Hoje é o Dia
Mundial do Coração. É recomendável o não perder-se a oportunidade de dizer,
hoje e sempre, «na maior parte dos problemas cardíacos, tal como na destruição
do planeta ou da atmosfera, está, infelizmente, a mão do homem». A
possibilidade de reverter a situação está igualmente ao seu alcance. Vejamos
apenas dois dos instrumentos mais importantes que podemos utilizar para tal:
atividade física; alimentação rica nos nutrientes saudáveis.
A inatividade
é uma causa relevante da obesidade. E esta é a maior inimiga do coração e órgãos
conexos. No entanto, esta doença inflamatória (não se espante, a obesidade é
exatamente isso!), é reversível com o contributo, entre outros fatores, do
exercício físico. Mais do que o Fitness físico, é o gasto de energia total que
melhor protege o indivíduo contra a síndroma metabólica da obesidade
(hipertensão, doença cardíaca, diabetes…) e a perturbação da tolerância à
glicose.
Os números
ajudam sempre a pensar de modo mais focado no problema. Eis apenas alguns
exemplos:
Uma perda de
peso intencional na ordem de 0,5 a 9,0 quilos de peso está associada a um
decréscimo de 40 a 50% da mortalidade por cancros relacionados com a obesidade.
É obra, hein!? Uma igual diminuição de peso pode reduzir 30 a 40% da
mortalidade relacionada com a diabetes. Olá, mas isto é o máximo, Portugal é o
país europeu com mais diabéticos! o que cada um podería fazer se cuidasse um
pouco mais de si próprio!
E mais, um
homem com 140% do peso médio é 5,2 vezes mais suscetível de morrer de diabetes
que uma pessoa de peso normal. Nas mulheres este mesmo parâmetro sobe para 7,9
vezes.
Mas porque a
efeméride é o coração, vamos lá. A causa de morte mais determinante entre os
obesos é a doença coronária. E a obesidade está fortemente associada com a
hipertensão arterial e AVC (as ditas tromboses…), particularmente entre os
jovens.
O risco de
enfarte do miocárdio (seja fatal ou não) entre as mulheres com um índice de
massa corporal (IMC) superior a 29 quilos por metro quadrado de altura (bem
fácil de atingir!) é 3 vezes superior ao que acontece entre as mulheres magras
(e logo quando as senhoras são mais propensas a engordar que os homens).
Estados
clínicos comuns entre os obesos como Tensão arterial alta, Triglicerídeos
elevados e uma Taxa alta de Colesterol LDL (o mau…), favorecem o aparecimento
de Aterosclerose. As pessoas «gordas» têm ainda a possibilidade de lhes
sobrevirem anomalias nos fatores da coagulação do sangue, as quais mais fazem
subir o grau de risco de trombose e enfarte do miocárdio.
Pessoas com «barriguinha»,
uma quantidade substantiva de gordura na cavidade abdominal (mais que na área
subcutânea dos membros), têm um risco maior de doenças do coração e de diabetes
que as pessoas com uma quantidade semelhante de gordura distribuída perifericamente.
Pois bem,
tanto a prevenção como o tratamento da obesidade, depende em primeira instância
da vontade e inteligência de cada um. E qualquer das situações inimigas do
coração aqui avançadas, melhora com uma redução terapêutica do peso. É bom,
portanto, decidir-se a mudar o estilo de vida. Mas, se precisar de ajuda
qualificada, é bom o bater à porta certa. Há que ter cuidado com os cantos de
sereia (os da facilidade e da pressa, das pílulas e reduções mágicas, das
dietas da TV e das Revistas cor de rosa, etc.), e fugir da aldrabice que por aí
medra. Mesmo onde menos se espera.
Setembro 2014
Henrique
Pinto
(médico
especialista)
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