Foto Adéle
Fora em
adolescente e jovem adulta a mais bela entre todas, aquela que jamais teria
dificuldade em escolher um parceiro, tantos os galifões de toda a sorte a
cirandarem à sua beira. Chegou a ser eleita misse. E logo casou.
Pessoa de
rara inteligência, custa a crer como engordou tanto em poucos anos e ganhou um
índice de massa corporal acima dos 30%, uma obesidade doentia. Os riscos de
doença cardíaca aumentaram. Subiu-lhe a tensão arterial, eventualmente com
raízes também familiares, até níveis perigosos. O descontrolo no que come
excessiva e compulsivamente, para mais abusando dos hidratos de carbono de alto
valor energético, atravessa um quadro de ansiedade, porventura nascido das
tensões conjugais. A sexualidade bem fruída de início tornou-se-lhe coisa rara,
o marido busca paragens de carnes menos flácidas e a sua autoestima quase se
esvaiu num desvario de tranquilizantes por medicação e noites mal dormidas.
Foto Health and Fitness
É uma
história real, circular – todos os fatores clínicos agudizam os restantes.
Comer todas as iguarias natalícias que veja pela frente será a tendência
natural nesta jovem, tal a dificuldade em controlar-se.
A ideia
feita de haver épocas especiais de tolerância ao abuso é absurda. «É Natal,
nada lhe faz mal, nesta altura não há dietas» é uma tontice. Imaginem-se as
noites de sexta-feira em qualquer cidade alemã. A cerveja corre como a água nos
rios em tempo invernoso. A embriaguez e o desacato invadem as ruas até ser dia.
O grosso daquela gente não sorve uma gota de álcool durante a semana. Já as
gentes do Mediterrânio são mais dadas ao consumo em excesso orgíaco de todos os
fritos e doces da avozinha aquando das quadras festivas.
Moda elegante para mulheres menos magras
Ora, quase
todos os regimes alimentares saudáveis se comprazem com um ligeiro desvio natalício.
Um tal regime pressupõe já alguma disciplina que tolherá os abusos. Não será por
comer a rabanada ou a filhó que se cai no excesso.
Mas há
pessoas propensas a ler, ouvir e ver tudo quanto é a «melhor» forma de se
manter longe da gordura, todo e qualquer chá ou mistura de ingredientes com o
dom miraculoso de as fazerem perder peso, toda e qualquer droga que conduza à
elegância, a miríade de dicas para se manter em forma. E em verdade existem
todas estas opções avulsas por aí sem qualquer regulamentação para o seu
controlo. Se até o Herbalife é anunciado na TV!
Uma destas
devoradoras de informação tão prolixa entrou-me consultório adentro e sem
cerimónias lá vai disto, «olhe, eu não acredito em nada que o senhor me diga,
só cá venho por descargo de consciência, já experimentei tudo!». E levanta a
saia com estudada sensualidade a pôr a nu a abastança de carnes que a deprime.
Henrique Pinto, Professor
Doutor
Médico
especialista graduado em Nutrição Clínica
In Diário de Leiria
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