segunda-feira, 7 de novembro de 2016

MURRO NO ESTÔMAGO

João Vasconcelos
Os ramos da informática são os potenciais geradores de emprego de maior dimensão no curto prazo numa escala quase universal. Embora ninguém espere do mundo um desenvolvimento uniforme, tudo aponta para profundas assimetrias entre os países e sombras negras dentro dos países, a «inteligência» artificial vai-se assenhoreando das economias e das vidas de cada um.
Pavilhão Atlântico em Lisboa
O secretário de Estado João Vasconcelos bem que me ajudou em partes específicas da até agora mais populosa reunião internacional em Portugal. Deve ufanar-se pelo sucesso da Cimeira Web – mais de 50000 participantes de 170 dos 206 países e regiões do mundo) e uns milhares acrescentados de jornalistas estrangeiros.
O primeiro ministro António Costa abriu oficialmente a Web Summit
Vinha já ganhando substancial relevância o seu papel na multiplicação de incubadoras de empresas por todo o país, as Startups, fundamentais na progressão das microtecnologias neste Portugal. É um verdadeiro murro no estômago da gestão pequenina e medrosa, como quem rateia no papel higiénico, porquanto apela ao capital de risco e à ousadia do fazer. Um processo que tem o seu ponto alto na Web Summit ora em Lisboa.
É por demais importante o desenvolvimento tecnológico suscetível de gerar trabalho e capital, sem o ónus da morte súbita ou violenta para empregos tornados insustentáveis, mas onde existem milhões de vidas no planeta, e com o propósito de criar países mais saudáveis, com uma qualidade de vida otimizada.

Claro, a economia não pode crescer sobre o miserabilismo dos cidadãos menos abonados. Há que normalizar-lhe o ritmo. Mas é importante que cresça. Seguramente, esta Cimeira Web pode ser um dos estímulos para tal, suscitando o empenho e o arrojo na capitalização, inovação e modernização tecnológica. 
Henrique Pinto
7 de Novembro 2016
Volvo Ocean Race na Lisboa cosmopolita

sábado, 5 de novembro de 2016

PROCURA E ENCONTRARÁS

Tom Hanks
Há dias, semanas, meses ou anos vividos numa voragem, na insaciabilidade de Cronos. Isabel II chamou de annus horribilis o ano do divórcio dos seus filhos. Outras pessoas encontram tal estigma no ciclo das doenças intermináveis, mesmo se curáveis, nos desgostos de amor, na depressão. Todavia, não se olhe o turbilhão tão só pelo decurso negativo. O amor - pelos filhos, pelos cônjuges, por namorados ou namoradas, pela terra, o trabalho ou a pátria -, pode ter o mesmo ritmo gravitacional. Tem é um sabor diferente, igualmente fascinante.
Nos últimos dias uma série de coincidências em cadeia levou-me ao encontro improvável do esotérico e da espiritualidade. Não me esquivo. Fascina-me, inebria-me e quase me colhe. Mas o meu mundo não é deste reino. Fosse porque a Helena Madeira, diz-se alquimista, apresentou o seu livro de poesia focada no universo alquímico e seus mistérios, nos estudos herméticos, onde se fala das mil histórias de pessoas famosas na transmutação dos metais, cada uma na procura do seu Graal, da felicidade espiritual, através da meditação. E citou-me Flamel e a Pedra Filosofal, Paracelso, grão mestre templário, combatente dos princípios obscuros da medicina do seu tempo, Roger Bacon, filósofo, e o seu livro escrito no cárcere Tesouro Alquímico sobre os princípios da alquimia, Nostradamus, Newton e Cagliostro, alquimistas famosos.
Procura e encontrarás, de Jesús
Fosse porque o Facebook repassou sei lá quantas vezes o Monte de San Michel e as suas raízes esotéricas, firmadas nos mistérios templários, chegados até D. Diniz, fundador e grão mestre da Ordem de Cristo. 
E por este rio acima continuaram os acasos, quais conversas como as das paixões, por Delfos, de cujo oráculo se avista Corinto e o mar das oliveiras, estendido até ao mar, por Santiago de Compostela e quejandos lugares, belos e supostamente mágicos. Vários autores fixaram-se nas pirâmides do Egipto, na forma como as construíram, nas histórias ocultas dos faraós, na indestrutibilidade dos símbolos, os enigmas neles contidos, a sua extrapolação para a vida dos homens.
Alquimia
Agustina Bessa Luís, citada por Lemos da Costa, é muito assertiva e positiva a propósito da simbologia:
«O símbolo tornava inteligível a lógica do conjunto e o símbolo perdeu os seus efeitos, definitivamente. 
Mas existe, e existirá sempre, uma co-determinação comum; e portanto um projecto de linguagem que escapa às garantias da razão. O homem transcende o símbolo porque o símbolo era só um meio de pensar o mundo efectivo.  Assistimos, na actualidade, ao arrasar de todos os símbolos – da família, da moral, da pátria e do deus de santuário».
E eis meus meninos a levarem-me a ver Inferno, o último filme de Ron Howard, inspirado no livro Deuses e Demónios de Don Brown, uma peregrinação vertiginosa pelas profundezas ou na exuberância estética das faces visíveis, das cidades de Veneza, Florença e Istambul, três das minhas cidades favoritas Todo o simbólico do Inferno de Alessandro de Botticelli, por muitos autores considerado a ilustração do Inferno de Dante Alighieri (primeira parte da Divina Comédia), confunde-se com os dons da cura de males físicos (ou do juízo), segredos inscritos em lápides mortuárias, quadros e subterrâneos das catedrais e palácios daquelas cidades.
Alguém como eu, com as suas crenças moderadas, e uma inclinação científica para a progressiva materialidade do espírito, não deixa mesmo assim de se impressionar com esta vertigem mítica e mística de perscrutar o nunca visto e sempre procurado. Procura e encontrarás, escreveu Botticelli na sua pintura, acme deste filme. «Pede, e ser-te-á dado; Procura, e encontrarás; Bate, e abrir-se-á a porta para ti», prédica atribuída por Mateus a Jesus.
Henrique Pinto

05 de Novembro 2016
Quadro O Inferno, de Botticelli

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

SATISFAÇÃO PLENÍSSIMA

Leiria
Tenho a certeza de ter salvo muita gente da morte anunciada ou da pobreza prepotente. O que me dá confiança e persistência. As obras que construí por aí durarão seguramente pelo seu valor intrínseco.
Na próxima semana palestrarei no Rotary Club em Aveiro. Transmitir o que se sabe para melhor ajudar a prática da solidariedade e do bem servir é algo que me empolga. Por isso faço anualmente 50-60 destes encontros, a convite dos companheiros Rotários responsáveis.
A reunião semanal do meu clube, o Rotary Club de Leiria, teve um motivo de atração especial.
Quando fui presidente do clube, antes de me ter habilitado a Governador de Rotary International, criei a instituição de solidariedade (depois IPSS), para a qual encontrei o nome feliz de Vida Plena. Consegui o apoio do Estado em 250 000 € e a cooperação de várias instituições regionais, de par com a autarquia). Depois os companheiros ajudaram a levantar a Obra.
Realizou-se assim a Assembleia Geral da IPSS, com os sócios (maioritariamente rotários), e as representações da Câmara Municipal e do Agrupamento de Freguesias de Leiria.  E, como foi reconhecido pelo presidente Victor Cordeiro, tal imbuiu-me dum silencioso orgulho
Esta IPSS foi criada na firme atenção de servir as crianças em maior risco e menor proteção. Na Carta de Intenções que escrevi em 1998 o objetivo era mais amplo, incluindo, por exemplo, desde a melhoria ambiental da família ao pleno emprego de ao menos um dos pais. Todavia, alguns dos parceiros queriam ver resultados mais rápidos. Perdeu-se assim parte do propósito do começo em favor da eficácia. Mas estamos felizes pelos resultados.
É um infantário fantástico que fecha apenas 8 dias por ano (à volta, entidades com preços superiores e iguais condições do Estado, chegam a encerrar 6 semanas por ano), recebe as crianças menos favorecidas (e também de estratos sociais mais possidentes, que procuram qualidade ao melhor preço, mas onde só o staff sabe quem são as crianças, desfavorecidas ou não), e pratica os preços mais baixos do mercado. Tem uma equipa notável e parca e instalações de imensa beleza e bem estar.
Enfim, Rotary, sobretudo pelo mundo onde cheguei e me proporcionaram intervir, a Saúde, exatamente com semelhante extensão física, terrena, o Orfeão de Leiria, os seus conservatórios, as geminações da cidade pelo mundo, os Festivais de Música, Vida Plena, em tudo o que me esforcei por fazer bem, e muitas das pessoas boas de Leiria, constituem assim boa parte da minha Satisfação Plena.
H Pinto
Outubro 16
Inauguração do Edifício Escola do Orfeão de Leiria pelo senhor Presidente da República Jorge Sampaio


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

DR. ADALBERTO, ACUDA-NOS!

Napoleão Bonaparte
Tem havido sempre um inacreditável temor das autoridades portuguesas quando se trata de bulir com o interesse egoísta de atores empresariais estrangeiros. Mesmo se estes forem meros franchisados, tipo Uber  (dos táxis) ou Holon (farmácias e dietas). 
O autor Henrique Pinto
O escândalo a emergir da assistência social inglesa, envolvendo a retirada de filhos aos pais, com supostas ligações a redes internacionais perversas de crianças para adoção – tanto ou mais abjeto que a sonegação oficial de cinco crianças a uma mãe, recentemente ocorrida em Cascais -, arrastou até declarações poucos dignas dum boçal governante para a emigração.
A Saúde elegante das meninas, Lu e Cylene
No último mês os escaparates e montras de centenas de farmácias, alguns murais, rádios e televisões, revestiram-se de publicidade das multinacionais das dietas, acientífica e danosa para a saúde dos portugueses. Seja o perca x quilos em y semanas, ou o carater grátis ou sem comprimidos das dietas, a tornear o princípio correto dos Cinco Erros das Dietas da Moda – o ganhe Saúde, atinja o seu peso ideal ao seu ritmo, sem sentir fome, sem fazer sacrifícios, só com a sua comida. Contraria-se a aprendizagem da gestão do peso para a vida por parte do consumidor! É mais importante vender pilulas ou refeições pré-embaladas para uma vida ou até o utilizador desistir, mais gordo e sem confiança em ninguém.
Pico, vista da Igreja de São Roque
Desconheço qualquer regulação destas empresas na nossa organização jurídica, por parte da Saúde ou da Agricultura. E tinha francas esperanças de o nosso ministro Adalberto Adalberto Campos Fernandes, por ser bom na sua Obra, pudesse pôr alguma ordem neste setor. Mesmo se começando por fazer uma boa dose de pedagogia da informação académica suscetível de contrariar estas novas invasões (tão napoleónicas quanto as de Bonaparte) da nossa Saúde.

Hpinto, Outubro 2016
Imagens Health, com a devida vénia

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

MENINA ESTÁS À JANELA...

Henrique Pinto com Raúl Castro
Vejo com muito agrado – de par com o anúncio de cedência da Vila Portela à autarquia, para as Artes, ao dito por aí-, de alguém na Câmara de Leiria falar de Leiria Capital Europeia da Cultura. Ótimo, trabalhem isso!
Henrique Pinto com Vitor Lourenço e Professor Pina
Sempre tive apoio dentro da Câmara de Leiria, sendo eu presidente de instituição para a cultura (mesmo quando o senhor Eng. Proença me dizia para fazer coisas mais corriqueiras na cultura ou nas alturas onde me «torpedeava» por eu não rubricar, nas minhas funções, documentos ratificadores de ações inimigas da sanidade pública. As presidências de Isabel Damasceno e Raúl de Castro foram, no entanto, dum apoio mais volumoso e muito importante.
...com Miguel Sobral Cid
Claro que tal iniciativa cresce quando Leiria está culturalmente um tanto na penumbra. Tem hoje mais relevo como promotor o responsável por Entremuralhas, uma excelente iniciativa, mais generalista e com limitação sazonal. Porquanto o grosso das iniciativas da autarquia «tidas como culturais» se situam num patamar mais populista. Sem que isso seja em si um fator negativo.
Teria tido um gosto muito grande se esse propósito tivesse aflorado quando eu presidia ao Orfeão de Leiria, então entidade quase máxima da cultura em Portugal, e a viver de boa saúde.
Edifício novo do Orfeão de Leiria, levei dez anos para lograr o seu financiamento
Mas talvez as pessoas não estivessem preparadas para tal. Recordo-me de uma pessoa não muito tarimbada – achava a prática do OL «uma loucura», um excesso - , hoje escriba de artigos sabotadores do que outros fizeram de bom, ter votado em sede de Comissão de Turismo contra uma proposta do presidente desta instituição, que eu subscrevia (não me alongo agora sobre as razões), para se classificar a cidade  de Leiria como Capital da Música, que o era de fato. Há quem seja incapaz de compreender a importância de se criarem dinâmicas impulsionadoras onde o Movimento é boa parte da Obra.
...com Carlos de Pontes Leça
De certa forma outros fizeram o mesmo às imensas propostas resultantes de estudos sérios, formuladas por Rui Filinto Stoffel, enquanto este presidia ao NERLEI. E que pena sinto hoje pelos entraves que lhe criaram a propósito. Provavelmente Leiria já teria esse galardão, dado que é importante fazer um sem número de promessas e depois cumpri-las.
Por isso subscrevo os desejos dos que pensam em Capital Europeia. Tal poderá corresponder a um impulso oficial e das estruturas da comunidade para se fazer mais e melhor. Porque isso também exige mais pessoas ágeis, competentes de fato.

Hpinto, Outubro 2016
 
Henrique Pinto em Milão, La Scala

terça-feira, 4 de outubro de 2016

FUGIR AO RADICALISMO

Como encarar esta efeméride do Dia do Animal?
Pensando em duas ou três ideias básicas e juntando-as com honestidade e desprendimento.
O Homem é um animal carnívoro. Come carne e peixe. Mas também come plantas e frutos para equilíbrio do seu metabolismo ou como única opção. É o seu determinismo como espécie. E cada espécie tem o seu.
Existem, e muito bem, movimentos de defesa dos animais. O PAN português nem tem sido muito ortodoxo. Aparecem agora os grupos institucionalizados de defesa das plantas.
Se não houver algum bom senso para fugir ao radicalismo de qualquer destas forças de opinião estaremos a conjeturar para pôr em causa a vida na terra e a vilipendiar as amibas, nossas antepassadas distantes.
Há um campo enorme para a defesa do direito animal, o de ter uma vida condigna no seu habitat, com alimentos e sem maus tratos, e o respeito do Homem. A caça moderada e organizada com base na Lei tem um efeito substantivo na preservação das espécies e na proteção das culturas. Do mesmo modo, e ao invés, as quotas de pesca levam ao equilíbrio da fauna e à preservação dos habitats.
Quem exaurir os solos com colheitas repetidas ou fizer cortes de árvores e plantas de menor porte, com caráter avulso – e, no entanto, tem sido esse o procedimento mais frequente, tolerado oficialmente, com sobreiros, azinheiras, etc. para fins de dúbio interesse -, está, obviamente, a agir danosamente sobre o planeta Terra e a sua atmosfera. O direito de todos nós à qualidade de vida e ao da paisagem e da estética também cabe nesta rubrica.
As associações para proteção de ambas as extensões da vida têm feito um bom trabalho, em geral.
E há bons exemplos por aí. O Cirque du Soleil, porventura o maior do mundo, não tem animais. Todavia, compete à educação das nossas crianças e adultos fazerem deste item sua área de trabalho. É algo a fazer parte do ADN dos nossos concidadãos e das diversas políticas públicas, da agricultura às forças da Lei, bem como dos Anais da cidadania.
Hpinto no Dia do Animal

Outubro 2016
Fotos: imagens da digressão em curso do Cirque du Soleil

DIA DA NÃO VIOLÊNCIA, O ZÉ E A LEI

O dia consagrado à não violência hoje celebrado, por justaposição a uma efeméride de Gandhi, corre o risco de banalização. E não é apenas pela questão da Síria e dos refugiados de guerra, as mortes no Mediterrâneo, os eritreus nos campos da Etiópia ou os palestinianos no Líbano, pelas declarações de Trump ou de Erdogan e o resultado do referendo húngaro. Tampouco o é pelo oportunismo de Juncker e de Georgieva, ou o putativo corte dos Fundos Comunitários a Portugal e Espanha. A tudo isto já nos habituámos a reagir com alguma indiferença, infelizmente.
Estou a pensar, isso sim, na violência das relações interpessoais, mesmo da dos cidadãos anónimos entre si, no abandono dos velhos ou no desrespeito para com eles, na falta de decoro para com professores, médicos, doentes e juízes, sobretudo. Mas também nos modos de superioridade arrogante de classes profissionais sobre os contribuintes ou os depositantes nos bancos, dos condutores entre si e para quem anda nas ruas e de muitos destes para com os condutores. Atravessa-se a rua sem olhar, telemóvel nas orelhas, conversando ou namorando, ás vezes invetivando. Há também o caráter ferino no discurso partidário que espalha a desconfiança, que ataca quem manda ou apenas discorda. Nem a polícia nem as autarquias têm grande legitimidade, em geral, para multarem avulsa e discriminatoriamente em cidades onde rareia o estacionamento perto de lojas, bancos e serviços públicos, hospitais ou clínicas até. E, no entanto, exerce-se esse poder autoritário sobre os pagantes de impostos, mesmo se com notórias fragilidades. A lei que determina quem é deficiente é discriminatória, contempla tão só a dificuldade motora, com toda a justiça, e não a sensorial (população muito superior à anterior), mesmo se para situações problemáticas.

Felizmente não é assim em boa parte do mundo.
Hpinto, Outubro 2016



A FELICIDADE DE HAVER TANTOS IDOSOS

Tal como mais de dois milhões de portugueses já entrei no patamar dos Anos Dourados. Se atentarmos que em três décadas superámos o dobrar do total nesta população, e, num país de dez milhões de almas existirem mais de 600 000 no andar acima dos oitenta anos, devemos dar-nos por felizes. É um grande avanço societário e da Humanidade. Ao contrário, obviamente, do propalado por quem usa o economês como o gaz Sarin do holocausto, para nos espetar olhos dentro o já termos duas crianças por sénior.
Tal envelhecimento, mor dos casos pobre ou à beira disso (as pensões subiram 3 Euros em 40 anos), é sobretudo uma vitória da qualidade de vida adquirida e em boa parte do Serviço Nacional de Saúde e das políticas sociais, malgré tout.
As pessoas não muito curtidas pelo sol e pela dor têm hoje aspeto de menos dez anos relativamente a duas décadas atrás. O relacionamento intergeracional e alguns «segredos» da medicina, para além do acesso à cultura e ao viajar, fizeram diminuir francamente o espetro de problemas da saúde mental e sexual, fazendo destas idades um oásis de felicidade antes não logrado.
Quem nos últimos anos defendeu o empobrecimento da população em favor do agigantar das grandes empresas e magnatas, como putativos líderes das sociedades, não pode agora aparecer (é preciso ser contra qualquer coisa, é a lógica desta gente), com programas maximalistas (como tal são todos duma estupidez cientifica impressionante, sempre), para «enriquecer» os «pobres idosos».
E quem detém o mando deve procurar mudar o quadro da pobreza deste escalão etário, condenado a morrer em lares, sentadinho, inerte física e inteletualmente no sofá frente ao televisor.
Todavia, passado o ano enaltecedor do envelhecimento ativo, muita coisa melhorou. Razão de sobra para mais ser feito.
A «matança de idosos» dos meses frios, ocorre em todo o hemisfério norte. Mas em Portugal (por aqui morreram uns milhares de pessoas com mais idade nos meses frios em cada inverno, não é um fait divers, é um terrível exagero), encontra explicação na má qualidade das habitações, que, de par com o frio, na subnutrição (existe mesmo nas instituições tuteladas pela Segurança Social, onde, a vigilância da suposta animação e a comida também justificam um olhar organizado), alimentam-na. Creio piamente, se reforçada a atenção do Estado neste setor (os melhores programas de controlo encontram-se legislados nos EUA há décadas), talvez existissem menos lares oficiais por baixar o volume do mau serviço. Sem nada ter contra a riqueza, julgo impossível chegar a rico quem não fizer trafulhice neste campo. Até a aplicação no terreno da vacina contra a gripe deveria ser exaustiva e monitorizada. Mas não o é. Apostemos pois nos nossos velhos!

Hpinto, Dia do Idoso, 2016

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

CINCO ERROS DAS DIETAS DA MODA

Balança de Bioimpedância
1 – Perder peso muito rapidamente
Torna-se uma desvantagem clara. Os deficits de energia superiores a 1000 kcal por dia conduzem a perda excessiva da massa magra (músculos), tornando-se difícil para o indivíduo providenciar na dieta os nutrientes essenciais. É um regime alimentar desnecessariamente desagradável
Nestes casos terá de haver um ajustamento de longa duração na dieta, quando o peso programado for atingido, para ser possível sustentar agradavelmente a sua manutenção.
2 – Utilizar medicamentos e suplementos alimentares
Não existe qualquer medicação segura e útil que seja efetiva na perda de peso.
Há efeitos secundários graves (diuréticos, tiroxina e outros medicamentos nunca poderão ser usados neste propósito), envolvendo hipertensão pulmonar ou perturbações das válvulas do coração. Podem induzir efeitos colaterais graves e desagradáveis perante certas comidas.

Na quase generalidade dos casos a alimentação saudável contém todos os nutrientes essenciais. É redundante todo o acréscimo em vitaminas, cálcio e tantos outros suplementos. A sua comida caseira pode ser suficiente para a dieta. Por outro lado, não ficou provado o efeito terapêutico de certos suplementos alimentares para as situações em que muitas vezes são recomendados.
3 – Restrições alimentares severas
Dieta, palavra de origem grega, significava «modo de viver», nunca comer mal, o que desagrada e menos ainda comer abaixo das necessidades. São desaconselhadas quaisquer restrições alimentares severas. Praticamente todos os nutrientes devem ser utilizados na dieta, na dose certa. Regimes alimentares de carência apenas descontrolam o metabolismo, com todos os riscos inerentes.
4 – Passar fome
Dieta é vista em sentido popular como um regime desagradável e de privações. Nada mais errado. O indivíduo acompanhado na dieta racional deve sentir-se saciado com ela, o que não implica privações significativas.
5 – Exercícios físicos complexos
O exercício físico é essencial à Saúde. Determina a composição da perda de peso e é de grande importância na manutenção do peso no longo prazo.
Os exercícios físicos mais complexos, envolvendo maquinaria, podem gerar hábitos musculares dolorosos para a vida se não forem todos monitorizados por um especialista, dada a tendência natural para posturas impróprias. Ao invés, há exercícios simples que se podem fazer em casa ou ao ar livre, isentos de riscos musculares.
Dr. Henrique Pinto, Professor Doutor






NUTRIÇÃO CLÍNICA PRESSUPÕE CLÍNICA

Leonilde Marques em Sagres, 2003
Nutrição Clínica não é apenas o tratamento da obesidade, que é um processo inflamatório com alto grau de risco para situações clínicas graves. Esta é, aliás, uma atividade tanto mais importante quanto a publicidade enganosa, a auto prescrição e as más práticas lhe acentuam a severidade.
Nutrição Clínica é a área da nutrição pela qual são tratadas através da alimentação e vida saudável diversas doenças que acometem o ser humano. Em Nutrição Clínica atua-se também pela mesma forma, nutricional e terapêutica, ao prevenir o aparecimento doutras doenças e no controle de doenças crónicas.
O atendimento de Nutrição Clínica é realizado pelo profissional ao nível ambulatório ou hospitalar. Ao médico graduado em Nutrição Clínica, porque faz clínica, compete uma maior interação entre o processo nutricional e a avaliação e prescrição clínica.
São diversas as doenças que necessitam de acompanhamento nutricional rigoroso para evolução e melhoria do seu quadro clínico. Dentre elas podemos destacar: todos os graus de obesidade, intolerâncias ao glúten e à lactose, desnutrição, diabetes, hipercolesterolémia e hipertrigliceridémia, fenilcetonúria, cirrose hepática, várias doenças reumáticas, gota, insuficiência renal aguda e crónica, hipertensão arterial, cardiopatias e obstipação crónica, anorexia nervosa e bulimia, neoplasias, entre outras. Também os grandes traumas como queimaduras e cirurgias precisam de atenção nutricional, uma vez que, estes doentes correm o grande risco de apresentarem desnutrição.
No atendimento em Nutrição Clínica o cliente/paciente é examinado individualmente, sendo observada a sua situação fisiopatológica, história clínica pregressa, atual e familiar, estado nutricional, físico e bioquímico (análises quando necessário), podendo assim ser formulado o diagnóstico nutricional e instituídas conduta e terapêutica de raiz nutricional. O atendimento ambulatório em Nutrição Clínica visa ainda o controle de peso e o aconselhamento e educação nutricional e estilos de vida saudável, para indivíduos sadios ou doentes. A dietoterapia (tratamento através dos alimentos) é a ferramenta mor usada para a recuperação dos clientes/enfermos. Para cada doença existe uma prescrição de dietoterapia específica, cabendo ao profissional em Nutrição Clínica fazer a seleção dos alimentos que comporão a prescrição.
Dr. Henrique Pinto, Professor Doutor
Henrique Pinto com Leonardo Chavanne (Moçambique) no CDC em Atlanta, 2004



sexta-feira, 12 de agosto de 2016

OS BOMBEIROS DESPREZAM A CIÊNCIA!

Jaime Marta Soares
Mesmo em plena desgraça podem afluir instantes de grande elevação a todos os níveis, de ternura, afeto, solidariedade, beleza, descoberta, conhecimento. Neste campo de exceção incluo entrevistas com investigadores, nem todos académicos, alguns até dos corpos de polícia, com estudos brilhantes, doutoramentos, centrados em torno do fogo florestal e urbano que ora apareceram nas pantalhas televisivas.
Nenhuma prática pode excluir protagonistas, designadamente quem a estuda. Nem se devem ignorar, e menos ainda menosprezar, os aspetos científicos dum dado fenómeno, ou comportamentos, de forma tão redutora como a que ora afeta o domínio dos fogos em exclusivo a bombeiros e proteção civil (PC).
Ministra Constança Urbano de Sousa
A comunicação social e oficial continua a referir-se a área ardida como a floresta «não tratada», quando a fatia maior que vem ardendo, desde há muitos anos, é exatamente mato. Mato que se torna tanto mais perigoso quanto mais chove na primavera e inverno. Só depois vem o calor.
Conheço Jaime Marta Soares (JMS) desde que a minha geração de médicos colocou um profissional de saúde em cada canto do país. Não, não foram os políticos a tal fazer, isso deveu-se às Comissões de Médicos em termos regionais e nacionais pós Abril de 74. O resto veio por arrasto. Infelizmente nunca ouvi nenhum dos supostos pais do SNS a tratarem deste assunto com merecida justiça. Fui para Vila Nova de Poiares onde este autarca debutava como presidente. Interagia-se com a Câmara Municipal numa base diária a rogar ajuda para o melhor encaminhamento de problemas sociais. E o homem, praticamente da nossa idade, nunca se fez rogado.
Ora, interagindo com um professor universitário (orientador de estudos sobre o tema há cerca de 40 anos e detentor duma fabulosa base de dados sobre 45000 incêndios em Portugal), JMS não se coibiu de denegrir o papel da ciência na matéria contrapondo a isso, efetivamente, os bombeiros e a PC (de cujo valor não se pode duvidar muito).
Henrique Pinto
Está errado meu caro presidente. Isto não é a Assembleia Geral de nenhum clube onde o senhor pode pôr fora os sócios que entender, como o tem feito.
Os bombeiros no terreno são os heróis. As suas cúpulas nacionais, tal como as da PC, com exceções honrosas, não duvido, têm sido o que se sabe. Boa parte dos ministros da Administração Interna e alguns secretários de Estado caiu por sua causa. Quinhentas sombras escondem práticas de todo criticáveis.
Assisti a cenas por parte de responsáveis distritais da PC semelhantes à de JMS agora na TV e a piores ainda.
À ministra Constança Urbano de Sousa rogo que comece a mandar estudar estes assuntos, com prazos curtos, já a partir da próxima semana, e dê pouco crédito à filosofia vigente nesses aparelhos. Por amor a Deus não esqueça o papel da ciência na matéria, como é costume em Portugal, onde o grosso das decisões políticas continua a não ter suporte científico. Saiba V. Exa que sei do que falo!

Henrique Pinto
Agosto 2016
Henrique Pinto

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

MUITO EM BREVE UM NOVO LIVRO MEU

O meu último livro
- Vais lançar um novo livro em breve? Não me digas que queres ajustar contas com alguns sacanas? Deixa lá, detratores, mentirosos, aproveitadores e incompetentes encontram-se por todo o lado. Quanto mais capaz um indivíduo é ou é o que melhor serviu, com risco, competência, dedicação e sucesso, muito sucesso individual e nos feitos cometidos, mais inimigos ganha. E sobretudo tu, ou te amam ou te odeiam, mais pelo que fazes do que por quem és. E acontece sobretudo por parte de quem só consegue sobressair pondo-se nos teus ombros, minimizando-te. Mas há outros tantos iguais ou piores que esses, são os teus amigos que passaram a dar ouvidos ao veneno de tais baratas.
Antonieta Brito e Ana Quintães
- Meu caro professor, já sabe de que se trata, será o seu apresentador público, as nossas universidades promovem-no, sabe o que foi o meu sofrimento físico nos últimos seis anos. Não o vou revelar publicamente por enquanto. Mas sim, trata-se dum Ensaio, na sequência do livro anterior, e que, como tal tem protagonistas. Estou muito contente por tê-lo escrito e talvez não me fique por aqui. Mas como sabe, porque a tal se propôs, terá duas traduções, espanhol e inglês, e querem-no no Brasil. 
Rio de Janeiro
Terei muito trabalho pela frente… Apesar das dificuldades apenas por alguns conhecidas, sabe-o, trabalhei muito em condições adversas. Sinto-me agora muito enrijecido e tarimbado pelas vitórias pessoais logradas. Estou numa fase de mudança de vida acentuada, tenho novamente planos a entusiasmarem-me e talvez lhe venha a fazer uma grande surpresa em breve. O amor tem destas coisas, move montanhas. 
Andreia e pai, corrida da APAV
Claro que vou continuar por Leiria, terra que me adotou e onde fui muito respeitado desde que aqui cheguei há 40 anos. Mas andarei mais entre Leiria, Lisboa (tanta iniciativa cultural...), Cascais e Sesimbra (vilas dum cosmopolitismo novo) e Pico, as minhas terras. Talvez passe mais tempo na América do Sul e nos EUA. As minhas consultas médicas, interrompidas a contragosto, aí estão a ganhar mercado num contexto difícil. Tenho convites para cooperar noutras áreas que não o apoio na Doença de Alzheimer. Estou entre as 100 pessoas no mundo que mais fizeram pela erradicação da poliomielite, de acordo com uma obra ora lançada no Canadá (que é sequela doutra onde já se falava disto). 
Henrique Pinto com o amigo Presidente de Rotary International, Carl- Wilhelm Stenhammer em Lisboa, na véspera da Cimeira Europa/África
Vai ser um período muito interessante o que imediatamente se seguirá à declaração de Mundo Livre da Pólio, vamos relançar a Candidatura Nobel, e por aí adiante…. Abandonei de todo o Rotary Distrital, a vida não deu para tal, mas aí estou de novo. E espero que se vendam muitos livros e que os meus amigos me visitem nos lançamentos país fora, folgo ter muitos clientes a procurarem-me nesta profissão medicina paixão. Como diria Clint Eastwood, os sacanas que se danem provando do seu deletério elixir.
Henrique Pinto

Agosto 2016
Montreal World Convention

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O ATRASO

Adalberto Campos Fernandes
Roubada a casa ponham-se trancas à porta! Este será o sentido de muitas opiniões ouvidas nos media, umas demagógicas outras com seriedade. Ouvi o relato na primeira pessoa de dois doutorados sobre Fogo posto e fiquei muito impressionado. A sabedoria a bem de todos é um bem a preservar a todo o custo. Todavia, a manha e a mentira para manter ou voltar ao poder, não deixando de augurar catástrofes a todas as decisões do opositor, é um péssimo e mau exemplo em que o país jamais deveria voltar a incorrer.

Todavia, este quadro mental explica o atraso significativo com que continuamos a deparar no país.
Fogo, matas, incendiários, leis duras, falta de meios, desolação eis os termos que encorpam o discurso do presente.
Devíamos antes falar de discursos do discurso e de atrasos do atraso. Pois se mudarmos de matéria, talvez com exceção do Euro futebolístico (e mesmo assim…), arriscamos encontrar um espetro semelhante.
Já o meu professor de Química Fisiológica, meu conterrâneo Gomes da Costa, gostava de usar a expressão «açúcar, o carvão animal». E diziam que era maluco. O professor Gonçalves Ferreira, o pai da Nutrição Clínica em Portugal, usava a mesma expressão. O Ciclo de Krebs, paradigma da bioquímica, atesta à exuberância o papel dos Hidratos de Carbono (HC) como o motor do nosso corpo. Ora tal representação do metabolismo não sofreu qualquer modificação quanto a tal asserção por parte de qualquer investigador qualificado no planeta.
O mais frequente é ver quem recomende a abolição total dos HC como nutrientes. Isto é um frequentíssimo e redondo disparate.
Nos tempos mais próximos ganhou foros de grande negócio a venda de produtos nutrientes confecionados com base nesta treta. A última suposta novidade a tal respeito está a invadir o país. Chama-se Dieta dos Três Passos (D3). Esta, além de restritiva em absoluto (à Tallon!), faz até gala num suposto paradigma, falso, o das gorduras como fornecedor de energia de eleição para o organismo humano. Não existe coisa alguma no mundo de provável suporte científico duma tal asserção. Ah, claro, aquelas coisas que lemos na Internet! E as oportunidades de negócio.
Tomei conhecimento de haver por aí quem se intitule fazer Nutrição Clínica, a 7 Euros por consulta, imagine-se, e desviar a consulta para aquela D3 e a consequente venda dos produtos inerentes? É um pouco o sucedido com Herbalife, dos negócios mais chorudos do mundo, entre outros do género. Como é possível haver a desfaçatez de trabalhar com base em pressupostos tão diametralmente opostos? E em boa dose são pessoas licenciadas por Escolas superiores em Portugal.
Meus queridos amigos Diretor Geral da Saúde Francisco George, Subdiretora Geral Graça Freitas, e Ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes, estou cansado de falar sobre isto e até me tenho coibido de o fazer. Mas se queremos os portugueses saudáveis temos de meter a mão nesta massa. O universo de embustes sobre Nutrição em Portugal quase supera o da orbita solar. Os prejuízos financeiros em tratamentos e medicação inútil devem andar de par com os dos fogos.
Que ganha o país com a improfícua exigência de recibo com número das finanças aos vendedores de Bolas de Berlim nas praias do Algarve? Alguém imagina o efeito do lobby hoteleiro sobre as autoridades? Quem acredita na eficácia para a receita fiscal das exigências burocráticas e persecutórias, por banda do aparelho oficial do turismo, sobre as nazarenas que alugam «chambres»? É nisto que ocupam tempo e saber.
Confesso, a desproporcionalidade de todas estas situações (incluindo Fogos, D3 e quejandas, sem esquecer os taxistas, os produtores de suínos, os colégios privados e os seus barões, proprietários e dirigentes associativos, os Migueis de Vasconcelos, etc.) deixa-me amargurado de todo.

Henrique Pinto

Graça Freitas

FELIZ CIRCUNSTÂNCIA

Sempre que precisei os meus colegas de profissão, os médicos, foram absolutamente magníficos.
Certo dia em San Diego, USA (já contei isto por aqui), uma minha amiga investigadora da Universidade da Califórnia do Sul, disse-me o seguinte: recebemos lá hoje um telegrama dum médico português com 56 páginas, todos rimos. Na altura ainda não era comum o telex. Por esses dias Aldoux Huxley por lá palestrara com muito sucesso. Quando me referiu o nome do professor Cunha Vaz respondi-lhe de pronto: riram, mas certamente por ignorância. De fato, neste momento, esse meu querido professor de oftalmologia é o dono da cadeira na Universidade de Chicago, atentem no telegrama e talvez a universidade de San Diego possa vir a ter um dos grandes mestres mundiais desta disciplina médico-cirúrgica.
Efetivamente o professor Cunha Vaz criou na Universidade de Coimbra em Portugal um dos centros mundiais de referência da oftalmologia. O meu condiscípulo em Coimbra, António Travassos (não gosta de ser tratado por professor), autor dessa proeza da medicina, qual Jesus perante Lázaro de hoje, é um dos seus muitos alunos de eleição que continuam na cidade e no país a honrar o prestígio dessa escola e desse mestre no mundo.

Ao colega António Travassos e ao professor Rui Proença (e às suas equipas) devo a feliz circunstância de ainda andar neste mundo e vendo o que se passa. Obrigado, caríssimos.
Henrique Pinto

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O VALOR DE MERCADO DO PCP

Marcelo Rebelo de Sousa
O presidente da República agora eleito conseguiu este desiderato com o voto maioritário dos portugueses e a fortíssima convicção pessoal. E os portugueses envolvidos nesse propósito vão desde os independentes de todos os ângulos aos comunistas, bloquistas, socialistas e tutti quanti.
É, esperemos que sem sobressaltos, o presidente de todos.
Cantam vitória apenas os tolos. Havendo uma maioria sociológica de esquerda o voto circunstancial teria de vir de qualquer lado.
António Costa ficou bloqueado na recomendação de voto porquanto se intrometeu na sua estratégia e a meio do jogo a candidatura dum ilustre membro do seu partido. Por muito que estimemos as pessoas tal funcionou objetivamente como um fator de divisão num contexto já difícil, o do popularíssimo vencedor.
Caricatura de Manuel Alegre
De há dez anos até hoje os socialistas apareceram divididos em presidenciais. E há uma personagem comum aos três cenários, Manuel Alegre. Eram belos os seus poemas da resistência, é banal a sua prosa, e esse ar errático vem-lhe desde Argel. Os comunistas nunca lhe perdoarão. Talvez agora haja mais gente a não ilibá-lo.
Jerónimo de Sousa
A tirada de Jerónimo de Sousa sobre a jovem engraçadinha faz algum sentido. Na verdade o BE com uma nova direção, um elenco feminino de grande valia e performance, ultrapassou o score comunista tradicional.
Até Outubro 2014 o PCP era tido como dos últimos partidos comunistas de gema na Europa o maior de todos. Também os católicos portugueses se contavam até ao ano 2000 como 99% dos nacionais e os últimos Sínodos da Igreja dizem-nos agora não ultrapassar os 9% o total de praticantes.
O ascenso do neoliberalismo na Europa e o forte impacto nas classes média e trabalhadora das medidas económicas restritivas em Portugal, um caminho a que o próprio PCP garantiu acesso, seguramente por erro de cálculo, fez ruir os alicerces partidários. A social-democratização da esquerda tradicional contribuiu para a minimização comunista.
Daí a adesão à inteligentíssima estratégia de Costa, aos acordos quadripartidos. O não desarmar da CGTP, a tropa de choque do PCP, é apenas manobra desesperada para poder dizer «estou aqui». Doravante os reais valores do seu eleitorado quantificado estarão, seguramente, entre os de Outubro e os de Janeiro últimos.
Henrique Pinto

Janeiro 2016
Marisa Matias

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

DIÁLOGOS CIBERNÉTICOS AO PÔR DO SOL

Marisa Matias em O Observador, com a devida vénia
PEPETELA E MARISA
Alfredo Barroso: Na sua magnífica intervenção no comício do cinema São Jorge, a abarrotar, a candidata presidencial Marisa Matias lembrou o escritor angolano Pepetela, «que nos fala de um mundo dividido em homens e mulheres e depois há os calcinhas», que são os que «tremem sempre perante os poderes, que andam sempre aprumadinhos na sua farda, que obedecem a tudo, que gostam de tudo (…).
Henrique Pinto Para Marisa, «o topo do nosso país está cheio de 'calcinhas'», os mesmos que «têm a coluna treinada para vénias» ao FMI, à Comissão Europeia ou a Berlim. Nas palavras da candidata, «são os reis da política realista e os resultados dessa política são, realisticamente falando, a desgraça de Portugal». Marisa deu, a propósito, os exemplos do BANIF e do NOVO BANCO, «da enxurrada de dinheiro que por ali vai», e lembrou que essa «única solução» nunca foi uma solução, mas um «assalto». Para Marisa, «o topo do nosso país está cheio de 'calcinhas'», os mesmos que «têm a coluna treinada para vénias» ao FMI, à Comissão Europeia ou a Berlim. Nas palavras da candidata, «são os reis da política realista e os resultados dessa política são, realisticamente falando, a desgraça de Portugal». Marisa deu, a propósito, os exemplos do BANIF e do NOVO BANCO, «da enxurrada de dinheiro que por ali vai», e lembrou que essa «única solução» nunca foi uma solução, mas um «assalto». Para Marisa, «o topo do nosso país está cheio de 'calcinhas'», os mesmos que «têm a coluna treinada para vénias» ao FMI, à Comissão Europeia ou a Berlim. Nas palavras da candidata, «são os reis da política realista e os resultados dessa política são, realisticamente falando, a desgraça de Portugal». Marisa deu, a propósito, os exemplos do BANIF e do NOVO BANCO, «da enxurrada de dinheiro que por ali vai», e lembrou que essa «única solução» nunca foi uma solução, mas um «assalto».que aceitam tudo». Para Marisa, «o topo do nosso país está cheio de 'calcinhas'», os mesmos que «têm a coluna treinada para vénias» ao FMI, à Comissão Europeia ou a Berlim. Nas palavras da candidata, «são os reis da política realista e os resultados dessa política são, realisticamente falando, a desgraça de Portugal». Marisa deu, a propósito, os exemplos do BANIF e do NOVO BANCO, «da enxurrada de dinheiro que por ali vai», e lembrou que essa «única solução» nunca foi uma solução, mas um «assalto».: Para mim Pepetela era o máximo até à acusação nunca desmentida de ter sido um dos interrogadores de presos aquando da Revolta de Nito Alves. Marisa é um sopro de futuro radioso, não precisa de tais constructos literários. Gosto dela.
Procissão dos Mortos na Cidade do México, em Spectre (último filme de James Bond)
Alfredo Barroso : Henrique Pinto explique-me lá o que são «constructos literários»?!
Henrique Pinto : Com todo o gosto o faço em nome da minha elevada consideração pelo senhor e pela sua família. Estou certo que não está a brincar comigo. Sei que um verdugo pode escrever bela poesia. O carrasco da Bósnia era psiquiatra e poeta publicado. Também se pode passar o contrário, membros da Juventude Hitleriana subiram na Curia romana, e por ai adiante. A tolerância e a assunção da redenção não me chegam para pôr de lado a ideia que quem alegadamente fez o mal, foi agente de tortura, não pode escrever sentidamente o bem. Os escritos desta gente serão sempre construções sem sentimento, artefactos sem alma, representações sociais distorcidas, constructos (termo da sociologia tão do agrado de Boaventura Sousa Santos) ocos. Será sempre difícil ver neles a verdade. Não gosto de ver nomes de supostos verdugos ao peito de gente boa. Obrigado.
Alfredo Barroso : Obrigado pela explicação Henrique Pinto. Mas olhe que foi a minha amiga Marisa Matias, discípula de Boaventura Sousa Santos, que citou (e bem) o texto de Pepetela.
Henrique Pinto armado em Bing Crosby (Salgados, Leiria)
Henrique Pinto : Mais estranhei... caríssimo Alfredo Barroso. Mas ninguém pode saber tudo. E há coisas que até dói saber. Muito obrigado pela gentileza. Um abraço.
Confissão sobre desditas de paixão
Lady Mary: Olá…Espero que estejas bem… Com o devido respeito não me venham falar em amor porque salvo raras exceções é conversa. Tenho uma amiga que tinha uma relação assumida com um rapaz. Ficou grávida. Ele não lhe dá nem um cêntimo para as consultas…, ameaçou que lhe vai retirar o bebé quando nascer. Outra, que é 
A Roda, Natal de Cascais
Juíza perdeu o bebé porque o marido também juiz lhe deu uma sova. Um amigo foi abandonado pela mulher que lhe deixou os filhos. Outra amiga anda em litígio porque o ex- marido quer a filha por vingança. Outra o marido bate-lhe. Outra amiga o ex-namorado queria que ela tivesse um filho para herdar o património dele mas não queria casar com ela para ela não ter direito. Amor? (…)
Jess: Não será tão grave assim. Eu não ligo muito aos papéis. Mas se alguém insistir neles porque não?
Henrique Pinto
Janeiro 2016
In Facebook
Henrique Pinto, Paredão, Estoril, com Andreia Pinto