sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

AS DÍVIDAS DO MINISTRO NUNO CRATO

Finalmente a imprensa portuguesa concedeu meia dúzia de linhas de destaque à falência contratual do ministério da educação relativamente ao ensino das artes, dos alunos especiais, etc. Não acredito na suposição da generalidade de tal imprensa ser liberal. É mais ignorância. Nem acredito na suposição do ministro Nuno Crato ser ignorante. Mas parece um ex maoista virado liberal.
Admito que esta conceção liberal da sociedade (visão intelectual decadente, capitalismo duro condenado pela igreja) possa convergir na do país da iliteracia: querem música, paguem-na! são «especiais», não fossem!
Por uma imbecilidade administrativa a remontar ao primeiro Fevereiro da senhora ministra Isabel Alçada, certas modalidades de ensino passaram a ser financiadas por um fundo gestor dos dinheiros europeus, o POPH, em vez do próprio ministério. Até poderia ser uma coisa bem feita. Este fundo, liberto da arbitrariedade ministerial e orientando-se por regras mais sérias, até trabalhou bem. O anterior ministro das finanças deste governo quis alocar este dinheiro. Se tão célere não tem ido embora mais cedo as escolas que contratualizaram estas vertentes pedagógicas tinham falido. Pouco importa se os fundos até geriam bem se o governo não assegurou a continuidade dos financiamentos. Sabe-se haver sempre alguém mais próximo do poder que até nem tem queixas, recebe a horas! Sabe-se que muitas escolas não se queixam, têm medo de ainda lhes acontecer pior.

Pois é, mas a culpa é do senhor professor Nuno Crato, mais papista que o papa perante as entidades protetoras estrangeiras que por aqui andaram e andam e face ao seu mentor, «o primeiro, dono disto tudo». Porquanto nem «geriu» nem acautelou. E, sobretudo as Escolas de Música com contratos (não são subsídios senhores liberais), estão desde Setembro sem um tostão para pagar ordenados. Quem dera que o senhor professor já tivesse voltado a escrever no Expresso sobre as estrelas e os cometas!
Janeiro 2015
Henrique Pinto

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