Marion Bunch com Henrique Pinto em Birmingham, Inglaterra, em 2009
Desde 2002 estive
intimamente ligado à prevenção de doenças virais à sua maior escala. Todavia,
especializei-me em Saúde Pública há mais de 35 anos. O aparecimento da SIDA
deu-se poucos anos depois. Os jornais noticiavam de forma esparsa cada nova
vedeta atingida pela doença. Invariavelmente a notícia referia a comunidade gay
de São Francisco nos EUA.
A Newsletter da RFHA alusiva ao Dia Mundial da Sida
Como praticamente todas as
generalizações apressadas a atribuição da causa aos homossexuais, imediata,
gerou profundos equívocos e perplexidades. A resposta da comunidade homossexual
não se fez esperar. Preveniu-se pela disseminação da palavra e pelo uso amplo
do preservativo. E a taxa de incidência, paulatinamente, cobriu todo o leque de
pessoas com relações sexuais e as crianças vítimas dessas relações indefesas.
Vi céticos ativos entre
nomes hoje gurus da Saúde na comunidade científica. Vi-os também duas décadas
mais tarde dentro do próprio movimento rotário. Assisti com desgosto à prática
infeliz dos políticos a proibirem a importação de retrovirais (África do Sul),
criando a maior incidência do flagelo. Vi os milhares de disparates que a
respeito circulam na Internet. Claro, é banal dizer-se «só os burros não mudam».
Mas todo o cuidado é pouco.
Marion Bunch e o marido com Henrique Pinto e Graça Sousa em 2007
Já contei várias vezes,
conheci Marion Bunch, então líder mundial contra a SIDA, numa Conferência Magna
de Rotary em Nairobi, no Quénia. A morte dum filho adolescente após uma
transfusão de sangue (isto passou-se nos Estados Unidos, embora também tenha
acontecido por cá sem que ninguém tenha sido ungido pela justiça), em vez de a
relegar para um infindo chorar levou-a a pensar no Outro. E a Obra fez-se. A
RFHA, Rotários combatendo a SIDA junta hoje dezenas de milhares de pessoas à
volta do mundo, e sobretudo em África, logrando apoios, distribuindo os
retrovirais, multiplicando a palavra, construindo enfermarias…
Henrique Pinto em Atlanta com colegas do Sudão, Nigéria e Serra Leõa, empenhados no combate às doenças virais em África, em 2004
Quando em 2007 a trouxe a
Portugal, no que ficou conhecido como A Convenção de Viseu, deixou centenas de
apaniguados da causa, verdadeiramente apaixonados.
Hoje é Dia Mundial da
Sida. Podemos lembrar Marion Bunch no seu exemplo e passar uma palavra a ampliar a força
da efeméride. Estejamos atentos ao Outro necessitado de ajuda e conselho. Não
descuremos o apoio à ciência e à investigação.
Henrique Pinto
1 de Dezembro 2015
A escritora de Coimbra Anabela Pais, minha amiga, escreveu Não Há Inverno Sem Lágrimas, um romance de amor envolvendo um médico, professor universitário, surpreendido pela SIDA
Sem comentários:
Enviar um comentário