A senhora do grupo de
mulheres socialistas, a propósito de Europeias, lá ia dizendo com aparente
agrado: ai eu votei naquele querido tão gorduchinho! Sentir-se-á hoje
politicamente defraudada? Não é que o antes anafado Paulo Rangel apareceu
escanzelado dum dia para o outro, com um ar doentio próprio duma dieta de
privação e de efeito rápido! Este género de dietas, muito praticado Europa
fora, é absolutamente contraindicado do ponto de vista da vida saudável.
Não é despiciendo
estabelecer um paralelo entre a austeridade alimentar praticada por Paulo
Rangel e a política económica ultraliberal por si defendida para o nosso país
tipificada sob esse mesmo chavão.
E se o «nosso» deputado
europeu chegado a um patamar de peso do seu desejo, entender estar em condições
de refazer um regime alimentar venturoso, finda oficialmente a sua austeridade
pessoal, tudo facilidades doravante semelhante à sua prática anterior,
rapidamente vira o gorduchinho querido daquela senhora «assaz politizada». Requerem-se
soluções alimentares equilibradas. A austeridade é sempre demolidora, na saúde
ou na macroeconomia. O Professor Daniel Bessa, com os seus escritos
ultraliberais, deveria mesmo votar algum tempo ao estudo do Professor Abel
Salazar lá pelo Porto…
Uma obesidade semelhante à
da personagem pública aqui evocada começa normalmente no princípio da
adolescência, ou mesmo antes. A nutrição pediátrica é assunto ao qual é dada pouca
atenção. Ela subjaz à saúde e à doença da criança como um todo e provavelmente
à maior parte das doenças crónicas no adulto. Na prática, os regimes dietéticos
seguidos nos países desenvolvidos estão muito mais dependentes dos média e da
pressão dos pares que da informação nutricional informada.
E assim, por via da nossa desatenção
à nutrição pediátrica, os adultos jovens no mundo desenvolvido estão já em
risco aumentado para uma diversidade de doenças crónicas.
A primeira parte da
infância é uma boa ocasião para as crianças experimentarem novos alimentos e
desenvolverem hábitos e comportamentos dietéticos normais. As crianças em idade
escolar tornam-se mais independentes do controlo parental na toma de comida, e
estão em risco de consumirem alimentos inapropriados de limitado valor
nutricional.
A adolescência é tempo
para o salto final no crescimento. Atinge-se o pico da massa óssea. A
maturidade sexual arrasta o risco acrescido de anemia, e nas raparigas o de
gravidez não planeada. Os hábitos alimentares mudam drasticamente e aí um grau
de nutrição ótima é crucial para a saúde futura.
Há uma seriíssima
necessidade no melhorar a educação alimentar na escola. Um adolescente nórdico
aprendeu na primária a cozinhar e sabe aproveitar a água de cozinhar os
vegetais e legumes para fazer a sopa. Uma escola secundária aqui bem perto de
nós ficou no topo do ranking das que
dão maior atenção à comida. Terão os cozinheiros feito batota? Pois é, a
instituição pratica comida hipercalórica, com excesso de gordura e açúcar,
fatores associados a obesidade e má nutrição.
Senhor ministro Nuno
Crato, governar implica também estar atento a estas incongruências.
Henrique Pinto,
Professor Doutor
Médico Graduado em
Nutrição Clínica
In Diário de Leiria de 29
de Setembro 2015
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