segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

MULHER DE LUGAR PÚBLICO

Do ponto de vista ideológico nada distingue PSD e PS. Talvez existam nuances nos objectivos, na objectividade e, sobretudo, nas pessoas. E como dizia o slogan da campanha de Clinton as pessoas estão em primeiro lugar. São elas que valorizo. Mesmo assim sempre que constituo um elenco executivo procuro estabelecer um equilíbrio de sensibilidades. Mas quantas vezes não me tenho eu enganado!
Um dos meus secretários internacionais, de África, o Walter, costumava dizer-me, «doutor, mulher de lugar público não presta». Exagero, com certeza. Mas quantas vezes há gente que se distingue publicamente em lugares vistosos onde pouco se faz e, se chamados à liça onde a responsabilidade aperta, têm medo e o que fazem pouco préstimo tem!? E raramente o admitem...
É um pouco como os políticos vindos de gabinetes tecnocratas, ou que aprenderam «umas coisas», seja lá o que for, e querem logo pô-las no terreno como reforma estrutural, a lembrar um tanto a «experiência» dos juízes de 23 anos para conhecer as pessoas, há umas décadas.
Quando estive no ministério muitas vezes nos recomendavam alguém para isto ou aquilo. Mal chegadas as pessoas, pouco importando o pensar político, desdobravam-se em sugestões colhidas na sua experiência de trabalho num dado contexto. Normalmente eram processos já mais que experimentados a nível central e sem sucesso.
Claro, se não atendidas, a tentação de muitas destas pessoas é o deita abaixo, «eles são bons, sim senhor, mas não são assim tão bons como isso…». É a chamada dor de cotovelo. Num certo sentido talvez o Walter tivesse razão, sei lá! Ao invés da natureza não é frequente que alguém seja num instante pôr-do-sol e lua cheia.
Henrique Pinto
Janeiro 2012
FOTOS: Henrique Pinto ao pôr-do-sol em Paredes; Paredes e a preservação da natureza; lua cheia em Paredes

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