Gosto de viver depressa, em tensão, agenda cheia, com alegria e bom humor, realista nas apreciações, empenhado em que façamos e tenhamos melhor, optimista. Espero bem que por muitos mais anos.
Foi assim neste fim-de-semana como em muitos outros. Nem a entrevista com o governo, nos próximos dias, me tirou o sono, apesar dum ligeiro senão que encaro bem disposto.
Desde sempre fã do brilho intelectual de Pacheco Pereira – uma vez o editor cortou uma frase minha, apologética deste político, num jornal local, imagine-se! -, chocou-me a demagogia baixa duma alegoria sua no programa da SIC, o Quadratura do Círculo, que vi na sexta-feira 2 de Julho, seguramente costurada à medida do primeiro ministro. «Pessimismo é sinónimo de inteligência, optimismo significa voluntarismo», dizia ele.
Zita Seabra escreveu há anos, «o Partido comunista nunca quis aceitar o recrutamento de Pacheco por via da sua inteligência agudíssima».
Todavia, que seria feito dum país hipotético, depressivo e desesperado, governado por este intelectual amante da manobra do verbo? Deus sabe o que terá penado Mota Amaral, político sensato e por todos muito considerado, para resistir à pressão de Pacheco, no querer publicar escutas telefónicas. É uma obsessão que lhe vem de longe, quando, botas cardadas em pleno Verão e jaqueta militar, verde-azeitona, com o livro vermelho no bolso, visionava os amanhãs que cantam.
Henrique Pinto
Julho 2010
FOTOS: a velocidade e a voracidade dos dias;
Pacheco Pereira;
Álvaro Cunhal (na tropa em 1939) terá vetado Pacheco Pereira, temendo a sua enorme inteligência
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