O sismo de Lisboa no século XVIII e o volumoso maremoto a que deu origem, destruíram praticamente todas as comunidades piscatórias no Algarve, de Lagos e Portimão ao extremo oriental. Marquez de Pombal, à semelhança do que planeara para Lisboa, mandou erigir a cidade de Vila Real de Santo António, virada para o Guadiana, dezanove anos depois deste horrível desastre.
É a única cidade portuguesa estruturada de raiz. Chamam-lhe por isso a cidade do iluminismo, caracterizado pela altimetria, planimetria e volumetria. Tem um reticulado de ruas e edifícios semelhante ao usado na reabilitação das cidades europeias do pós guerra, centrado na Praça Marquez de Pombal, com o significativo obelisco central, num conjunto de traços eminentemente maçónicos, influência da maçonaria austríaca, a influência de Carvalho e Melo, seu Grão-mestre em Lisboa, com o Rei D. José como jovem iniciado.
Em Vila Real de Santo António foi usado o processo de construção padronizado, com base em materiais anteriormente fabricados, a mesma técnica da reconstrução da capital.
Castro Marim, três quilómetros a norte, fora por muitos anos a única cidadela defensiva, além de importante praça de comércio do mediterrâneo e particularmente com Espanha, do sudoeste português.
Um pouco mais próximo do mar existira antes a povoação de pescadores denominada Santo António de Arenilha, em parte também engolida pelas águas e pelo assoreamento. A nova cidade levou apenas dois anos a construir. Em cerca de seis meses ergueram-se as Casas da Câmara e da Alfândega, os quartéis (o Centro Cultural António Aleixo, o mais célebre dos poetas populares portugueses, dali natural, é herdeiro duma destas edificações) e começava-se a construção da igreja.
È um importantíssimo percurso cultural do sul do país.
Janeiro 2010
FOTOS: Vila Real de Santo António e o reticulado de ruas e casario; Centro Cultural António Aleixo; Castelo de Castro Marim, século XIII, erguido sobre povoados que remontam à idade do ferro, importante Centro da Ordem de Cristo, e Igrja de Nossa Senhora dos Martires, arrasada pelo sismo de 1755 e reconstruída posteriormente; Forte de São Sebastião em Castro Marim, do século XVIII; Praça Marquez de Pombal, em Vila Real de Santo António
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