segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

DIVÓRCIO E COMIDA

Jeniffer Lopez com ex marido 
Então a boa prática televisiva para se comer saudável é cada estação ter um maître de alta cozinha a ensinar como fazer um prato complicado e indigesto, calórico por demais, mesmo se agradabilíssimo ao olhar? É um mau serviço público. Inverte-se de todo a pirâmide do bem comum.
À moda dos casamentos de Hollywood ou Las Vegas, tão espampanantes e inopinados, em geral esvaídos de sentido de forma ainda mais célere, o Pedro juntara-se à Manuela ungido pela santidade de Fátima. A sua obesidade forçara-o a seguir um regime dietético medicamente prescrito. Nada difícil de pôr em andamento. Eram, contudo, as empregadas da mãe, orientadas pela realeza moribunda da senhora da casa, quem lhe preparava o peixe grelhado, a carne excelente e variada, os legumes e vegetais verdes, a salada, doses pesadas na balancinha digital. Com elas ele não piava, eram as seis refeições diárias saborosas e  a horas, sem nunca ter fome.
A vida a dois alterou-lhe todo o planeamento alimentar. Ele nada praticara de restauração e Manuela era uma menina de comer no quiosque Vitaminas do shopping, de mistura com iogurtes e saladas (com mil ingredientes). Passaram a sentar-se no restaurante praticamente todos os dias e, se ela pouco mudou naqueles três meses ele recuperou o peso anterior, voltou ao médico, fez análises e prova de esforço, contou o seu desvario alimentar e ouviu o esperado e indesejado discurso. A partir daí as rosas matrimoniais ganharam espinhos. A conservadora do registo redigiu o auto, a mãe recebeu-o de braços abertos.
O drama desta família instala-se em milhares de lares de pessoas que seguramente comeriam melhor se mais soubessem como fazê-lo. Alguém dizia que nunca se sabe como criar um filho. Outros poderão pensar do mesmo jeito no que se refere à comida. Ora bem, nas sociedades mais urbanas de hoje há um leque amplo de pessoas qualificadas que nos podem ensinar a fazê-lo.
A Violeta e o Paulo, ainda solteiros, tomavam todas as precauções alimentares e assim continuaram vida fora. Ela tinha uma diabetes não insulinodependente. O regime alimentar que o médico lhes sancionara fazia-os sentirem-se bem e a senhora arriscou mesmo privar-se dos antidiabéticos orais. Mas ambos praticavam de há muito o exercício físico moderado, uma caminhada de 30 a 40 minutos por agora, às vezes uns cem passos de step num dos degraus da casa, davam uso às bicicletas ao domingo e criaram hábitos no bairro. Sabiam do exercício físico ajudar: a proteger a mulher contra a diabetes; a diminuir o alto risco cardiovascular (peso a mais, hipertensão, história familiar, etc.). A alimentação é tão vital quanto a medicação. Num e noutro caso deve procurar-se o melhor apoio.
Henrique Pinto, Professor Doutor

Médico graduado em Nutrição Clínica
Praia do Pedrógão ao entardecer

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