O director do jornal O Sol, arquitecto José António Saraiva, meu colega de liceu, perdeu boa fatia da auréola de credulidade desde a sua saída de O Expresso.
Imagine-se, sem qualquer dado novo após os debates televisivos, o seu jornal faz uma notícia premonitória assente, exclusivamente, no histórico dos meses anteriores, como se fosse o último grito. Ora esse período – que tristemente se prolonga – cujo trabalho jornalístico assentou em radicalizar as candidaturas presidenciais, estribando-o em torno de dois putativos candidatos à altura, pouco lhe falta para réplica da inquisição.
Nessa linha o arquitecto deixa agora publicar algo como isto:
«O actual Presidente tem liderado as intenções de voto desde as primeiras sondagens. Alegre arrisca um resultado inferior aos 20% da eleição anterior. A vitória à primeira volta de Cavaco Silva tem sido a tónica dominante em todas as sondagens e barómetros que, nos últimos meses, avaliaram as intenções de voto dos portugueses para as presidenciais».
É esta a bomba jornalística. Um espanto, não é!? Sem nada de novo em relação à réplica do Santo Ofício constrói parangona de vaticínio supostamente inabalável. Por semelhança à existência ou não de bruxas, até pode vir a ter razão no seu insinuante prognóstico. Mas não deixa de ser manipulação, e por conseguinte, sem nada a permitir-me chamar-lhe jornalismo.Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: António José Saraiva; candidatos à presidência da República
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