UMA VIDA NA SAÚDE, NA CULTURA E NO ENSINO EM ENTREVISTA AO JORNAL DE LEIRIA
Sou dirigente a níveis diferentes e de actividades bem diversas desde os meus 17 anos de idade, em Cascais, quase ininterruptamente, e presidente de associações deste tipo há 33 anos (períodos adicionados e simultâneos), 27 dos quais, ininterruptos, no Orfeão de Leiria. Todavia, ao nível profissional, fui sempre dirigente máximo a partir dos 28 anos de idade, a nível local, regional e nacional. E tenho responsabilidades similares à escala continental e mundial já há quase uma década.
Mais do que uma vocação o Orfeão é um privilégio. Permitiu-me, mercê da paciência, da determinação (desde os seis anos quis ser médico!), da perseverança para conseguir resultados, da força anímica para enfrentar e ultrapassar dificuldades, do conhecimento específico da gestão cultural, da análise sociológica e da transformação do social (o que, por exemplo, sempre faltou à socióloga e ministra Maria de Lurdes Rodrigues), dalguma capacidade de motivação, persuasão e de correr riscos, do apostar nas pessoas criativas, nas direcções intermédias e específicas de superior valia, de alguns dotes conciliatórios, do dom de alheamento perante a inveja – tão natural como alguém ser bem sucedido -, e o atavismo, mercê ainda do relacionamento transversal (nestes anos já tivemos quatro partidos diferentes nas autarquias da região e o meu relacionar pessoal e institucional com os diferentes autarcas sempre foi, e continua a ser, excelente), procurar trabalhar com as melhores pessoas, as mais capazes (democraticamente, sem medo de me fazerem qualquer sombra), conseguir resultados extraordinários com as equipas diversas (sempre de molde a com muito pouco, muito conseguir). A velha frase do Otto Glória, mago do futebol, relativamente às omeletas e aos ovos nunca me sugestionou. Mas há um princípio, porventura com maior relevo que os antecedentes, o produzir qualidade numa base social tão ampla implica apostar sempre na qualidade, sem transigência com o fácil (com o tempo e o hábito, o gosto germina num meio rico, definha com as modas pobres), e no pleno respeito pela ciência (o que em Portugal ainda não substituiu de todo o empirismo). Claro, dir-me-ão, só se faz bem o que se gosta. É verdade. Mas o ditado «quem corre por gosto não cansa», acaba por pouco dizer. É mais importante nunca vacilar perante as
ificuldades, os escolhos a surgirem amiúde debaixo daquilo que fazemos com gosto e dignidade.
Por eu não ter cedido a pressões ignóbeis de garrote no âmbito profissional, o Orfeão de Leiria foi penalizado na atmosfera política do concelho dos consulados de Lemos Proença, só passou a receber um subsídio consistente já a autarquia ora vencida tinha mais de um ano de mandato (e abençoada seja por ter havido esse discernimento). Por último, gostaria de acrescentar, as minhas actividades remuneradas são, exclusivamente, as profissionais, da saúde pública que hoje prossigo num universo diferente do passado, e do ensino superior. Mesmo assim, já assisti e apoiei milhares de doentes graciosamente. E continuarei a fazê-lo.
Como analisa a ligação indelével que existe entre o Orfeão de Leiria e a cidade de Leiria?
Julgar o mundo à luz da metáfora de Daniel Pink, que há dias passou por Leiria, «temos de usar o hemisfério X do cérebro em vez do Y, estamos na era do conceptual», é muito simplista, não passa duma frase bonita a vender bem, mas sem grande consistência científica. Ao ouvirem-no Damásio e Greg Mello devem dar-se beliscões a ver se ainda estão vivos. Já o temos em apreço no que toca características duma nova produção, a criatividade, a importância da forma e a afectividade ou empatia.
Não nos esqueçamos, o actual Orfeão de Leiria Conservatório de Artes – hoje a maior instituição europeia de ensino artístico –, nasceu há 64 anos, mas é o legítimo herdeiro do anterior Orfeão de Leiria – o de amigos tão saudosos quanto Afonso de Sousa (pai), Basílio Pereira e Miguel Franco –, e de toda a riqueza musical e cénica de Leiria desde pelo menos 1886.
É natural pensar que, se por razões absolutamente imprevisíveis, o Orfeão de Leiria soçobrasse, se geraria uma certa orfandade, o que, curiosamente, o futebol da região nunca suscitou em qualquer dos seus momentos de crise. Mesmo sem ter em conta o facto de termos mais associados que qualquer agremiação desse sector.
Para já, o ter a responsabilidade educativa sobre mais de 4 milhares de alunos (que, para descanso de certas almas viventes, são em absoluta maioria simultaneamente alunos doutras instituições), implica desde logo o relacionamento imediato e quotidiano com praticamente 20 milhares de pessoas.
Se nos reportarmos aos anos mais recentes, podemos dizer, sem uma grama de imodéstia, a praxis do Orfeão influenciou quase toda a prática cultural, do associativismo à iniciativa privada, e muito particularmente às muitas autarquias de toda a região. E até mesmo grandes instituições nacionais recriam superiormente programas nossos. A dada altura quando eu entrava nos ministérios e levava logo com o «em Leiria não se faz nada», respondia de chofre, «já aqui passou hoje a pessoa A ou o sujeito B, com toda a certeza». Sempre houve uma má-língua deliberada mais ou menos inconsequente. Mas ainda se ouve dizer isto, por rotina, mais por ignorância. Claro que são pessoas que dão pouco valor à cultura, das que compram no Algarve Shopping e não em Leiria para poderem continuar a usar a «crise» como álibi para muita coisa, ou dos que «sempre foram assim». É óbvio que faltará sempre algo à cidade, como um Grupo de Teatro de qualidade em que um maior número de pessoas se reveja. Ou um turismo regular, coisa que acho muito fácil modificar, mas que até hoje é um tabu. Num inquérito do Jornal Expresso de há uns anos (quando a oferta de Leiria era inferior à de hoje), a cidade registava o maior per capita de oferta cultural do país. Quem tem dúvidas que esteja mais atento.
E a ligação com outras instituições de ensino? Há espaço para criar novas vertentes de ensino artístico, integradas no chamado ensino normal?
A necessidade mais premente de Leiria no campo do Ensino Artístico, e perfeitamente factível, exequível, é o Ensino Superior da Música.
Logo a seguir aos Açores, Leiria é a região do país com o maior per capita de músicos (só o concelho de Leiria tem 11 Filarmónicas e praticamente em todas existe uma escola de iniciação musical) e estudantes de música. Só o Orfeão tem cerca de 30 dos seus ex estudantes em universidades estrangeiras, designadamente em França, Espanha (o melhor ensino da guitarra no mundo), Inglaterra e Estados Unidos. Há centenas de alunos da região a estudarem música nas Universidades e Politécnicos de Aveiro, Lisboa, Évora e Porto. Também temos muitos alunos nas Escolas Superiores de Dança. Quando fizemos no Rotary Club de Leiria, com Rui Filinto, a primeira Mostra de Design do país, um sucesso nacional, não esperávamos que a Escola respectiva fosse parar às Caldas da Rainha, cidade onde, reconheçamos, a energia e a motivação cultural autárquica eram de facto muito mais qualificadas, e lograram-no muito justamente. Durante algum tempo temeu-se que acontecesse o mesmo à música. Todavia, só por absoluta ignorância e incúria isso poderia acontecer hoje! Seguramente que as autarquias da região e o Instituto Politécnico, ou outra Escola Superior à qual o Estado pague para tal, como o ISLA, por exemplo, podem reunir sinergias para isso. Leiria tem uma centralidade extraordinária neste aspecto. Alunos de Leiria, Coimbra, Tomar, Santarém, Caldas da Rainha, Alcobaça e Figueira da Foz, pelo menos, constituiriam um Curso grande em Leiria, ousaria até dizer, com muito maior pertinência que os de certas engenharias, cursos de gestão, jornalismo e cultura ou psicologia, perfeitamente saturados a jusante, à porta do emprego que não há. Um Curso Superior de Música é de empregabilidade segura (o país carece de cerca de 8000 professores nesta área), mesmo que os Institutos de Emprego continuem alheios e distantes desta realidade.
Como exemplo do nosso bom relacionamento com as estruturas do ensino da região temos uma parceria magnífica com a Escola Domingos Sequeira para o Ensino Profissional da Música (estão a decorrer dois Cursos) e os alunos vêm de todo o país. Pode ser um bom ensaio para o Ensino Superior.
Seria imperdoável esquecer-me referir, durante algum tempo os receios face a um tal Curso assentavam no exemplo menos bem sucedido das antigas ESE (Escolas Superiores de Educação). Mas imperdoável é confundirem-se Cursos Superiores que têm rudimentos de música, como eram os ministrados àquele nível, com um Curso Superior de Música. Uma realidade nada tem a ver com a outra. Não podemos continuar presos ao espírito de Mauras, extremista da direita francesa, «se a realidade não está de acordo com os factos, tanto pior para os factos».
Quanto ao Ensino Integrado, provavelmente as Escolas Básicas ora em obras de melhoria, tê-lo-ão no futuro próximo. O Estado tem apenas cinco Escolas suas neste campo e articula-se com 125 de regime privado ou associativo. É sabido, a boa tradição portuguesa nesta área não está no Estado mas no associativismo e no sector privado.
O Orfeão de Leiria tem como objectivo, em consonância com os Agrupamentos de Escolas José Saraiva e D. Dinis (eventualmente Correia Mateus mas apenas para a Dança), Marrazes e Colmeias (em Leiria), Batalha e Guilherme Stephens (esta na Marinha Grande), cujas Direcções aceitaram o repto, constituir turmas dedicadas, abarcar pelo menos mais 180 novos alunos no ensino gratuito para a música e dança (entre os que transitam do quarto ano ou quarta classe para o quinto), e muitos mais no ensino semi-pago (supletivo). Esperamos também ser possível articularmo-nos com várias Escolas do Grupo GPS, do meu amigo Dr. Calvete, para o Concelho de Pombal. Isto implica um trabalho ciclópico de informação no terreno.
Vamos constituir ainda neste ano uma nova Academia Oficial de Dança em Leiria.
Haverá neste afã algum interesse monopolista? Não, o que existe é a possibilidade de pôr todo um imenso arsenal pedagógico e cultural ao serviço dum universo vasto de crianças, o que muito poucos poderão fazer no país melhor que nós, e com bom gosto, e os resultados darão com certeza um considerável enriquecimento individual para o devir.
Um pouco atavicamente, Direcções Regionais e Ministério da Educação a nível central (ME), dizem coisas bem diferentes, opostas mesmo, no que toca quer à rede escolar nacional como ao papel do sector privado.
Disse-me um governante amigo, muito recentemente, provavelmente «nem a senhora ministra Isabel Alçada estará a par disso ainda».
Mas à luz desse «dizer não escrito» oficial os alunos do ensino privado em regime de Associação (praticamente todos os muitos colégios da região, com ensino de natureza pública, gratuito portanto), não terão acesso ao Ensino Articulado da Música (e portanto gratuito!). Ora estas crianças não são filhas de gente rica, na sua maioria esmagadora. O contrário é que é verdade, muitas das crianças que poderiam pagar algo, têm, legitimamente, ensino gratuito. Terão todas acesso garantido, isso sim, às modalidades onde as famílias pagam uma parte ou o todo da propina.
No ME, uns querem obrigar os colégios a reduzirem uma turma de ensino regular para poderem ter uma de ensino dedicado, da música e/ou dança, o que, obviamente, depois de décadas a crescer economicamente, as escolas privadas, com toda a legitimidade e bom senso, não querem aceitar, outros dizem que isto não é verdade, ninguém se compromete a escrever uma linha, e andamos nisto…, a ver quem quebra por desistência ou fadiga. Há quem chame a isto a «reforma do ensino»! Como o assunto não interessa ao sindicalista Mário Nogueira, vamos também andando sem ondas…
De que maneira o Festival Música em Leiria torna a cidade e a região visível, nacionalmente?
Os mais de 400 concertos e representações baléticas do Festival, até hoje, de superior qualidade, falarão por si.
Sendo o orçamento baixo – e mesmo assim suportado pelas empresas mecenas da região e do país –, onde a Fundação Gulbenkian tem sido inexcedível nos apoios (algo que nenhuma autarquia ainda reconheceu por aqui, o nome Calouste Gulbenkian até foi recusado para uma rua interessante), as autarquias e nomeadamente a de Leiria têm – se revisto na iniciativa, e dado um bom apoio. Só colocamos um anúncio num Jornal de referência nacional. A Antena 2, claro, é igualmente inexcedível, por vocação e amizade, na ligação nacional. Mas o Festival ganhou especificidade, tem algo que é singular no país, fazem-se co-produções com a Gulbenkian, o São Carlos e com os melhores festivais, e daí as pessoas afluírem a Leiria vindas de todos os lados do país. Um facto raramente referido em termos de turismo. Aliás, quando o turismo quis chamar a Leiria «Cidade da música», algumas pessoas supostamente sabedoras contrariaram a ideia. Foi pena, perdeu-se uma sinergia.
As redes sociais começam a ter um papel nacional igualmente notório na divulgação do que de melhor mostramos. Que bom!
O festival é a sua menina dos olhos? Ou prefere eleger o Orfeão e o sem número de talentos que a instituição tem revelado ao longo dos anos?
O Festival Música em Leiria 2010 é sempre um período fascinante para mim. O Eventos musicais de superior qualidade (Música em Leiria, com 27 edições, Estágio Internacional de Orquestra, 6 edições, com mais duma centena de alunos, anualmente, a virem de todo o mundo, da China continental ao Canadá, festivais de guitarra - teremos de novo os melhores mestres mundiais da actualidade em Portugal, em Leiria, como Álvaro Pierri, Tomaz Camacho, Ignácio Rodes ou Claudio Marcotulli -, etc.), infraestruturas próprias e ensino artístico, constituem no seu todo a tríade simbólica duma política cultural bem urdida e conseguida. Às autarquias e ao Estado compete acompanhá-la sem que a ela se substituam. Num país onde nada se respeita e de tudo se desdiz, onde a linguagem dos políticos, dos responsáveis, quantas vezes em nada se distingue da dos líderes das claques do futebol, numa autêntica contra pedagogia do «nós e eles», a confundir, mal formar e desmotivar um país 65% iliterato (dados da UNESCO, Congresso de Baku), devemos ter orgulho de um tal sucesso ainda ser possível, nestas condições e a este nível.
Quando há um mês o nosso aluno André foi distinguido no estrangeiro com dois prémios mundiais (para mais, entregues pela primeira vez a uma mesma pessoa), a senhora ministra da cultura, Gabriela Canavilhas, felicitou-o pessoalmente logo no dia imediato. Foi um acto pedagógico simbólico de grande importância nacional.
Revejo-me com emoção, com lágrimas mesmo, no seu sucesso, como no do Pedro João a tocar no Carnegie Hall, na Catarina Moreira, coreógrafa portuguesa com mais prémios mundiais, nos prémios dos corais e tutti quanti…
Revejo-me neste grande universo «nosso» que produz o belo e mais-valias para o mundo, e que de par com a música e pela música e dança, ensina a harmonia social, o valor do exemplo, o respeito pela diferença, a boa comunicação interpessoal, a compreensão entre as pessoas, a ética e os valores duma estética para todos, sem o estigma e a ilusão dos «amanhãs que cantam».
No Orfeão não nos vergamos ao peso exclusivo da norma, que trata por igual tudo o que é diferente, criando assimetrias, injustiças. Todos temos os mesmos direitos, da nascença até à morte, mas todos somos diferentes.
Chopin será um dos temas a abordar este ano... já pode levantar uma ponta do véu sobre as novidades da programação deste ano?
Gostava de relevar, num programa vasto, os concertos de entrada livre para milhares de crianças O Jazz vai à Escola (um presente também para todos os nossos alunos). Serão ainda distribuídas cópias de trabalhos escolares realizados, onde matérias como português, matemática, educação visual e educação musical se cruzam, e que podem ser replicados nas aulas depois da fruição concertista.
Resta dizer que o Festival se faz mesmo tendo em conta que as grandes empresas nacionais, com gestores milionários e prémios escandalosos, sobretudo tendo em conta a necessidade do PEC, estão a desvirtuar e a subverter por completo o conceito de responsabilidade social…e nem se fala nisso em parte alguma.
O ser humano poderia existir ou sequer ser... humano, sem música?
A música acompanha o homem desde os seus primórdios, da percussão aos sopros, cordas e teclas. Está sempre presente, dos apelos à guerra como à concórdia, nas manifestações do amor e da euforia, no nacionalismo bacoco como na gesta da universalidade, na solidariedade e na ostentação. A música como emanação do belo, como a matemática e a capacidade de abstracção, são de facto tão necessárias quanto inerentes à condição humana. Hoje sabe-se do incomensurável papel da PRÁTICA musical no potenciar do desenvolvimento da capacidade cognitiva e do seu papel, mesmo que ainda não definido em todos os seus contornos mas já muito identificado, no reforço da capacidade intelectual e no rejuvenescimento ou no retardamento do envelhecimento das células cerebrais, processo julgado improvável até há pouco. Isto é futuro já no presente. Aliás, outras actividades finas, ainda que em menor dimensão, também têm este papel. Alguns dos prémios Nobel da medicina nos últimos anos tiveram como base descobertas desta natureza, tendo a música como principal beneficiária e «performer». No entanto, assiste-se não raro à banalização de tudo isto através de «fantochadas» demagógicas, da música como panaceia para todos os males (como as sangrias e sanguessugas até ao início do século XX).
Dado que nenhuma situação de crise ampla na história da Humanidade se repercutiu no minorar da produção artística e na sua importância para o bem-estar físico, anímico e social, quem sabe se não veremos um destes dias os ministros Vieira da Silva (economia) e Teixeira dos Santos (finanças), a apelarem a Santa Cecília, padroeira dos músicos!
Em casa dos seus pais, o gosto musical era fomentado? Como foi a sua entrada no mundo da música e da musicalidade?
A minha família era pobre. Meus pais, queridos e saudosos, de quem herdei esta têmpera, queriam para mim o melhor, um menino de caracóis louros, muito franzino e frágil, míope, não podia suportar qualquer trabalho. Aprendi a ler e a escrever aos cinco anos, a partir dos seis aprendi música com as irmãs do nosso pároco, padre Vieira, um bom amigo, evoluí e estudei muito vida fora. Em «troca» eu ajudava a distribuir o leite e o queijo da Caritas pelos pobres da paróquia. Recitei Fernando Pessoa, pelos 7 anos, englobado na «troupe» da Escola, nas celebrações do 10 de Junho, estive nas primeiras emissões da televisão, cantei em todos os corais do ensino primário e da paróquia, do Colégio Salesianos do Estoril, do liceu e das universidades, cantei em vários países, estive nos melhores festivais de coros da Europa. Aliás, minha mãe e minha avó materna sempre foram muito melodiosas, cantávamos em qualquer parte, em casa, no «carrapito» das nossas árvores apanhando a fruta, na nossa lavoura, nas cerimónias religiosas…
Toca algum instrumento? Qual é o seu instrumento favorito?
Aprendi a tocar flauta de bisel e guitarra. Mas hoje não sou praticante… Sou um bom ouvinte, um bom fruidor de música. Gosto de todos os instrumentos musicais, incluindo a fabulosa voz humana, e mesmo muitos dos instrumentos tradicionais e da música étnica. Nos meus gostos musicais e literários, como no relacionamento humano e no político, sou muito transversal.
E a banda?
Já estava no Liceu quando surgiram os Beatles, que adorei e adoro, como toda uma vasta plêiade de grupos e bandas que surgiram depois do Nat King Cole, do Elvis e dos Shadows, até hoje, incluindo a MPB, música popular brasileira. Hoje ouço e vejo em todo o lado os melhores grupos, e sobretudo os que progressivamente incorporaram formas musicais diferentes. Quem pôde assistir ao pleno dos Festivais de Jazz de Cascais «apaixonou-se» como eu por todas as suas correntes. Quem tem a honra de ter Tito Paris por amigo, de ouvir a música nova de Cabo Verde, neste país, em Portugal e no mundo, de saborear as gravações de «Buena Vista Social Club», de Cuba, como poderá elencar com razoabilidade o que quer que seja?
Henrique Pinto
Entrevista a Jornal de Leiria
26 de Março de 2010
FOTOS: Farol de Santa Marta em Cascais (hoje Museu dos Farois), terra dos melhores tempos da minha juventude; o Dr. Manuel Eugénio Machado Macedo inspirou-me mais do que tudo ou alguém a querer ser médico; Henrique Pinto com D. António Marto, Bispo de Leiria/Fátima, e D. Maria Antonieta Maia Franco Brito; Henrique Pinto com Moita Flores, amigo, mestre de Mestrado, presidente da Câmara de Santarém; Ted Turner, que me entregou em Chicago a mais alta distinção da Iniciativa Global da Polio, normalmente só atribuída a chefes de estado; o saudoso Otto Gloria a quem se atribui a máxima «não se podem fazer omeletes sem ovos»; primeiro, Henrique Pinto com Mafalda Veiga, depois com Freitas do Amaral, então presidente da Assembleia - Geral das Nações Unidas, ambos em Leiria, como seus convidados; .a ministra da cultura, Gabriela Canavilhas bem conhece a Obra Orfeão de Leiria Conservatório de Artes; «head» do Jornal de Leiria; o presidente da Fundação Caloste Gulbenkian, Rui Vilar, aquando da condecoração pelo goberno Brasileiro do Dr. João Pedro Garcia, director dos serviços internacionais da Fundação; Henrique Pinto com os amigos, primeiro Alberto Costa, então ministro da justiça, em Leiria, depois com o professor catedrático da universidade de Léon, Espanha, seu orientador de doutoramento, Serafin Abajo Olea, Catarina Furtado, Murillo e esposa , Celine Pereira e por fim Jorge Gabriel, todos em Leiria; cartaz da 24ª edição do Festival Música em Leiria; ainda Henrique Pinto em Leiria com o amigo Mário Laginha; cartaz da 25ª edição do Festival Música em Leiria; o amigo ministro da economia, Vieira da Silva; Henrique Pinto com os seus convidados e amigos Norbert Turco (ex director de Rotary International) e esposa Josephine, e o casal José Carlos e Beta Estorninho, no restaurante Porto de Santa Maria, em Cascais (2003); ano do compositor Polaco Frederik Chopin; Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa; Nat King Cole; recitei Fernando Pessoa ainda garoto; Compay Segundo (que saudade da sua música, todavia viva mundo fora; Ravi e Alice Coltrane (vi tocarem pai e filho com mais de 30 anos de diferença no tempo); guitarra, Cliff Richard e os Shadows, o mar, os barcos e a família, e os Beatles, outras tantas paixões,; a minha escola, ESSA, Escola Salesiana de Santo António do Estoril; o mui saudoso Dr. Manuel Espírito Santo, que me ajudou finaanceiramente a estudar (sem o apoio dele e de meus pais, eu seria hoje, seguramente , outra pessoa (na foto com Valery Giscard d'Estaigne e D. Maria do Carmo, na Quinta do Perú em Azeitão, em 1972, um ano antes da sua morte.
NOTA: As fotografias no Blogue não são da responsabilidade do Jornal de Leiria
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