido a meio do segundo filme, por a infiltração das águas ter provocado um curto-circuito no quadro eléctrico. Mas a assistência nem teve tempo de se manifestar, pois a cheia invadiu também a sala e começou a subir com rapidez. Os espectadores da plateia tiveram que se retirar para o balcão e ali permaneceram até serem socorridos pelos bombeiros com barcos de borracha.
À meia-noite em Algés a baixa encontrava-se totalmente submersa, com água pela altura dos vidros dos automóveis. Na avenida 24 de Julho a cheia tomou aspectos assustadores, dos carros aí estacionados só se viam os tejadilhos. Um carro eléctrico ficou com água a rasar as janelas e os passageiros tiveram que ser retirados pelos bombeiros.
A zona de Benfica foi muito sacrificada pela chuva. A água atingiu mais de um metro de altura, o que tornou intransitável todas as artérias. Os automóveis chegaram a estar quase cobertos pela água e só se viam os tejadilhos.” 

Século Ilustrado 2 de Dez 1967



FUNDAÇÃO DE ROTARY A FAZER O BEM AO LONGO DE DÉCADAS

Quase seis décadas de serviço à comunidade assinalam um trajeto singular à Fundação Rotária Portuguesa, obra dos rotários para benefício dos concidadãos com mais dificuldades no acesso ao ensino e à cultura.
Praticamente todos os países de maior dimensão em Rotary têm uma associação congénere. Só nos Estados Unidos existem umas dezenas.
A nossa, nasceu num momento difícil da sociedade portuguesa onde até «fazer o bem era pecado». A coragem e o espírito de bem Servir, levaram homens bons e decididos a envolverem-se na sua construção. Como foi possível? Talvez a máxima de Zak Ebrahim «a empatia é mais poderosa que o ódio e as nossas vidas deviam ser dedicadas a torna-la viável» nos ajude a tal compreensão.
A mudança dos tempos e o maior e melhor conhecimento em termos organizativos levaram-na a fazer alterações e a uma postura de saudável contenção. Primeiro fizeram-se rearranjos substantivos nos seus Estatutos e finalidade. Depois houve a sageza de recusar ter o pé maior que a perna, mantendo-se num limiar de proporções ajustadas. E mandou-se às malvas a inebriante e perigosa tentação de replicar a Fundação de Rotary International.
Agora é tempo de eleições para o Conselho de Administração. Concorre uma lista presidida por Teresa Mayer e completada por José Matias Coelho, José Romão, Atalívio Bernardo, Moisés F. Anes, José R. Ferreira, João Cadilhe e David Ribeiro. Meus caros companheiros em Rotary, os meus votos vão para o vosso sucesso pleno.
Henrique Pinto

Agosto 2014

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

CREPÚSCULO DOS DEUSES

Aquando do passamento de Eusébio alguém se lembrou de avocar no seu preito os versos de Camões em Os Lusíadas: «E aqueles que por obras valerosas 
Se vão da lei da Morte libertando, 
Cantando espalharei por toda parte, 
Se a tanto me ajudar o engenho e arte».
Qualquer das duas personalidades falecidas nos últimos dias, e por quem eu nutria grande admiração, quase afeto, Emídio Rangel e Robin Williams, há muito se tinham liberto desse colete, quase Rio Lethes, dessa lei que as memórias de hoje podem superar, pela tecnologia, mais facilmente que no passado.
Rangel era um indivíduo com quem apreciava conversar. Como muitos dos homens ligados à comunicação social, vindos de Angola – onde a sociedade era mais aberta antes de Abril de 74 –, foi um construtor de coisas diferentes e motivadoras e um cultor da fala. Mas terá sido, seguramente, um desbravador de originalidades (SIC e derivados e TSF são disso bons exemplos). Robin Williams foi um ator diferente de todos os outros. Tenho para mim que só alguém muito inteligente e sensível pode assumir plenamente o estatuto de ator. Ele era-o sobremaneira. A sua incrível versatilidade na representação e o ar expedito com que construiu personagens dificílimas, por junto com toda a fragilidade enquanto corpo e alma, vestido por uma proverbial docilidade, emprestaram ao seu todo uma singularidade inesquecível.
Um e outro merecem ser muito tempo evocados (cantados, diria o poeta), como exemplos de vidas.
Henrique Pinto
Agosto 2014



sábado, 9 de agosto de 2014

ANDA POR AÍ A DIZER QUE ESTÁ TUDO BEM…

Todos sabemos que quando alguém deixa um lugar público, voluntariamente ou não, a primeira coisa a acontecer-lhe é caírem-lhe em cima, aberta ou discretamente, apropriando-se do seu legado, denegrindo-o, ou mesmo ambas as práticas em simultâneo.
Lembram-se do filme O Gladiador? Pois bem, a dada altura o lutador negro diz para Maximus, o general romano feito escravo (Russel Crow): Tu tens o teu bom nome. Ele há-de querer matar o teu nome antes de te matar a ti.
Digo isto a propósito de uma historieta que me contaram há dias. Um sucessor não próximo diz ao antecessor, «então anda para aí a dizer estar tudo bem e nós aqui com problemas!?». Parece uma narrativa ainda inferior em brio pessoal à de Passos Coelho. Ninguém o obrigou a assumir o lugar a não ser a sua ambição (embora conste que o Delfim do Norte lhe tenha dito «ou fazes cair o governo ou há eleições no partido»). E devia estar cônscio da competência exigida para lidar com as dificuldades e os tempos.
Fez-me também recordar também a história atribuída pelo Alfredo Barroso a Carlos Costa, quando em 2008 este porventura chamou os banqueiros ao seu departamento de suposta supervisão. Ter-lhes-á dito «sois a parte sã da nossa economia, temos de nos defender da República». É duro, não é?
Retruquei a quem me contou aquele episódio, «então e a pessoa não lhe disse pelo menos duas coisitas, primeiro, que tinha deixado tudo dentro da normalidade, segundo, se o problema assim está, então é porque andam por aí a dizer o contrário!».
Não terá dito. E nem se pode dizer estar sempre a tempo de o fazer. Porquanto as pessoas que assim agem normalmente saltam de lugar para lugar sem deixarem rasto do feito ou deixado por fazer. Lembram aquele político de quem se dizia ser famoso em Lisboa por estar sempre no Porto e ser famoso no Porto por estar sempre em Lisboa. Ou até a recente boutade dos alegados auto sacrifícios em nome da unidade possível.
Henrique Pinto

Leiria, Agosto de 2014

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

AFINAL QUEM É O SUJEITO!?

Estou a retomar a minha prática clínica no país depois dum novo ciclo de vida profissional muito intenso. No próximo dia 15 de Setembro iniciarei as minhas consultas em NUTRIÇÃO CLÍNICA, nomeadamente no Centro Hospitalar de São Francisco em Leiria, cidade onde tenho residência, a exemplo da minha prática médica em várias localidades do país.
Diz o povo, «presunção e água benta cada um toma a que quer». Todavia, cada qual é sempre novo para as gerações que dia a dia se sucedem. Num mundo de grande oferta de tudo, e particularmente do supérfluo ou maleficente, é sempre necessário e útil que nos mostremos, mesmo a quem nos possa conhecer um pouco. Pois importa também saber que alguma diferença pode fazer ter ou não um dado perfil, saber ou não o que pode valer alguém com os seus saberes. Por isso mesmo ouso repassar aqui algumas notas do meu Roteiro de Vida.Faço-o sem presunção e com o sentido de pragmatismo queos dias exigem.


BREVE ROTEIRO DE VIDA

«Henrique Manuel Correia Pinto, de nome clínico Henrique Pinto, filho de Cândido Pinto e de Maria Lopes Correia, tem 64 anos e é natural de Sesimbra (Corredora, Castelo), onde completou a instrução primária e o primeiro ano do então liceu (Colégio Costa Marques). Viveu a adolescência em Cascais estudando na Escola Salesiana de Stº António do Estoril e no Liceu Nacional de Oeiras.
É licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra. Médico, docente universitário, Consultor e Formador Internacional, diplomado em Saúde Pública e especialista desta matéria pela Universidade Nova de Lisboa, Mestre em Saúde Pública por esta Universidade, é demais graduado pela Universidade Nova de Lisboa, Universidad de León (Espanha), London School of Hygene and Tropical Medicine (Inglaterra) e Instituto das Ciências da Saúde. É ainda pós graduado em Nutrição Clínica. Em 1979 foi bolseiro da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Londres. Tem colaborado profissionalmente com a OMS, o UNICEF e o Centers for Diseases Control and Prevention (EUA) em muitos países à volta do mundo.
Desde sempre exerceu Clínica Geral. Tem exercido cumulativamente a Nutrição Clínica. Desenvolve atividade internacional intensa a nível científico e social. Foi pessoalmente distinguido pelo Governo com a Medalha de Mérito Cultural. No ano 2000 foi distinguido pela Ordem dos Médicos. Em 2005 foi distinguido em Chicago, EUA, pelas entidades parceiras da Iniciativa Global da Polio com o International Service Award for a Polio - Free World. Neste mesmo ano a Rádio Central FM distinguiu-o na sua Gala com o troféu Por um Mundo Melhor. Foi homenageado pelo Hospital Central de Brasília (Brasil) pelo envolvimento na Campanha de Correção Cirúrgica de Lábio Leporino em crianças. Para além doutras distinções recebeu a Medalha de Prata da Cidade de Leiria (2010). Presidiu ao Rotary Club de Leiria (1998 – 99). Foi Governador de Rotary International (RI) e Presidente da Assembleia Geral da Fundação Rotária Portuguesa em 2002-03 e desde então Coordenador de RI para vastas zonas do planeta em múltiplas áreas, nomeadamente a Literacia. É Advocacy Advisor for Polio Eradication do Board de RI (2002-16). Música e escrita são seus «hobbies», com 9 livros e mais de milhar e meio de artigos na imprensa e em revistas científicas, internet, «lectures» de congressos e conferências sobre matérias diversas. Foi Autoridade de Saúde em Leiria. Teve várias funções dirigentes, clínicas e técnicas na Saúde ao nível da administração local, regional e nacional.
Como a escrita a música foi desde sempre um dos seus hobbies. Membro do Coral dos Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e seu diretor (1973-76). Foi então membro do Conselho de Administração do Teatro Académico Gil Vicente (Coimbra). Foi primeiro cofundador (pelo Orfeão de Leiria) com o Ministério da Cultura (1993) da Orquestra Filarmonia das Beiras e sempre seu dirigente, incluindo a presidência. Integrou Corpos Sociais de diversas Instituições como o Jornal de Leiria, a ENSEMBLE, Associação de Escolas de Música, a Associação de Escritores e Artistas Médicos da Ordem dos Médicos, a Liga dos Amigos do Hospital de Santo André (Leiria) e o Conselho Geral do Instituto Politécnico de Leiria. Presidente da Direção do Orfeão de Leiria Conservatório de Artes (fundador das Escolas de Música, EMOL, e dança, EDOL, Conservatório Sénior, CSOL, e responsável pela construção do atual Edifício Sede), janeiro de 1983 – Julho de 2013. Presidiu desde a criação ao Executivo do Festival Música em Leiria (fundador) em 31 edições consecutivas».

 NUTRIÇÃO CLÍNICA? EXPLIQUE LÁ ISSO POR MIÚDOS… 
Claro que sim…
A Nutrição Clínica é hoje a área da saúde mais abrangente. Toca a generalidade da população no que há de mais simples e quotidiano, o alimentar-se. É uma área alvo de distorções comportamentais de gravidade diversa. Os problemas ligados à alimentação são ainda negligenciados pela desregulação oficial e agravados por um mercado agressivo em produtos e publicidade distorcida. Tratar, prevenir e aconselhar constituem uma tríade imperiosa em Nutrição Clínica.
Nutrição Clínica não é apenas o tratamento da obesidade, que é um processo inflamatório com alto grau de risco para situações clínicas graves. Esta é, aliás, uma atividade tanto mais importante quanto a publicidade enganosa, a auto prescrição e as más práticas lhe acentuam a severidade.
Nutrição Clínica é a área da nutrição pela qual são tratadas através da alimentação e vida saudável diversas doenças que acometem o ser humano. Em Nutrição Clínica atua-se também pela mesma forma, nutricional e terapêutica, ao prevenir o aparecimento doutras doenças e no controle de doenças crónicas.
O atendimento de Nutrição Clínica é realizado pelo profissional ao nível ambulatório ou hospitalar. Ao médico graduado em Nutrição Clínica, compete uma maior interação entre o processo nutricional e a avaliação e prescrição clínica.
São diversas as doenças que necessitam de acompanhamento nutricional rigoroso para evolução e melhoria do seu quadro clínico. Dentre elas podemos destacar: todos os graus de obesidade, intolerâncias ao gluten e à lactose, desnutrição, diabetes, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia, fenilcetonúria, cirrose hepática, várias doenças reumáticas, gota, insuficiência renal aguda e crónica, hipertensão arterial, cardiopatias e obstipação crónica, anorexia nervosa e bulimía nervosa, ingestão compulsiva de alimentos, entre outras. Também os grandes traumas como queimaduras e cirurgias precisam de atenção nutricional, uma vez que, estes doentes correm o grande risco de apresentarem desnutrição.
No atendimento em Nutrição Clínica o cliente/paciente é examinado individualmente, sendo observada a sua situação fisiopatológica, história clínica pregressa, atual e familiar, estado nutricional, físico e bioquímico (análises quando necessário), podendo assim ser formulado o diagnóstico nutricional e instituídas conduta e terapêutica de raiz nutricional. O atendimento 
ambulatório em Nutrição Clínica visa ainda o controle de peso e o aconselhamento e educação nutricional para indivíduos sadios ou doentes. A dietoterapia (tratamento através dos alimentos) é a ferramenta mor usada para a recuperação dos clientes/enfermos. Para cada doença existe uma prescrição de dietoterapia específica, cabendo ao profissional em Nutrição Clínica fazer a seleção dos alimentos que comporão a prescrição.
Leiria, Julho 2014

Henrique Pinto





quarta-feira, 6 de agosto de 2014

CONGRATULATIONS PRESIDENT JOHN GERM

Happily and once again the RI peers has chosen a member of the International PolioPlus Committee for the most outstanding chair.
The Nominating Committee for the President for the year 2016 – 17 has chosen John Germ from Rotary Club of Chattanooga, Tennesse, USA.
John Germ, a graduate of the University of Tennessee, is the president and chief executive officer of Campbell & Associates, Inc., consulting engineers.  He joined Rotary in 1976 and has served Rotary International as President of the Rotary Club of Chattanooga 1993-94, District Governor 1996-97, and International Assembly Training Leader 2000-01.
John served on the RI Board of Directors for 2003-05 and was Vice President 2004-05, member of the International Assembly Committee and Chairman of the Council on Legislation, Vice Chair - Rotary Centers Major Gift Initiative.  He was Aide to President Wilf Wilkinson and Vice Chairman of the International Convention, 2012.
Last year, The White House honored John Germ as one of 12 Rotary International members who are “Champions of Change".  John is an active member of the Chattanooga community, where he has served as president of the Chamber of Commerce, Junior Achievement, and Boy Scouts, and as campaign chairman of United Way. He has also served as president of the Tennessee Jaycees and is a recipient of the Boy Scouts of America Silver Beaver Award.
John and his wife Judy are Major Donors to The Rotary Foundation
August 6
H. Pinto