Os três eventos ocorrerão a 29 de Novembro, na Quinta do Fidalgo,
na Batalha (ver Eventos) e têm a centralidade na minha pessoa. Porquê?
Estou grato a quem teve a ideia que talvez tivesse desdenhado se
dela soubesse. Estou grato a quem edita
o meu livro, francamente original é certo, mas só Saramago e José Rodrigues dos
Santos têm edições garantidas em Portugal. Façamos então um breve percurso pelo
tempo.
«A cultura é tudo o
que nos ultrapassa associado a uma componente ética, de comunicação, de
descodificação do mundo e de conhecimento. É o que construímos como sociedade e
a forma como nos relacionamos uns com os outros. Nesta expressão de Guta Moura
Guedes se espelha o percurso de Henrique Pinto em 45 anos de intervenção, de
Cascais a Coimbra e depois a Leiria. É esse trajeto, extensivo à praxis médica, cultural, associativa a
múltiplos níveis e de solidariedade, que, julgo, avulta no preito que ora me é feito.
Quanto ao livro «Do
Estado Novo ao Pós-modernismo cultural» trata-se dum Ensaio sobre a cultura
aplicado a um Estudo de Caso, embrulhado pela cronica duma dedicação exacerbada
ao trabalho, uma história de amor.
A cultura, como se
vê, seria redutora se encaixada num sucedâneo de eventos e práticas. E nenhum
fluxo cultural tem significado se anichado em práticas que excluam a ampliação
dos seus efeitos pela comunicação. Em cultura as ações «não se fazem porque se
fazem», numa postura de empirismo errático, mas porque «há razões para o
fazer». É o estudo dessas razões, em concreto, com base numa imensa visão do
mundo contemporâneo, tendo por objeto de estudo o Orfeão de Leiria
Conservatório de Artes no período 1983-2013, que avulta nesta obra.
Foi um caminho pleno
de cargos, funções e práticas, do campo local ao regional e ao nacional, e por
fim ao mundo. Feito sempre na convicção que «é preciso saber quando uma etapa
chega ao fim» e que, «se se insiste em permanecer num patamar mais do que o
tempo necessário se perde a alegria e o sentido das outras etapas que é
preciso serem vividas». Encerrando ciclos, fechando portas, terminando
capítulos, saindo em alta sem rabos de palha nem dívidas e com a planeada
continuidade das instituições devidamente assegurada com pessoas de bem e
património material e imaterial conseguido. Não importa os nomes que se dão às
situações, o que se releva é deixar no passado os momentos da vida que já
acabaram.
A ação do OLCA no
período 1983-2013 contribuiu de forma singular e decisiva para o
Desenvolvimento cultural local/regional, enquanto fenómeno cultural
pós-moderno, reflexo da globalização, na sociedade contemporânea. A sua
ação neste período,
dinamizando a cultura local/regional, com a
democratização do acesso e do consumo a/de produtos culturais com
evidência científica dos resultados no impacto do funcionamento cerebral,
tem contribuído para a melhoria do desenvolvimento intelectual dos seus
utentes. Como um caso de excelência, o projeto cultural do OLCA tem
condições de implantação para se sobrepor à degradação do tecido cultural
sob a influência da economia neoliberal.
Esta estratégia de
intervenção em política cultural seria necessariamente equívoca se não
ancorada no estudo rigoroso da realidade. É o que Pais, J. M. (2005) apelidava
de «grounded policies», isto é, políticas de intervenção que tenham sempre
por referência o chão que pisam e os contextos de vida objetivos,
subjetivos e trajetivos.
O objeto do Estudo
de Caso Orfeão de Leiria Conservatório de Artes 1983 - 2013, referência
cultural local, nacional e com franca internacionalização, apesar de a sua
prática ser passível de estar abrangida no que Augusto Santos Silva considera
deverem ser «paradigmas culturais para o país», escudando-se em exemplos como
as políticas culturais de Cascais e Porto, enquanto autarquias (Silva, A. S.
2007),
quando tais pressupostos diferem em duas décadas dos postos em prática
antes por aquela instituição, é particularmente importante, tal o pioneirismo.
Então houve que procurar explicá-la do ponto de vista sociológico. Tanto mais
que já o filósofo José Gil disse o que não se inscreve não existe.
Henrique Pinto
Novembro 2013
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