sábado, 13 de novembro de 2010

«OS FAITS DIVERS» EM CAMPANHA

É dos «faits divers» que a imprensa em geral gosta, nem há que levar-lhe a mal. E estes, numa campanha eleitoral, preveníveis ou não, têm inexoravelmente um de dois efeitos opostos, o benefício ou o dolo. Ou são a tal modo indutores de vitimização, e favorecem a adesão, ou dão azo a que se diga, «lá vem mais um a querer tacho»!
A campanha Fernando Nobre – o melhor «político» emergente dos últimos trinta anos, pessoa notável, desprendida, capaz, conhecedora e íntegra – tem de fugir de tais ratoeiras a todo o gás, porque não merece tal desfavor.
Quando uma campanha eleitoral, como uma qualquer organização, parte do zero em termos de estrutura e o faz enformada pelo voluntarismo, a qualquer nível tem de haver uma liderança com empenho ou comportamento «profissional» na forma de trabalhar.
E se tal estrutura não é palpável a nível central,
com competências «escolhidas» nas regiões, poderá instalar-se com o peso distribuído nos dois níveis. Quando nenhuma destas hipóteses é ampla e inteiramente substantivada, poder-se-á sempre repetir o Síndroma Eanes. Qualquer que seja o caso a dedicação sem amadorismos tem de ser imbatível até Janeiro.

















Apesar de aspectos notáveis de campanha Nobre no que respeita à aceitação na rua, mormente o banho de multidão em Matosinhos, no essencial ainda não descolou verdadeiramente na grande imprensa. Os debates públicos, se os houver estão ainda longe, e poderão até virem a ter um formato «taylored» como desfavorável à sua clareza de espírito.
E falta o dinheiro! Quando a campanha Obama descolou a crise do imobiliário e dos produtos tóxicos financeiros não era ainda visível – pelo que os americanos em geral podiam dispor de algum dinheiro para dádivas políticas, que nem sequer eram novidade para si, enfadados com o efeito Bush – e o Facebook estava em plena ascensão nos EUA. Obama capitalizou como nunca apoios pecuniários por
este meio, à margem do partido democrático. Mas a retracção individual e a falta de hábito inibem muitos portugueses de terem um comportamento semelhante, mesmo se o motivo também lhes não falta.
A actual lei de financiamento das campanhas eleitorais, sob a capa do combate ao desequilíbrio financeiro entre as de uns e outros concorrentes, introduz limites patéticos quanto ao valor possível das dádivas.
É o mesmo espírito punitivo que impediu durante anos candidaturas independentes, e mesmo assim com os limites ainda agora existentes. Porquanto, não podendo o dinheiro vir dos particulares em valores substantivos (mesmo se visíveis a olho nú), só os candidatos com suporte partidário, ou os que não têm rebuço em recorrer aos sacos azuis que por aí pululam, sempre perto dos poderes e dos seus actores, para pagar «outdoors» e coisas afins, têm possibilidade de maior repercussão fora do circuito oficial da comunicação.
Assim sendo, as campanhas devem assentar noutro tipo de «faits divers» sempre passíveis de sucesso, maior ou menor, como os debates locais, os concertos solidários, a distribuição pessoa a pessoa de informação sumária e atraente, nos locais adequados, da porta da igreja aos mercados ou fins de turno nas empresas, aos estilos PCP ou Alberto João Jardim, mesmo se as lideranças a certos níveis lhes são avessas na prática, por nada fazerem nesse propósito.
Fernando Nobre, ainda sem o ónus da idade mas desprovido dos meios do aparelho, que a outros não faltam, merece o êxito que as suas capacidades, superiores às dos concorrentes, justificam. Um êxito tal susceptível de credibilizar Portugal. O crédito de que fala Luís Amado para o país, em fase decrescente há décadas e não desde anteontem, e que ninguém ignora ser o nosso «pão para a boca».
Henrique Pinto
Novembro 2010
FOTOS: Manuel Alegre tem na rua uma campanha de «outdoors», caríssima; Edmundo Pedro, socialista histórico, padrinho de Manuel Alegre, importante apoio de Fernando Nobre;  Henrique Pinto em campanha com Fernando Nobre; o professor Cavaco Silva com a companhia de membros do seu governo caídos em desgraça; Barack Obama terá sido um vencedor Facebook, pouco crível em Portugal; Henrique Pinto com Leonel e o mandatário Juventude, na apresentação da sede em Nazaré; Henrique Pinto com Alexandre Delgado, neto do general Humberto Delgado, um portador universal de esperança como Fernando Nobre; Francisco Madeira Mendes, um líder regional de primeira grandeza, e Fernando Nobre, na apresentação do mandatário por Santarém, Nelson Carvalho, destacado militante e autarca socialista; Fernando Nobre com Henrique Pinto e Teresa Serrenho, em Caldas da Rainha;   Manuel Arriaga, primeiro presidente da República, aqui em foto familiar, um homem com a bonomia presciente de Fernando Nobre; Henrique Pinto com Amílcar Couvaneiro e Teresa Serrenho, no debate «Um Projecto para Portugal, na Marinha Grande; Henrique Pinto com o ministro dos negócios estrangeiros, amigo, homem politicamente lúcido e bom observador



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