terça-feira, 1 de dezembro de 2015

DIA MUNDIAL DA SIDA, SÓ OS BURROS NÃO MUDAM…

Marion Bunch com Henrique Pinto em Birmingham, Inglaterra, em 2009
Desde 2002 estive intimamente ligado à prevenção de doenças virais à sua maior escala. Todavia, especializei-me em Saúde Pública há mais de 35 anos. O aparecimento da SIDA deu-se poucos anos depois. Os jornais noticiavam de forma esparsa cada nova vedeta atingida pela doença. Invariavelmente a notícia referia a comunidade gay de São Francisco nos EUA.
A Newsletter da RFHA alusiva ao Dia Mundial da Sida
Como praticamente todas as generalizações apressadas a atribuição da causa aos homossexuais, imediata, gerou profundos equívocos e perplexidades. A resposta da comunidade homossexual não se fez esperar. Preveniu-se pela disseminação da palavra e pelo uso amplo do preservativo. E a taxa de incidência, paulatinamente, cobriu todo o leque de pessoas com relações sexuais e as crianças vítimas dessas relações indefesas.
Vi céticos ativos entre nomes hoje gurus da Saúde na comunidade científica. Vi-os também duas décadas mais tarde dentro do próprio movimento rotário. Assisti com desgosto à prática infeliz dos políticos a proibirem a importação de retrovirais (África do Sul), criando a maior incidência do flagelo. Vi os milhares de disparates que a respeito circulam na Internet. Claro, é banal dizer-se «só os burros não mudam». Mas todo o cuidado é pouco.
Marion Bunch e o marido com Henrique Pinto e Graça Sousa em 2007
Já contei várias vezes, conheci Marion Bunch, então líder mundial contra a SIDA, numa Conferência Magna de Rotary em Nairobi, no Quénia. A morte dum filho adolescente após uma transfusão de sangue (isto passou-se nos Estados Unidos, embora também tenha acontecido por cá sem que ninguém tenha sido ungido pela justiça), em vez de a relegar para um infindo chorar levou-a a pensar no Outro. E a Obra fez-se. A RFHA, Rotários combatendo a SIDA junta hoje dezenas de milhares de pessoas à volta do mundo, e sobretudo em África, logrando apoios, distribuindo os retrovirais, multiplicando a palavra, construindo enfermarias…
Henrique Pinto em Atlanta com colegas do Sudão, Nigéria e Serra Leõa, empenhados no combate às doenças virais em África, em 2004
Quando em 2007 a trouxe a Portugal, no que ficou conhecido como A Convenção de Viseu, deixou centenas de apaniguados da causa, verdadeiramente apaixonados.
Hoje é Dia Mundial da Sida. Podemos lembrar Marion Bunch no seu exemplo e passar uma palavra a ampliar a força da efeméride. Estejamos atentos ao Outro necessitado de ajuda e conselho. Não descuremos o apoio à ciência e à investigação.
Henrique Pinto

1 de Dezembro 2015
A escritora de Coimbra Anabela Pais, minha amiga, escreveu Não Há Inverno Sem Lágrimas, um romance de amor envolvendo um médico, professor universitário, surpreendido pela SIDA

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