Um instituto científico
tão prestigiado como a Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro
(IARC), órgão da OMS, Organização Mundial de Saúde, mas a que não compete fazer
doutrina de saúde, desferiu um profundo golpe na credibilidade do seu trabalho.
Não creio que este imbróglio das carnes vermelhas e das carnes vermelhas
transformadas possa ser atribuído em exclusivo à inépcia e impreparação da
porta-voz do IARC, a press officer Véronique
Terrasse.
Tratava-se tão só de
classificar estas carnes em cancerígenas ou não. Feita uma meta análise a 800 estudos epidemiológicos apenas 10 eram
taxativos para as carnes processadas e nada permitiu concluir para as não
processadas.
Além do mais, classificar
(a especialidade do organismo) não é atribuir-lhe um grau de risco. Que, mesmo
assim, em termos de saúde pública e quanto ao cancro do cólon e do reto é um
risco pequeno, a anos-luz do atribuído ao tabaco, ao álcool e ao ar poluído.
Para o comum da população
mundial e para os profissionais este anátema precipitado, particularmente sobre
a carne processada (cachorros quentes, presunto, fiambre, salsichas, carnes em
conserva, carne seca e os preparados e saladas com base na carne) foi por
demais confuso e desmobilizador. Como se voltássemos à canjinha de pombo do
tempo dos nossos avós.
A carne (com moderação, como tudo na vida) alternando
com o peixe fornece a totalidade das proteínas de alto valor biológico
essenciais à vida. Não há qualquer diferença nutritiva entre carnes vermelhas e
carnes brancas.
A mediatização de chofre,
e sem referências a risco, sem o papel mediador da comunidade científica e dos órgãos
sanitários em cada país, acaba por revelar uma incompreensível e vulnerável
aptidão comunicacional em termos de educação para a saúde, ao invés da
organização mãe, a OMS.
Henrique Pinto
Novembro 2015
Muito bom. Gostei
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