O mero
dizer-se «a justiça funcionou» soa-me a algo absolutamente bizarro. Na verdade
nem todas as equipas judiciais têm a mesma competência, independência e vontade
que a deste processo das sucatas, materiais e políticas. Já o da pedofilia deu
ares de ter terminado igualmente bem. E parece ser tradição o arrastarem-se os
processos. É um bocado próprio da arte, se bem que evitável, tal e qual a «letra
de médico». Todavia, ninguém pode ignorar a má qualidade das leis, a
inadequação dos tribunais, o alongar dos processos que sobra da morosidade dos
agentes. Mesmo se a ministra presente prometeu rever o assunto. No momento da
verdade prevaleceu a urgência duma inenarrável reorganização das comarcas, mero
estratagema com cheiro a cortes na massa, de suposta ineficácia, mesmo quanto a
este propósito comezinho. Acontecerá poupança semelhante à da redução dos
elencos governamentais, não duvido.
Mesmo assim,
os processos a que aludo levaram, respetivamente, cinco anos (primeira
instância) e dez (com o esgotar dos recursos). Se prevaleceu «a culpa não
morrer solteira», contrariando o hábito, a infinidade de curvas não minora.
Leiria, 6 de Setembro 2014
Henrique Pinto
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