Portugal está em terceiro lugar no que respeita aos índices mais elevados de poluição sonora na Europa. Isto deve-se em grande medida ao facto honroso de o país ter uma boa rede de autoestradas. Mas deve-se sobretudo ao evidente ostentar também dum dos graus mais elevados de desrespeito público pela saúde dos cidadãos.
Não tenhamos dúvidas, se se disser à maioria dos operadores de justiça ou dos governantes que o ruído pode matar e que, de modo semelhante ao da paisagem feia e desfigurada, sobretudo urbana, induz uma maior procura dos serviços de saúde, designadamente nos cuidados hospitalares, e atenta francamente contra a saúde mental dos cidadãos envolvidos, o mais certo é vislumbrarmos a risada mais ou menos exuberante.
É como se a impotência de agir estivesse inscrita na constituição.
Uma das perguntas a fazer será, as estruturas do ambiente, emissoras de pareceres técnicos em situações tais, continuarão com o ego inlamado de autosuficiência cognitiva em aspectos de saúde pública, de costas viradas para ae estruturas vocacionadas desta área do saber? Ou então, estas mesmas, por si ou induzidas pelos sucessivos governos, ter-se-ão demitido por completo do seu direito a opinar em assuntos tais? O mais importante será fazer muito (e mais barato) e mau em termos de sanidade, ou um pouco menos em volume de obras e com as precauções normativas devidas (processo obviamente mais caro)? E ainda outra questão, as corporações de classe profissional não têm uma palavra a dizer perante atropelos deste jaez e ordem de grandeza?
A riqueza, nosso orgulho, assenta afinal numa debilidade tão manifesta. Prometo retomar este assunto. Entretanto vou esperar sentado a ver se as sábias consciências de António Mendonça, ministro e professor, e Paulo Campos seu secretário de Estado, justifiquem publicamente nalgum lado, com caracter cientifico é claro, valer a pena sacrificar a saúde de muitos portugueses em favor da comodidade de outros, mesmo sendo eventualmente a minha.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS:
Paulo Campos, secretário de Estado das obras públicas, mostrou em Leiria o conhecimento e a insensibilidade que possui sobre estas questões; dois viadutos de autoestrada;
António Mendonça, ministro das obras públicas, leu há dias numa cerimónia o discurso já lido pelo secretário de Estado; viaduto de Vila Franca
Henrique Pinto
ResponderEliminarO Ministro das OP não é aquele Sr. que perde o contacto com a realidade (ou está sempre fora dela)?
Com esse, tirando-lhe a pose, não se ganha nada.