Acho imensa graça quando nomes conhecidos da praça, pessoas por demais estimáveis, abandonam a lista Facebook se por instantes se toca, sem nunca ferir, a qualquer dos seus mentores políticos ou aos intérpretes das suas simpatias. Para mim as pessoas, quaisquer pessoas, estão sempre em primeiro lugar. Mesmo aquelas às quais nunca darei o meu voto em face do seu percurso de vida. Isso inspirou-me a
dedicar a tais «fugitivos» uma declaração de interesses: a) o professor Cavaco Silva apoiou sobremaneira a obra cultural a que presido, sinto-me eterno e penhorado devedor. Mas nunca votei nem votaria nele. Tenho-o por autoritário, escolheu mal muitos dos colaboradores mantendo a proximidade com alguns até há meses (como um dos seus conselheiros de Estado, «à mulher de César…»), foi um primeiro-ministro perdulário, tem sido um presidente ausente, calculista em seu proveito. Para um doutorado em Finanças Públicas (especialista não é bem a mesma coisa!) exigia-lhe bem mais; b) Defensor de Moura ajudou-nos em Rotary, como poucos, enquanto autarca em Viana do Castelo. Mas nunca votaria nele, particularmente pelo vácuo e inutilidade da sua candidatura e dada a pouca ética do diálogo que tem demonstrado com os seus opositores, o vazio aos esses e erres do seu discurso. Ganhou todos os maus hábitos do diálogo político em Portugal; c) a Manuel Alegre apenas devo a agradável frescura dos versos por ele escritos nos anos 60 (o resto é banal). Nunca votaria em quem politicamente nada fez numa vida inteira, apesar do «a mim ninguém me cala!» que lhe ganhou engulhos nuns tempos e simpatias noutros. A sua «lealdade» é inconstante, prima pela arrogância e marialvismo; d) a Francisco Lopes nada devo. Ao comunismo de que é porta-bandeira, sistema político fundamentado sobre a irracionalidade e a mentira quanto à natureza humana, muito menos. Jamais votaria nele. Apesar do imenso
poder que detém constitui indício de retrocesso sociológico; e) ao meu colega Fernando Nobre nada devo a não ser o privilégio de desfrutar da exemplaridade do seu percurso de vida (quem tal não tem procura impedir esse rumo da conversa, «saúdo-o pela sua chegada à política», disse-lhe, boçal, um dos seus oponentes, como se a política fosse exactamente esse mundo onde perora o autor de tal saudação). Acima do tipificar o carácter, resultado desse caminho, um factor muito importante, o percurso de vida de Fernando Nobre significa ter ele feito sem anúncio prévio tudo aquilo que os outros ora se propõem fazer e nunca fizeram até hoje. Votarei nele em nome da mudança radical, carência mor do país, em nome do futuro das novas gerações.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS:
Fernando Nobre;
Cavaco Silva;
Manuel Alegre (foto e ambas as caricaturas de
Zorate);
Cavaco Silva e
Manuel Alegre no final do debate RTP
Bom Ano!
ResponderEliminarObrigado amigo, companheiro Miguel. Retribuo os votos com o maior carinho. Costumo escrever também no Facebook como Henrique Pinto
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