Engana-se quem julgar legitimidade como moral ou a ilegitimidade como imoral. A perfeição é algo a que se aspira, e qual graal, que se persegue, e não a regra dos homens. Não sei se o mentor de Wikileaks tem contas a ajustar com a justiça sueca, dada a inoportunidade de tal anúncio, e tenho dúvidas se será legítima a apropriação de documentação classificada, mesmo se praticada no quotidiano pelos serviços de segurança dos países. Mas, tenho a certeza, a guerra é sempre iníqua, sem tal ter impedido o triunfalismo de Bagdad, nas invasões da Guatemala, da Jamaica, na ocupação do Sahara ocidental, na perpetuação do sitiar de toda a Palestina, ao contrário do acordado em 1948. Por isso mesmo regozijo-me com o vir à superfície da hipocrisia de meio mundo governante e com a quebra do verniz de muita «diplomacia». Se o rebentar da bolha do imobiliário nos Estados Unidos em 2008 (a bolha chinesa estoirará um dia, estou certo, como aconteceu ao Japão ou mesmo na China no final de cada dinastia), nada ensinou, pouco mais foi que uma crise transitória do capitalismo, este rombo na suposta credibilidade dos políticos instalados, poderá ter ainda repercussões ao nível das opções, pelo menos das elites «mais» informadas.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: Wall Street, nova Iorque; as minhas luzes
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