sexta-feira, 25 de setembro de 2015

VOLTARIA A PÔR NUNO CRATO EM TRIBUNAL!

Quando confrontado sobre as verbas do ensino artístico, no debate das rádios com António Costa, o primeiro-ministro disse que o acontecido com a presente debacle seria uma distribuição mais ampla e justa pelo país. A ser verdade (vindo donde vem merece pouco valor), tais palavras justificariam alguns comentários:
1 Este «Senhor» faz passar a ideia que está a falar de subsídios. Subsídios dá-os quem quer. E se forem justos tanto melhor. Mas tal é uma falácia extrema. Não são subsídios! Trata-se de facto de contratualizações do Estado com os setores privado e associativo para o ensino das artes, a suprir uma grave lacuna que o Estado português nunca teve capacidade para colmatar ao nível público.
2 Todavia, a ser mesmo verdade (?) que o propósito seria a tal distribuição «mais justa», a «calhoada» deste senhor é ainda mais grave. Não há quaisquer contratualizações onde não se criou o ensino artístico. Elas existem onde alguns agentes dos setores privado e associativo, ao longo de anos infindos de porfia, lograram criar uma procura para este ramo de ensino. Onde criaram uma cultura da necessidade de aprender as artes! Que infelizmente tão pouco existe no país mesmo ao nível básico, uma aberração europeia. Este género de falácia distributiva é apanágio dos bacocos, dos autarcas ignorantes em princípio de funções, etc. É pois uma tontice.
3 O senhor deputado José Magalhães desmonta aqui o processo nesta página do Facebook. A crer nas suas palavras bem estribadas em números trata-se apenas dum corte de despesas. Se tivermos em conta que isso mesmo emana das últimas decisões a respeito por parte do Conselho de Ministros, trata-se efetivamente dum corte orçamental (onde não se devia cortar) por parte do ministro Nuno Crato. Ora isto é o que ele tem feito desde que «alguém tão bem informado quanto ele» o nomeou ministro.
3 A desnecessária transferência de verbas do Ensino público para estimular o privado (com a «nuance» tipo Estaleiros de Viana do Castelo, arruinar o que está para depois entregar de bandeja ao espírito da economia neoliberal, como bem lembra Pacheco Pereira), tão ao gosto dos «maoistas» de hoje como das instâncias financeiras internacionais, associada ao corte voluntário de 300 milhões no orçamento vigente da educação, tipificam o ardor político de Nuno Crato. Onde é que está a poupança, a justiça, a ausência de economia ideológica?
4 Hoje não tenho funções de administrador a este nível. Mas voltaria a pôr Nuno Crato em Tribunal por incumprimento dos seus deveres políticos. Aliás, era isso mesmo que os dirigentes associativos do setor, ou mesmo os dirigentes das instituições mais lesadas, já deveriam ter feito.
Henrique Pinto

Setembro 2015

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