Foi de Santarém que partiu madrugada alta a mais importante coluna militar para entregar a democracia aos portugueses. Comandava-a um homem simples e sábio de nome Salgueiro Maia. Sempre recusou as prebendas, sinecuras e acenos de poder. Há sempre alguém à espreita e por vezes logrando o que outros recusam. Aconteceu com ele. Façamos com que não mais se repitam tais logros oportunistas.
Fernando Nobre estará no sábado, 5 de Junho, exactamente em Santarém. É um dos pontos de partida para restituir a esperança aos portugueses. Confiamos nele para tal empreendimento patriótico.
Manuel Alegre é uma pessoa comprometidíssima com a má política, mesmo se pouco mais fez que maldizer.
É um marialva na idade onde os estímulos pouco efeito surtem. Gosta de ir à caça e à pesca com carro e motorista de mordomia, ainda que com toda a legitimidade.
Já teve uma voz linda e foi poeta. A musa foi-se-lhe, o antifascismo e a guerra colonial também, e os versos - que saudade de O Canto e as Armas, histórias de Nambuangongo - arredondam-se, perdidos, cacofónicos.
É bem possível que tenha incomodado menos nos últimos meses à conta da promessa de apoio da direcção do partido. As campanhas são caras, é preciso dinheiro, e as assinaturas são um processo moroso.
Politicamente, Manuel Alegre apenas pode tocar os socialistas mais saudosos, os mais fiéis e os de carreira, incluindo os putativos futuros dirigentes, além de alguns bloquistas. Estes perderam a alegria e em quinze dias viram fugir-lhes 400000 votos.
A transversalidade social não se reconhecerá em Manuel Alegre. Retirar votos ao actual presidente da República (se se chegar a candidatar e tudo indica que sim) é uma miragem para ele.
A única pessoa a correr para Belém com credibilidade para tocar toda a sociedade portuguesa é Fernando Nobre.
Por temer o «perigo» Fernando Nobre para a candidatura de continuidade, Marcelo Rebelo de Sousa, cenarista inteligente – Balsemão diz respeitá-lo mas nunca esquecer o que sofreu com ele -, procurou denegri-lo a seco e sem piedade no seu último monólogo televisivo.
Henrique Pinto
Junho 2010
FOTOS: Fernando Nobre, Henrique Pinto e Mário Santos na Feira de Maio em Leiria; Manuel Alegre; Nambuangongo, Angola, 1962; as campanhas precisam dum mínimo de milhão e meio de Euros; Fernando Nobre na inauguração da Sede nacional, em Lisboa; Marcelo Rebelo de Sousa; Fernando Nobre e Henrique Pinto
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