domingo, 13 de outubro de 2013

TOLEDO E EL GRECO

Estive em Toledo antes de fazer trinta anos e fiquei seu devoto apaixonado, sempre desejando regressar, perder-me nas suas ruelas nos magotes de turistas.
Cervantes descreveu a cidade como a «glória da Espanha». A sua parte antiga está situada no topo de uma montanha, cercada em três lados por uma curva do rio Tejo. Tem muitos locais históricos, desde o Alcazár e a Catedral (a igreja primaz da Espanha), que sobressaem na paisagem e impressionam vivamente na curta e belíssima viagem no comboio para turistas, até ao seu mercado central.
Toledo foi a capital da Hispânia visigótica desde o reinado de Leovigildo até à conquista mourisca da península ibérica no século VIII. Sob o Califado de Córdova conheceu uma era de prosperidade.
Em Maio de 1085 Afonso VI de Castela reocupou Toledo e estabeleceu o controlo direto sobre a cidade moura. Este foi o primeiro passo concreto do reino de Leão e Castela na chamada Reconquista.
Toledo era famosa por sua produção de aço, especialmente espadas, e a cidade é ainda hoje um centro de manufatura de facas e pequenas ferramentas de aço. Após Filipe II de Espanha mudar a corte de Toledo para Madrid em 1561, a cidade entrou em lento declínio do qual nunca recuperou.
O pintor El Greco instalou-se em Toledo em 1577 onde viveu e trabalhou até à sua morte. Ali, El Greco recebeu diversas encomendas e produziu suas melhores pinturas, por demais conhecidas.
O estilo dramático e expressivo de El Greco, considerado estranho pelos seus contemporâneos, encontrou grande apreciação no século XX, sendo tido como um precursor do expressionismo e do cubismo, ao mesmo tempo que a sua personalidade e os trabalhos foram inspiração para poetas e escritores como Rainer Maria Rilke e Nikos Kazantzakis. El Greco é considerado pelos estudiosos modernos como um artista tão individual ao ponto de não o incluírem em nenhuma das escolas convencionais.
As mesmas figuras tortuosamente alongadas da sua pintura, fantasmagóricas, unindo tradições bizantinas com a chamada pintura ocidental, visíveis no Museu do Prado, em Madrid, estilizam a sua imagem esculpida vendida em todos os bazares das ruas que levam à catedral de Toledo, uma das três catedrais maravilha de Espanha.
Setembro 2013
Henrique Pinto

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