Da esquerda à direita não se ouve uma palavra sobre um assunto como este. E no entanto disseram-se cobras e lagartos da reunião NATO, uma obrigação do país enquanto membro de tal aliança. É um hiato preocupante. Ninguém me ouvirá uma palavra de menor elevação para com as pessoas detentoras dos altos cargos do poder ou da oposição. Mas também ninguém me impedirá de pensar, se um dirigente vê o poder chegar-lhe à mão e logo diz não se importar de governar com o FMI – cuja intervenção só ocorre a pedido do governo ou da instância comunitária – é uma atitude a parecer nitidamente desculpabilizante para a eventualidade duma governação mais difícil e penalizadora de quantos menos podem.
Se os dois primeiro ministros da Ibéria juntam as mãos num alvoroço para terem um Campeonato do Mundo de Futebol nesta quase Jangada de Pedra pós Saramago, quem se interroga sobre o real interesse de tal evento para os povos da península? Servirão os Estádios existentes e de recente construção para realizar tal prova? A resposta parece ser a negativa. Temer-se-á nova greve ou insubordinação geral se tal não acontecer? As organizações políticas mobilizadoras dos funcionários de emprego assegurado são muitíssimo eficazes a juntar pessoas. Mas qual é o executivo a deixar-se impressionar por isso? O resultado de tal eficácia em termos de impacto é praticamente nulo no executivo e na sociedade.
Estarão a considerar tal eventual perda um factor mobilizador, porquanto supostamente penalizador? Seria ridículo se assim fosse. E pior seria ainda se estivessem a pensar por igual nos possíveis efeitos analgésicos deste acontecimento lá para 2018. Equacionando estas respostas, sabendo-se ser difícil uma recuperação satisfatória das economias portuguesa e espanhola para a próxima década e o preço pago pelo nosso país com a multiplicidade de Estádios novos, então desnecessários e agora inúteis, quanto a mim a melhor ajuda do senhor Blatter a Portugal e Espanha será entregar o evento a ingleses, russos ou holandeses.
Mas se todos parecem desejar mais uma calamidade financeira, sem ao menos um pentelho de impacto turístico conhecido, o melhor será meter a viola no saco.
Henrique Pinto
Novembro 2010
FOTOS:
Joseph Blatter, presidente da FIFA, Associação mundial para o futebol;
Cristiano Ronaldo, personalidade portuguesa convidada para a campanha pelo Mundial;
Iker Casillas, seu colega de equipa e integrante da representação espanhola; nem o Estádio da Luz ou do Dragão, como estão actualmente, estarão à altura do evento.
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