«Quando nós imaginávamos que, justamente, graças à globalização, que é uma realidade, o Mundo estaria mais uniformizado, mais idêntico a si mesmo em termos de ordem da sua prática económica, de prática mediática, de prática social, do que nunca esteve, vemos ressurgir reivindicações de tipo arcaizante, expressões da consciência das diferenças, quer de ordem étnica, quer de ordem histórico-política. Como se os povos não quisessem perder-se numa espécie de magma indiferenciado, num mundo uniformizado, reivindicando, portanto identidades colectivas como o indivíduo reivindica a sua qualidade de indivíduo.
É claro que é muito difícil definir o que é identidade colectiva, quando identidade para um indivíduo é a definição de si mesmo. Aquilo que Espinosa chamava o cognatus, o desejo de ser e preservar naquilo que é. Por conseguinte, digamos que a defesa de identidade é natural, é o dado mais natural. E, por conseguinte, não há razão para supor que as defesas das identidades tivessem esse segundo aspecto de incompatibilidade, que além da manifestação da diferença existisse uma defesa dessa diferença e que essa diferença se pudesse converter, em agressão em relação àquilo que não é o nosso ou não é semelhante ao nosso».
É claro que é muito difícil definir o que é identidade colectiva, quando identidade para um indivíduo é a definição de si mesmo. Aquilo que Espinosa chamava o cognatus, o desejo de ser e preservar naquilo que é. Por conseguinte, digamos que a defesa de identidade é natural, é o dado mais natural. E, por conseguinte, não há razão para supor que as defesas das identidades tivessem esse segundo aspecto de incompatibilidade, que além da manifestação da diferença existisse uma defesa dessa diferença e que essa diferença se pudesse converter, em agressão em relação àquilo que não é o nosso ou não é semelhante ao nosso».
Eduardo Lourenço
em Civilizações e Conflito de Identidades
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