quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

VEIAS, NUTRIÇÃO E SEXO

A psiquiatra explicava o porquê de muitos divórcios serôdios e pacíficos. «Buscam em cada corpo jovem a satisfação dos últimos anos de vida sexual ativa». Roth, em Sabbath, é cruel, «os homens vivem esse período numa embriaguez erótica». Há apenas alguma verdade nisso!
A fuga à culpa judaico-cristã, própria do cosmopolitismo, vascularização sem depósitos ateromatosos, apanágio de alimentação saudável, menor degradação física e psicológica dos idosos, sobretudo urbanos, erotismo como nunca visto nas relações quotidianas, e «ajudas técnicas» do desenvolvimento farmacológico, podem levar a uma vida sexual profícua, aproximada ou coincidente com uma longeva idade real.
O ritmo circular da vida física e intelectual alarga-se a cada ano civilizacional se num ambiente favorável. O ritmo circadiano é menos elástico. Nada é igual em alguém no minuto seguinte. Até um alimento comum é menos termogénico à noite que pela manhã.
A moda é efémera. Não obstante, há tendências de sempre metamorfoseadas pela moda. Do tempo dos faraós ao dos aztecas, os brincos femininos dos últimos séculos, ou piercings em partes do corpo inimagináveis, de jovens de hoje, as pessoas mudaram o seu aspeto exterior em jeito invasivo.  
Perguntam-me, «Senhor Professor (…) ao observar esta menina fisicamente perfeita (quase tudo fabricado), o que pensa dos implantes e "tratamentos" corporais do género? (…)». Era a foto duma atleta esbelta.
Nada tenho contra os implantes cirúrgicos. Sejam válvulas cardíacas ou mamas. Cada vez há mais homens e mulheres que os fazem. O processo evoluiu ao longo da história da Humanidade de par com a estética e a cirurgia, adaptou-se à ética vigente. O potencial da medicina permite serem quase seguros na ótica imunológica, infeciosa e anatómica. Na perspetiva erótica implantes mamários ou nadegueiros femininos funcionam mais ou menos bem se as cirurgias forem bem feitas. Sexualmente, em muitos casos, são um perfeito desastre.
Um tal corpo não se constrói de implantes. Faz-se com exercício físico – tratava-se duma praticante de fitness, ombros largos, ventre escorreito -, uma dieta adequada e sem emagrecer à pressa. Fitness sem dieta e dieta sem exercício físico são parcerias não funcionais. E fitness com os suplementos proteicos prescritos em ginásios e não só (quando muito, toleráveis em alta competição), também não conduz a algo de bom.
Há hábitos ou modas a modificarem o ritmo da vida deletérios em grau superior aos tais procedimentos intrusivos. O envelhecimento ativo, incluindo as vertentes erótica e sexual, enriquece advogados, mas nada tem de anómalo.
Henrique Pinto, médico
Consulta de Nutrição Clínica
In Jornal Diário de Leiria
De 8 de Janeiro 2015



Sem comentários:

Enviar um comentário