terça-feira, 22 de setembro de 2015

A DEMÊNCIA EXTREMA E O ABANDONO OFICIAL

Ontem à tarde participei em Pombal, a convite da minha colega Dra. Isabel Gonçalves, na Caminhada evocativa do Dia Mundial do Doente de Alzheimer. A Câmara fez-se representar muito bem. O meu amigo deputado Pedro Pimpão levou a família toda, bebé incluído. Muitos repórteres jornalísticos e de imagem e umas centenas de cidadãos caminharam pelo belíssimo passeio pedonal e ciclovia ao longo do Rio Arunca.
No domingo de manhã, na Marginal entre Caxias e Oeiras, tive o privilégio de participar com minha filha na Caminhada Alzheimer Portugal, liderada pelo Eng. Carneiro Silva e Dra. Fernanda Carrapatoso. Mas até na Alameda do Mar, na Ilha do Pico, se celebrou a efeméride. Celebração que a meu ver tem o interesse mor na chamada de atenção para o quadro cruel desta doença em Portugal.
Tanto a Saúde Mental, enquanto disciplina e prática, como os cuidados à Demência extrema, de que a Doença de Alzheimer é paradigma, não merecem qualquer atenção do Estado, digna ou menos digna. É bem possível que daqui a uns anos haja tratamento para ela. Os últimos estudos ligam-na à reprodução anormal duma proteína, como aliás a Doença de Parkinson, entre outras doenças. Mas estou convencido que quando chegarmos a esse patamar terapêutico, nem a prevenção oficial atingimos.
Praticamente só a Associação Alzheimer de Portugal tem um centro de internamento, a Casa do Alecrim no concelho de Cascais. Há alguns Centros de Dia… O restante atendimento, para as famílias que já esgotaram a capacidade para atender a um doente com estas caraterísticas, está no setor privado (o mínimo custo mensal anda pelos 2500 Euros). É um maná já bem controlado pelo investimento estrangeiro em Portugal.
Bom, muito mais se poderia dizer. Fica para outra ocasião. A nossa gente não lê textos com mais de 20 linhas. Quem governa nem os lê mesmo com menos. Mas que um dos caminhos da evolução das Unidades de Saúde Familiares devia passar por aqui, sobretudo na prevenção e nas fases mais precoces, não me sobram dúvidas.
Setembro 2015
Henrique Pinto

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