Estive há pouco por duas vezes em Newark, hóspede, sempre, de amigos do peito como o António e a Isabel. Na sua mansão de Mountain Side alivio canseiras, cogito no devir, damos cor aos anos, rimos com a curiosidade de filhos e noras, observamos os pássaros.
Numa das ocasiões almoçámos em Elisabeth, entre dois voos, o Restaurante Olivença tinha a portugalidade irreversível de Jorge de Sena, o odor almiscarado da ilusão do que é vizinho, tal o
empate com a Costa do Marfim de Erickson e Tony, e o nervosismo encapotado da conferência ao outro dia no Canadá.
Noutra das vezes cirandámos pela Pensilvânia, o verde inebriante, escorrido por milhas, sedativo. E a evocação do mourejar de gerações lusas na Betlehem Steel. Palpámos uma vez mais o frenesim de
Nova Iorque a partir da rua 44,
O Fantasma da Ópera e
American Idiot, espectáculos
dejá vues, Times Square inigualável, um Ronaldo feliz a sair dos ecrãs, a Broadway a fervilhar e o circuito do Hudson e do East, do Harlem até à George Washington, ainda por experimentar.
Lanchámos naquele bar jovem à saída do Lincoln. Dali fotografei em tempos as Torres Gémeas, antes do fanatismo de todas as raízes e desta
remake do capitalismo mais selvagem que nunca, nos empurrarem umas décadas não sei em que sentido, como na série televisiva
Flashforward.
Os Europeus olharam de soslaio a erupção asiática, a nova ordem monetária que em nada inova, espalham-se como poeira de antraz os sinais de intolerância, da não inclusão social e da aversão à cultura como herdeira dos valores do espírito livre e solidário.
New Jersey foi e é o Estado Americano da esperança de futuro para gerações de portugueses. E ver Portugal dum outro ângulo, ainda que cena repetida, nunca deixou de ser-me esclarecedor. Por isso admiro a juventude que viaja mundo fora sequiosa da diferença, e a que evolui estudando em
universidades estrangeiras, não tanto pelo conhecimento mas pelo mérito reconhecido. Gosto do Gonçalo Cadilhe exaustivo, pedagogo entusiasmado.
Mas o
skyline de Manhattan afigura-se-me cada vez mais irrecusável, íman duma cultura jovem na multiplicidade estética e étnica, mesmo que sobranceiro, como se o humor elaborado de Woody Allen
há muito deixasse Greenwich Village e o Theater Row e o rosto feito máscara de Gertrude Stein na obra de Picasso, o Metropolitan Museum of Art, para serem manto salvífico, inspirador.
Henrique Pinto
Julho 2010
FOTOS:
Times Square 1, Nova Iorque;
Henrique Pinto e
António Oliveira na Pensilvânia; a Estátua da Liberdade vista do Hudson; a igreja em Mountain Side; uma fábrica de aços em
Betlehem;
Times Square 2; a
Ponte de Booklyn; monumento evocativo do 11 de Setembro em
Mountain Side, lugar onde residiam alguns dos muitos mortos;
Bronx; skyline de Nova Iorque a partir do Hudson; edifício das
Nações Unidas;
Ponte George Washington, entre Manhattan e Newark;
António e Isabel Oliveira; nos dois espaços maiores do skyline fica o
Ground Zero, local das Torres Gémeas;
Sem comentários:
Enviar um comentário