Finalmente a imprensa
portuguesa concedeu meia dúzia de linhas de destaque à falência contratual do
ministério da educação relativamente ao ensino das artes, dos alunos especiais,
etc. Não acredito na suposição da generalidade de tal imprensa ser liberal. É mais
ignorância. Nem acredito na suposição do ministro Nuno Crato ser ignorante. Mas
parece um ex maoista virado liberal.
Admito que esta conceção
liberal da sociedade (visão intelectual decadente, capitalismo duro condenado
pela igreja) possa convergir na do país da iliteracia: querem música, paguem-na!
são «especiais», não fossem!
Por uma imbecilidade
administrativa a remontar ao primeiro Fevereiro da senhora ministra Isabel
Alçada, certas modalidades de ensino passaram a ser financiadas por um fundo
gestor dos dinheiros europeus, o POPH, em vez do próprio ministério. Até
poderia ser uma coisa bem feita. Este fundo, liberto da arbitrariedade
ministerial e orientando-se por regras mais sérias, até trabalhou bem. O
anterior ministro das finanças deste governo quis alocar este dinheiro. Se tão
célere não tem ido embora mais cedo as escolas que contratualizaram estas vertentes
pedagógicas tinham falido. Pouco importa se os fundos até geriam bem se o
governo não assegurou a continuidade dos financiamentos. Sabe-se haver sempre
alguém mais próximo do poder que até nem tem queixas, recebe a horas! Sabe-se
que muitas escolas não se queixam, têm medo de ainda lhes acontecer pior.
Pois é, mas a culpa é do
senhor professor Nuno Crato, mais papista que o papa perante as entidades
protetoras estrangeiras que por aqui andaram e andam e face ao seu mentor, «o
primeiro, dono disto tudo». Porquanto nem «geriu» nem acautelou. E, sobretudo
as Escolas de Música com contratos (não são subsídios senhores liberais), estão
desde Setembro sem um tostão para pagar ordenados. Quem dera que o senhor
professor já tivesse voltado a escrever no Expresso sobre as estrelas e os
cometas!
Janeiro 2015
Henrique Pinto
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